Dragon Quest Treasures é um spin-off, derivado do 11° jogo numerado da franquia, que retrata uma aventura dos irmãos Erik e Mia em uma região repleta de tesouros a serem descobertos e colecionados. Produzido em colaboração entre a TOSE e a Square Enix, o game está chegando aos computadores de surpresa, recebendo uma conversão competente e funcional, mas que poderia ser melhor do que é.
Desenvolvimento: TOSE, Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 21 horas (campanha)/39 horas (100%)
Coletando, conversando e ajudando
Situado antes dos eventos do jogo principal, Dragon Quest Treasures é um RPG de ação que garante uma experiência longa, graças à disponibilidade de várias linhas de quests. Nas missões principais, os protagonistas embarcam em uma jornada em busca das sete pedras do dragão – um tesouro valioso e importantíssimo para os deuses que os acompanham no decorrer dessa jornada.
Além disso, o jogo oferece missões diárias, que exigem o cumprimento de alguma ação em específico durante o dia, e aventuras adicionais, nas quais os protagonistas podem realizar favores para os habitantes da região. O título apresenta um design simplista e linear, bastando apenas finalizar os objetivos que surgem na tela para progredir.
Dragon Quest Treasures possui o tradicional ritmo arrastado e longo de seu gênero, com extensas linhas de diálogo entre todos os personagens. Infelizmente, a Square Enix não providenciou uma localização brasileira, tornando necessário para compreender a narrativa o entendimento não só do inglês, mas também de diversas gírias regionais do idioma, pois elas são ditas constantemente pelo elenco do RPG.
Sem combate em turnos
Embora a franquia Dragon Quest seja conhecida por seu estilo de batalhas em turnos, esse spin-off foge dessa norma, optando pela adoção de mecânicas típicas de RPG de ação, como o combate em hack ‘n’ slash. Apesar de constante, as lutas são lentas e simplistas, visto que a equipe de desenvolvimento priorizou o polimento dos sistemas de exploração e caça de tesouros. No entanto, essas funcionalidades não são tão intuitivas, já que as dicas a respeito da localização dos bens mais confundem do que realmente ajudam.
O sistema de equipes utilizado é muito legal, apesar de ser preciso alternar entre um dos irmãos, já que não podemos tê-los juntos no time ao mesmo tempo. Os personagens principais contam com o auxílio de uma party formada pelos monstrinhos derrotados no decorrer da aventura. Além de colaborar nos confrontos, eles também ajudam a explorar as ilhas do continente, que podem ser livremente acessadas após algumas horas de jogatina.
É possível recrutar novos membros para a equipe ao derrotar inimigos e coletar materiais, que podem ser trocados por uma vaga no time. Porém, faltou um dinamismo nesse aspecto, porque não é permitido reorganizar a party no meio de uma expedição. É sempre necessário retornar à base e conversar com um NPC cuja função é justamente essa, o que acaba sendo contraprodutivo ao longo da jornada.
Conversão satisfatória
Produzido através da Unreal Engine, o jogo está chegando aos computadores em um estado técnico satisfatório. O port não sofre com os travamentos que têm sido comuns nos últimos lançamentos que utilizam essa engine, trazendo também um suporte completo para os controles de PlayStation e Xbox.
Com design de personagens assinado pelo lendário Akira Toriyama, Dragon Quest Treasures tem bons gráficos coloridos e estilizados – apesar de simplórios, dado que o título foi projetado com as limitações de um Switch em mente. A versão para PC não recebeu uma atualização gráfica além de texturas em uma resolução maior, e os mapas são prejudicados por uma distância de renderização baixa, que ocasiona pop-ins durante a exploração dos cenários.
Boa parte das cutscenes rodam nativamente, só que algumas delas foram pré-renderizadas em uma qualidade baixa, o que prejudica a apresentação em momentos-chave da campanha. Esses problemas não afetam completamente a experiência, mas denotam que os responsáveis não fizeram um bom trabalho na conversão de alguns fatores para uma plataforma que costuma ter especificações técnicas superiores ao Switch.
Preço caro
Apesar do ritmo maçante e um combate que não funciona tão bem quanto o tradicional modelo por turnos, Dragon Quest Treasures é até divertido. Contudo, o que é realmente decepcionante nele é o preço praticado pela Square na loja da Steam, pois o título foi lançado por mais de 200 reais, mesmo chegando aos computadores com meses de atraso. Por conta desse valor exorbitante e o jogo não valer o cobrado, o ideal é apenas aguardar uma oportunidade melhor para curtir essa agradável experiência.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong