Capa Elden Ring

Review Elden Ring (Xbox Series X) – Ridiculamente incrível

Um dos pontos altos da E3 de 2019, foi sem dúvida a colaboração entre dois nomes renomados em suas respectivas áreas. A contribuição entre o desenvolvedor Hidetaka Miyazaki, criador de Dark Souls e o famoso escritor de Game of Thrones George R. R. Martin, não pegou todos de surpresa, mas empolgou tanto os fãs dos jogos tipo Souls quanto também os aficionados por obras de fantasia no geral. 

Elden Ring fez as pessoas se perguntarem do que poderia sair desta mistura, e criarem teorias das mais variadas sobre como seria essa obra, trazendo um approach novo para os jogos Souls-like. A novíssima obra da FromSoftware traz uma experiência titânica e excepcional, num mundo aberto atmosférico, imenso e cheio de identidade. 

Desenvolvimento: FromSoftware
Distribuição: Bandai Namco
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação: 18 anos
Português: Legendas e interfaces
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: 43 horas (campanha)/83 horas (100%)

Atravesse a neblina 

Atravesse a neblina

Elden Ring, lançado para consoles da geração antiga e atual e PC, se apresenta igual a todos os Souls-like vindos antes dele, mostrando um universo rico e hostil, que possui um passado sombrio e uma atmosfera pesada. Nos é apresentado no começo de Elden Ring um vídeo belo mostrando toda uma história daquele mundo fantástico e escuro, esperando para ser desvendada.

Após essa introdução, já somos colocados de frente ao primeiro boss, e todos os nomes de pessoas e seres, eventos e lugares que são apresentados no vídeo de início, e fogem da nossa cabeça durante uma batalha feroz que nos dá um gostinho do que está por vir. E nos mostra logo de início que estamos mergulhando em algo único, refinado, corajoso e construído com sabedoria por artesãos que sabem como imergir o jogador em uma fantasia sombria plausível e coerente, com uma gameplay sólida. 

Existem dois enormes pilares grandes em Elden Ring: o primeiro está mais ancorada ao passado da FromSoftware, e é aquela que incorpora todas as mecânicas e situações que já estamos habituados, e se mostra cada vez que andamos a pé dentro de masmorras e castelos e que batalhamos um dos muitos chefes que povoam o mundo. O segundo pilar, majestoso, inovador e revolucionário, é o do mapa aberto, uma espécie de open-world que parece ter toneladas de coisas a nos contar e teve sua história e world building concebida por George R. R. Martin. Contudo, não é apenas o mundo aberto e o lore escrito pelo criador de Game of Thrones que faz Elden Ring ser essa obra apoteótica e incrivel.

As pelejas do Maculado 

Batalhas marcantes

Logo de cara, o game mostra que não tem a intenção de arremessar no lixo toda a experiência que a equipe de devs da FromSowtware ganhou ao longo dos anos em seus títulos como Sekiro e Bloodborne.

Trazendo as mecânicas dos outros títulos como Dark Souls, Elden Ring vem com upgrades, gestão de níveis e a forma peculiar – e alvo de críticas – de contar a história. De Sekiro é possível ver que o novo jogo recupera a mobilidade do personagem, golpes e ações mais precisas e sobretudo, um capricho acima do normal. 

Os sistemas de jogo são típicos do gênero. Nosso personagem, é escolhido a partir de uma série de classes iniciais que modificam os atributos com o qual iniciamos, e possui um inventário para equipar até três slots em cada mão, dois tipos de flechas, dois tipos de dardos e uma série de talismãs – que substituem os anéis de Dark Souls. 

Os itens que estão na sua bolsa são divididos em um enorme conjunto de diferentes tipos: os que dão dano elementar a armas, bombas, adagas de arremesso, itens para multiplayer e uma série de outras guloseimas que aprendemos a saber o que são ao longo da jogatina. 

Um criador de personagens repensado

A interface permite que, com o apertar de quatro ou cinco botões, possamos encontrar o que nos é necessário enquanto jogamos sem acessar o menu. O refinamento dos controles e a simplicidade para executarmos nossas ações, e a mobilidade oferecida ao personagem ajuda a mostrar o quão satisfatória é a gameplay.  A forma como os combos de ataque estão ligados, as animações, os tiros e as esquivas, e a presença do salto finalmente com seu próprio botão dedicado, favorecem a imersão. A experiência é simplesmente excelente, e facilmente comparável ao oferecido pelo GOTY 2020 Sekiro: Shadows Die Twice.

Podemos nos munir com a combinação que escolhermos, desde escudo à esquerda e espada à direita – até duas espadas -, varinhas para feitiços, passando por flechas, bestas, porretes, katanas e até punhos. Elden Ring é o produto do subgênero mais bem desenvolvido e polido nessa questão.

Serão necessárias dezenas de horas para testar as várias combinações e encontrar as melhores armas, mas Elden Ring sempre nos coloca na posição de ser letal. Também vemos os vários movimentos disponíveis como os habituais backstab e parries. É satisfatório e gostoso sentir e ver tais mecânicas, enquanto abatemos ou somos mortos em batalhas nas Terras Intermediárias. 

A magia nas terras desoladas 

Variedade em classes e armas

Nas Terras Intermediárias gerenciamos sortilégios de uma maneira muito parecida ao que vimos em Dark Souls III: investindo certo nas estatísticas podemos aumentar o número de PF, ou mana que são possuídos pelo personagem e lançar um número maior de feitiços. As ampolas, que substituem os frascos de Souls, podem ser geridas de forma a acumular uma reserva de vida e outras para os pontos de magia, mantendo o elemento estratégico já introduzido em DS III. 

Várias áreas de jogo são, sem dúvida, mais acessíveis explorando ataques à distância, e feitiços são muito mais eficazes que os arcos e similares. Embora o combate de curto alcance seja necessariamente menos atraente e menos refinado, não o devemos desprezar. As abordagens mágicas se fazem por vezes muito necessárias, já que Elden Ring é difícil e não deve ser subestimado.

Além do que já foi citado e das já conhecidas Weapon Arts de Dark Souks, temos um novo uso extremamente interessante dos PFs, utilizando um objeto que é obtido bem no início, podemos sumonar espíritos em algumas áreas especiais, principalmente perto dos chefes e em muitos pontos de interesse.

Esses espíritos, que podem ser fortalecidos uma vez que uma certa side quest é completada, se juntam à batalha e os mais poderosos na verdade custam um número considerável de pontos de magia, arriscando ser até inutilizáveis ​​certas classes que não investem no atributo da mente.  Com essa nova adição, lutar contra os chefes sozinho é  menos eficaz do que ao lado dos espirituais que distraem e causam dano ao oponente. 

As terras Intermediárias 

Bem vindo às Terras Intermediarias

Como dito antes, um dos pilares da nova obra de Hidetaka Miyazaki é o “mundo aberto”.  As Terras Intermediárias são uma área enorme, e pela primeira vez temos realmente todas as áreas, regiões, lugares disponíveis para exploração. A aventura de Elden Ring é épica, desproporcionalmente gigantesca e interconectada. Estaremos na companhia de Torrente, um cavalo chifrudo que podemos convocar ao longo da jornada, e que é um amigo de confiança, sempre pronto para nos tirar de problemas e acima de tudo para nos acompanhar em uma grande jornada. Também nos é dado um novo sistema de luta inteiramente dedicado a ele, e que oferece suas satisfações e é, de fato, essencial para enfrentar muitos dos confrontos em áreas abertas.

É nas costas de Torrente que iremos explorar o mundo, experimentando e vendo construções diferentes, visitando dungeons, descobrindo segredos e joias escondidas em quase todos os lugares.  Basta um elevador, uma estrada ou um penhasco: cada canto do mundo de Elden Ring pode esconder novos segredos, mas é sempre bom fazer isso de forma cautelosa para não perdermos nossas runas, que são aqui nossa moeda, e com elas subimos de nível e compramos itens nos NPCs. 

O que torna as Terras Intermediárias algo tão separado de um mundo aberto normal, é a própria natureza da aventura. Passagens secretas, objetos, inimigos, pedaços de história: cada elemento do jogo foi inserido com cuidado, conta algo ou oferece um desafio específico, passando pelas missões, pelos diálogos e pelas poucas – pouquíssimas – pistas que o jogo oferece para empurrar o enredo para frente. 

O desafio dos desenvolvedores em Elden Ring era recriar essa filosofia de design de jogos como Bloodborne e Sekiro, dentro de um mundo aberto sem perder o cuidado, os detalhes e a riqueza em cada centímetro.  E eles conseguiram fazer isso de uma maneira magistral. 

Explore junto a Torrente

O mundo aberto de Elden Ring não está ali para “encher linguiça”, não é opcional e não serve apenas para conectar as áreas, Pelo contrário, é exatamente o lugar da ação. Consistente, majestoso, plausível e rico, as Terras Intermediárias são como, em todas as grandes obras de fantasia, um personagem vivo,  onde se deve aproveitar ao máximo. Embora seja obviamente mais bem polido nas áreas cruciais à história principal, explorar é um prazer e não falta conteúdo.

Masmorras, planícies e montanhas são necessárias para obter feitiços, além de conhecer personagens e obter os materiais que são usados ​​para atualizar armas e se dedicar à fabricação de itens. Temos também a capacidade de produzir objetos como bombas, punhais e flechas com os materiais que encontramos pelo mundo. 

É preciso, contudo, aprender a fazer tais coisas em receitas que estão em livros e podem ser obtidas com comerciantes ou encontrados pelo vasto mundo. O título torna a fase de produção dos objetos confortável, funcional e, acima de tudo, rápida. O mesmo vale para upgrades de armas, que foram simplificados em comparação com as Almas e outros jogos da desenvolvedora, Até um ponto avançado do jogo, não é possível comprar Forging Stones de qualquer comerciante, por qualquer preço ou mesmo em quantidades limitadas. Isso força o jogador a explorar as minas e as Terras Intermediárias em busca das pedras de nível correto para continuar atualizando suas armas. Já com as pedras de amolar, podemos infundir mágicas ou Skill Arts nas armas. 

Elden Ring está constantemente induzindo o jogador a se mover pelo mundo, explorar, experimentar, pesquisar e encontrar de tudo naquele universo incrivelmente bem criado, com um espírito e uma atmosfera cheias de personalidade. O mundo aberto pode até não ser tão revolucionário, mas é, sem dúvidas, um grande diferencial na obra. 

As máculas 

Incrível e manchado.

O título assinado por Hidetaka Miyazaki e George Martin é incrível, mas não imaculado. Este mundo desproporcional e maravilhoso, aliado ao desejo de criar algo tão vasto, levou a FromSoftware a ter que reciclar coisas como inimigos, movesets e situações que lembrarão a todos de seus jogos anteriores, especialmente nas áreas secundárias.

A reciclagem também é vista na estrutura dos acampamentos espalhados pelo mundo e nos próprios inimigos que estão lá, mesmo nas áreas secretas mais particulares e interessantes. O problema não aparece em quase nenhuma das zonas mais importantes, mas assombra o resto do mundo aberto, e certamente não é a melhor coisa que vemos.

Pequenas falhas que sujam um pouco a aventura geral, e se juntam aos problemas usuais que a FromSoftware carrega há muito tempo, como taxa de quadros oscilante, a câmera que às vezes atrapalha deveras o jogador, etc. São pequenos defeitos que, de forma alguma conseguem estragar o jogo, que do ponto de vista técnico é melhor do que todas as obras anteriores da desenvolvedora nipônica.

Um Anel e dois gênios 

O universo das Terras Intermediárias é vasto, cheio de segredos e letal, mas consegue acompanhar o jogador em sua experiência. Ele requer atenção, vontade de experimentar e juntar os pontos para saber mais do mundo e da história. Aqui temos chefes e personagens por vezes marcantes, que se revezam morrendo um após o outro,, na mais ambiciosa e rica obra que a FromSoftware já concebeu. 

Apesar dos defeitos já citados, o jogo está destinado a se tornar um marco no mundo dos games. A variedade de inimigos, design de nível de qualidade muito alta, curva de aprendizado, sistema de combate renovado e trilha sonora colocam Elden Ring num patamar que poucos conseguiram, fazendo dele uma experiência verdadeiramente imperdível.

A obra de Martin e Miyazaki, gênios da dark fantasy, é sem dúvida um novo marco para os gênero RPG de ação, se baseando em pilares que deixam o título muito sólido, com uma lore interessante e direção de arte fabulosa. É fácil que Elden Ring se imponha como um dos melhores jogos já feitos, e que As Terras intermediárias sirvam como divisor de águas para a indústria. 

Revisão: Jason Ming Hong

Cópia de Xbox Series adquirida pelo autor

Elden Ring

10

Nota Final

10.0/10

Prós

  • Combate excepcional
  • Mundo aberto incrível
  • Direção de arte impecável
  • Trilha sonora que beira a perfeição
  • Totalmente imersivo

Contras

  • Pode não ser uma experiencia para todos
  • História poderia ser contada de outra forma