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Review Final Fantasy VII Remake (PS4) – O retorno a uma aventura atemporal

Os consoles evoluíram muito da década 1990 até aqui. Nesse caminho, boa parte dos jogos que marcaram gerações são apenas marcas na história do videogame. Contudo, com Final Fantasy VII Remake, a Square Enix deu o primeiro passo para salvar uma obra prima de sua celebrada franquia de JRPG desse destino.

O novo velho jogo faz parte da tendência de revisitar sucessos antigos nos consoles, mas isso não diminui o brilho da iniciativa. A princípio, Final Fantasy VII Remake atende a uma geração marcada pela experiência no primeiro PlayStation, ainda no fim da década de 1990.

Ao mesmo tempo, ele dá aos jogadores que conheceram videogames anos mais tarde a oportunidade de reviver a era dourada dos RPGs com a pompa dos consoles atuais.

Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PS4
Duração: 34 horas (campanha)/84.5 horas (100%)

Planeta em risco

Cloud e Tifa se juntam para salvar o planeta

A mistura entre Cyberpunk e Steampunk, o extenso background dos personagens e o desenvolvimento de uma trama cheia de reviravoltas podem fazer parecer que Final Fantasy VII é um jogo complexo.

No entanto, apesar dos elementos fantásticos que justificam o título da franquia, a história é simples: o planeta está sendo destruído em nome do progresso.

Essa calamidade desperta forças ancestrais para evitar que o fim aconteça e é em meio a tudo isso que Cloud Strife, um ex-SOLDIER (militar a serviço da mega corporação Shinra) convertido em mercenário entra em cena.

Por dinheiro, ele se envolve com a célula ambientalista Avalanche. O objetivo dos rebeldes é expor como a gigante empresarial convertida em governo está matando o planeta aos poucos.

Uma jornada completamente nova

Sephiroth parece ainda mais ameaçador no remake

Nessa jornada, Cloud vai encontrar outros personagens que se tornaram verdadeiros ícones dos videogames como Tifa, Barret, Aerith, Sephiroth e muitos mais. Além disso, ele e o jogador vão descobrir inúmeros mistérios que envolvem seu passado ou o que ele acreditava ser parte dele.

Para alguns, não existe nenhuma novidade até aqui, afinal se trata de um remake. Ainda assim, se engana quem pensa que não vale jogar a nova versão só porque viveu essas aventuras há cerca de 20 anos.

Dada a expectativa em torno do título, a Square Enix foi meticulosa. O resultado é uma atualização que alia na medida certa as lembranças de seu antigo clássico ao sentimento de algo completamente novo.

Afinal, ainda que seja sobre salvar o mundo, Final Fantasy VII também é sobre memórias. Está tudo ali, Cloud e sua jornada introspectiva, a metrópole suspensa de Midgard e seus slums (ocupações equivalentes a favelas construídas sob a cidade) e Sephiroth com sua Masamune gigante.

No entanto, se apegar à experiência do fim da década de 1990 é um erro. O velho jogador que pensa que vai tirar de letra cada uma das quests só com a memória do passado acaba se perdendo.

Isso acontece porque o sistema de combate é totalmente novo como já foi visto na demo. Trata-se de um aprimoramento do formato presente em Final Fantasy XV, mas esse é só um dos vários pontos da releitura.

Atmosfera mais densa

Ifrit e demais invocações são um espetáculo à parte

É inegável que a trilha sonora também tinha um papel importante na versão original e isso está ainda mais presente no remake. Já que a capacidade da geração atual permite, as músicas foram refeitas com uma série de camadas novas, tornando a atmosfera do jogo muito mais densa.

Em alguns combates chave da trama, é quase como se o jogador estivesse diante da mistura de uma ópera com um filme de Christopher Nolan. O mesmo acontece com a linha narrativa. Na busca de evitar a sensação de “eu já vi tudo isso”, Final Fantasy VII Remake conta sua história com mudanças pontuais. Pode parecer pouco, mas tudo realmente soa como novidade.

Por outro lado, essa abordagem também acaba conferindo mais peso a cada acontecimento da trama. Um ótimo exemplo é a expansão da presença de personagens antes quase descartáveis como Wedge, Jessie e Biggs – companheiros de Tifa e Barret na Avalanche.

Com tudo isso, Final Fantasy VII Remake se aprofunda ainda mais no conceito de RPG como um todo. E, por falar nisso, as invocações e uso de magias concedidas pelas Materia – que sempre foram um dos pontos altos do jogo – estão ainda mais impressionantes.

O sistema é ao mesmo tempo mais dinâmico e punitivo. Isso faz com que a escolha entre diferentes ações durante a batalha não seja apenas um ato automático de apertar botões.

Na medida em que o jogo avança, até mesmo encontros aleatórios podem se tornar um desafio duro de encarar. Isso se torna especialmente se o jogador não souber como tirar vantagem das forças de seus personagens e das fraquezas de cada adversário.

Uma narrativa fragmentada

Barret de volta ainda mais ranzinza na releitura do clássico

É difícil evitar as comparações entre remake e original. Embora a nova versão seja indispensável para qualquer fã de RPG em geral, a decisão da Square Enix de dividir o jogo em diversos lançamentos talvez seja o ponto mais polêmico.

Enquanto o Final Fantasy VII lançado em 1997 podia ser jogado de uma vez só – apesar dos vários discos -, sua releitura foi dividida em um número indefinido de capítulos e é difícil imaginar quando a história completa estará disponível.

Nessa primeira interação, o jogador leva Cloud e seus companheiros até a fuga de Midgard, que é apenas a cidade inicial. Ainda assim, é possível gastar cerca de 44 horas entre narrativa principal e missões secundárias.

Muito material inédito

Jessie é um dos NPCs que ganhou mais profundidade

Normalmente é estranho falar em material inédito para um remake, mas é isso que garante tantas horas com um trecho tão curto da história. Dentre tudo isso, vale o destaque especial para como a área de Wall Market – com todas as suas confusões – foi reimaginada.

Mesmo garantindo o alívio cômico tão característico das missões da versão original, situações que podem ter “envelhecido mal” também foram atualizadas. O mesmo vale para o desenvolvimento de alguns NPCs.

Indo além, a revisão da história garante ainda que o fim do primeiro capítulo seja satisfatório em termos narrativos mesmo deixando a abertura para a sequência. Mesmo sabendo que há mais por vir, o jogador tem um desfecho claro.

De qualquer forma, a justificativa do detalhamento extremo usada como uma das justificativas para a decisão esbarra em detalhes básicos como as paisagens borradas de cenários abertos ou em texturas inexistentes em alguns lugares.

Fantasia sem final

Cabe ressaltar que, com a chegada do PlayStation 5, a Square Enix anunciou seu Final Fantasy XVI. Enquanto isso, não há informações sobre data para o próximo capítulo do remake, quantas partes ainda virão ou mesmo sobre até que estágio da narrativa será possível avançar na sequência.

Para todos os efeitos, o primeiro capítulo de Final Fantasy VII Remake faz jus aos anos de expectativa dos jogadores e deixa todos que gostam de um bom RPG ainda mais ansiosos para saber como a jornada desses personagens vai se desenrolar. Um feito memorável para uma história “repetida”.

Cópia de PS4 adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming Hong

Final Fantasy VII Remake

9

NOTA FINAL

9.0/10

Prós

  • História adaptada a novos públicos
  • Mecânica mais dinâmica
  • Visual e trilha incríveis
  • Diferentes níveis de desafio

Contras

  • Divisão em capítulos indefinidos
  • Peca em polimentos básicos