Quando vi o teaser na E3 de 2018, sabia que o hype instantâneo seria correspondido.
Claramente inspirado em Tenchu, jogo obrigatório da época do PS2. Foi um ótimo ponto de partida para a próxima propriedade intelectual da From Software, ideia do próprio Hidetaka Miyazaki, diretor da companhia. Sendo distribuído por uma empresa do porte da Activision, de onde saíram séries como Call of Duty. Guitar Hero e Destiny, foi quase uma “luz verde” para o hype-train.
Desenvolvimento: FromSoftware
Distribuição: Activision
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 18 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox One, PS4, PC
Duração: 29h (campanha)/70h (100%)
Ambientação

A história de Sekiro: Shadows Die Twice não é tão elaborada quanto a dos títulos passados da From. Mas ainda assim teve o polimento e cuidado com a lore, além dos elementos dispostos e contados através das descrições de itens, diálogos com NPCs, chefes e cinemáticas. Ambientado no final da era Sengoku, um dos períodos mais violentos da história do Japão feudal, temos a família Ashina, que exerce o domínio da região. Sekiro é adotado quando criança por um espadachim chamado Coruja, que o treina para que seja protetor, disposto a morrer pelo seu mestre, mas que nunca desobedeça a palavra de seu pai acima de qualquer coisa.
O protagonista então é atarefado com a proteção de Kuro, o Herdeiro Divino. Um jovem que supostamente possui o sangue de dragão, que é o segredo por trás da imortalidade.
Gameplay e mecânicas

A jogabilidade é extremamente diferente de Dark Souls, embora tenha sido feita pela mesma desenvolvedora e seja considerado um Souls Like. Enquanto um é extremamente tático, devagar, e pune jogadores por sua agressividade, no outro ela é encorajada. Porém, seus inimigos também estarão muito mais agressivos e rápidos. Ficar esperando nem sempre vai garantir bons resultados. Nesse quesito, o título se assemelha mais com Bloodborne, mas tem suas próprias individualidades, como um sistema de stealth, onde pode-se abater inimigos furtivamente e movimentar-se pelo cenário sem a necessidade de combater forças adversárias.
Sem dúvidas, o ponto que merece mais atenção são as finalizações, em que não é necessário acabar com a vida do inimigo, mas sim, finalizá-lo com um golpe crítico. Isso fica mais fácil com o arsenal do protagonista, que conta com uma prótese cheia de aprimoramentos, como shurikens, tochas, explosivos para que Sekiro assuste e atordoe animais, machados que acabam com escudos inimigos, além de variadas técnicas e estilos de empunhadura de sua espada, Kusabimaru. O que torna o jogo extremamente dinâmico, onde você pode abater os mesmos inimigos de várias formas diferentes, proporcionando assim um maior aproveitamento de elementos dispostos no cenário, e aumentando as possibilidades no gameplay.
Ao contrário de pequenos corredores escuros, recheados de bestas e feras vitorianas, ou de planícies e pátios abertos, onde a guarda real se preparava para lhe enfrentar, Sekiro conta com montanhas, penhascos e muralhas, onde inimigos patrulham, inicialmente alheios a presença do protagonista.
Um jogo que não hesita em punir o jogador caso morra bastante. Por meio não só da frustração, como de outras mecânicas, como o Dragonrot, uma doença misteriosa que aflige os que são tocados pelo sangue dos dragões, o principal mistério do jogo. Quanto mais mortes o jogador possuir, mais a doença toma a si e aos NPCs do local. Por outro lado, a morte no jogo é algo corriqueiro, dada a velocidade e agressividade das batalhas. Graças a isso foi instaurado a nova mecânica de ressurreição, onde o jogador consegue ressuscitar após a primeira morte, tendo assim sua segunda chance, e podendo ressuscitar novamente caso mate inimigos o suficiente, ou se descansar em altares, que se assemelham às bonfires da Série Souls.
Imersão, arte e diálogos.

O jogo é extremamente divertido e inovador. Sua ambientação, direção de arte, voz, level design e IA tem o polimento e qualidade que a desenvolvedora sempre faz questão de apresentar em seus títulos. Porém, sua dificuldade pode assustar jogadores casuais, e até mesmo alguns experientes, veteranos da série Souls.
As motivações dos NPCs são muito bem traçadas, tal qual o padrão From Software. Um destaque especial é para Hanbei, o Imortal, e Emma. Ambos são extremamente cativantes e oferecem dicas e possibilidades de treino e itens ao protagonista.
O polimento visual do jogo consegue assustar na qualidade e nível de detalhe. Seja na disposição de móveis nas casas, na arquitetura japonesa, e na própria decadência das construções, o dever de casa foi muito bem feito. Depredação que faz sentido, gramas ralas e quebradiças onde há o tráfego de inimigos. Ao contrário de folhas verdes e vistosas que provavelmente vão esconder o protagonista em alguma parte do jogo. Outra área que merece destaque é o design de som. Seja o som dos passos do protagonista em diferentes terrenos, da brisa gentil percorrendo a vegetação, de pequenos riachos, cachoeiras, animais, fogo, e gritos de guerra são mais do que o suficiente para assustar, imergir e transportar a imaginação do jogador até o local.
Premiações
Sekiro: Shadows Die Twice teve aclamação mundial pelo metacritic, venceu o TGA de 2019, na categoria principal, e em melhor jogo de ação-aventura. O jogo conta com um total de 3,8 milhões de cópias vendidas. Sendo o terceiro jogo japonês a vender mais cópias no lançamento, ficando atrás de Monster Hunter: World, e Dark Souls 3, também da From Software.
Cópia de PS4 adquirida pelo autor
Revisão: Jason Ming Hong