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Review Hermitage: Strange Case Files (PS4) – Mistérios cósmicos e lendas urbanas se encontram em uma livraria

Um misterioso gerente de uma livraria repleta de antiguidades, e sua inusitada equipe, investigam uma série de casos sobrenaturais na tentativa de parar entidades além da compreensão humana e evitar o fim da nossa realidade.

Desenvolvimento: Arrowiz
Distribuição: Giiku Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas:  PS4, PC, Switch, Xbox One
Duração: 18 horas (campanha)

Horror Cósmico e Lendas Urbanas

Um vislumbre de outra dimensão

H. P. Lovecraft revolucionou a literatura de terror ao nos apresentar monstros e divindades de outras dimensões, capazes de aterrorizar a mente humana apenas com sua indescritível existência. O horror cósmico é intrinsecamente psicológico, pois a ameaça não se limita a ver a criatura, mas sua simples existência pode enlouquecer o protagonista ou até mesmo desintegrar toda a realidade como a conhecemos. 

Combinando o horror lovecraftiano a lendas urbanas chinesas e tecnologias modernas, temos a premissa de Hermitage: Strange Case Files. A visual novel desenvolvida pelo estúdio chinês Arrowiz e publicado pela Giiku Games gira em torno da livraria Hermitage e seu misterioso gerente, que é um verdadeiro imã para catástrofes sobrenaturais. Ao longo de seis episódios, acompanhamos as aventuras do gerente e seu inusitado círculo de amigos, enquanto investigamos mistérios paranormais e tentamos impedir uma calamidade que pode levar à completa destruição da nossa realidade.

O gerente e seu inusitado círculo de amigos

A narrativa de Hermitage é bastante linear, apresentando um caso por capítulo. Durante o desenrolar do capítulo vão sendo levantadas questões que devem ser respondidas pelo jogador a partir de pistas obtidas através de conversas com personagens ou consultas ao acervo da livraria e em fóruns na internet. O jogador tem até três chances para selecionar as pistas corretas para responder a questão que está sendo levantada, o que requer bastante atenção e percepção para entender o que existe em comum entre as informações angariadas e a questão levantada.

Por sua narrativa ser bastante linear, há pouco espaço para equívocos em Hermitage e descuidos nas investigações fatalmente levarão a um final distorcido e alternativo de cada capítulo, e às opções de voltar ao menu ou ao início de cada capítulo. Como cada capítulo tem uma duração média de três horas e meia, fica a sugestão de salvar com frequência e fazer diversos saves especialmente antes de responder cada uma das questões.

O humano e o cósmico através de textos

O fantástico se mistura com a realidade

Hermitage: Strange Case Files não é para aqueles que não gostam de ler textos durante a jogatina. Fiel ao gênero visual novel, Hermitage apresenta todas as informações através de textos, e muitos deles repletos de referências a civilizações antigas e termos científicos. Uma das ferramentas mais úteis é o log de texto, que permite que o jogador releia informações que foram anteriormente apresentadas.

Apesar das investigações e resoluções das questões serem partes massivas da jogabilidade, pois fazem parte de todos os capítulos, em dois capítulos específicos, Hermitage tenta variar um pouco a jogabilidade apresentando mapas em pixel art, através do quais o jogador deve movimentar os personagens em construções labirínticas com alguns puzzles a serem resolvidos, mas, infelizmente, a execução não é tão refinada quanto a premissa.

puzzle em pixel art e gatinhos fofinhos

A movimentação é feita através os direcionais, mas não há nenhum símbolo no mapa em pixel art que permita ao jogador identificar onde os personagens se encontram  no mapa, e, sem essa referência, as fases se resumem a tentar adivinhar como chegar em uma porta ou em um item, apertando aleatoriamente os direcionais até que apareçam comandos tipo “examine a porta” ou “deixe a sala “ em um dos direcionais.

Eventos cósmicos na metrópole

É uma pena, pois algo simples como um ponto colorido representando o jogador seria de enorme utilidade e fariam desses breves momentos pontos altos do jogo.

Infelizmente, sem essa orientação, tudo se torna um exaustivo jogo de adivinhar e esperar que dê certo e a narrativa possa seguir em frente.

Plots, Twists e Metalinguagem

Enquanto o horror cósmico permeia todo o jogo, ocupando todos os espaços desde o enredo até a ambientação, as histórias de detetive também tem sua marca em Hermitage, com seus mapas mentais e de relacionamentos e o uso excelente de alguns recursos da literatura de detetive, nos mantendo tateando no escuro até o momento da revelação de mistérios em seu último ato, com reviravoltas muito bem executadas e um humor metalinguístico totalmente inesperado, que apresenta algumas críticas à nossa sociedade moderna.

Em resumo, Hermitage: Strange Case Files apresenta uma boa mistura do horror Lovecraftiano com lendas urbanas, e o formato de visual novel se prova uma ótima escolha ao focar mais nas reações e descrições dos eventos através da visão dos personagens do que na representação visual detalhada das criaturas. A essência do horror cósmico, afinal, é a ameaça do desconhecido, em como descrever o indescritível. Por fim, o game é recomendado para fãs de horror que não desanimam ao se deparar com quantidades inacreditáveis de texto.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores.

Revisão: Jason Ming Hong


Hermitage: Strange Case Files (PS4)

7

Nota

7.0/10

Prós

  • Narrativa bem construída
  • Bom uso de metalinguagem no episódio final
  • Personagens carismáticos
  • Ambientação bem construída
  • Mescla bem horror cósmico e mitos chineses

Contras

  • Problemas em visualizar o caminho em pixel art
  • Falha em update de pistas pode levar a erros
  • Transições de tela demoram mais do que deveriam