Inicialmente conhecido por seu trabalho na franquia Silent Hill, o diretor britânico Sam Barlow se transformou em um grande nome dos jogos filmados em live action e inteiramente focados em narrativa com Her Story e Telling Lies. Agora, o desenvolvedor está lançando Immortality, seu novo projeto do gênero, criado por seu próprio estúdio independente, a Half Mermaid Productions.
O título está disponível para computadores e para a nova geração de consoles do Xbox por meio das lojas normais e do Game Pass, e será disponibilizado em breve para dispositivos que rodam Android e iOS, por intermédio da plataforma de games da Netflix.
Desenvolvimento: Sam Barlow, Half Mermaid Productions
Distribuição: Half Mermaid Productions
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, Xbox Series X/S, iOS, Android
Duração: 5 horas (campanha)/16 horas (100%)
Um suspense surpreendente

Além de Barlow, a narrativa de Immortality foi escrita por Barry Gifford (A Estrada Perdida), Amelia Gray (Gaslit) e Allan Scott (O Gâmbito da Rainha). Apresentada de uma maneira propositadamente confusa e desordenada, a história retrata o mistério que cerca a carreira da desaparecida Marissa Marcel, uma jovem e promissora atriz que, em um período de 30 anos, estrelou em três ambiciosos projetos cinematográficos diferentes que não foram devidamente finalizados por seus produtores.
Através de cenas dos próprios filmes e imagens de bastidores que foram encontradas muito tempo depois, o objetivo é descobrir o motivo das películas nunca terem sido finalizadas e desvendar o mistério por trás do desaparecimento de Marissa, e, ao mesmo tempo, completar os três filmes distintos e transformá-los em algo em que é possível ser assistido do início ao fim.

Para isso, Immortality coloca a disposição do jogador uma enorme grade de clipes, destacando todo o conteúdo disponível, que é sempre encontrado ao clicar em pontos específicos de cada cena. É preciso assistir as gravações atentamente para conseguir avançar na narrativa, prestando atenção em todos os detalhes audiovisuais e interagindo com o sistema de reprodução de vídeos para analisar cada momento de todos os jeitos possíveis.
Jogar poderia ser melhor

A falta de linearidade é, simultaneamente, o ponto mais fraco e mais forte da experiência proposta por Immortality. Encontrar novos clipes e ter liberdade para explorar todo o longo acervo de vídeos é uma experiência incrível, pois existe muito para ser descoberto. Porém, ficar assistindo trechos aleatórios, que não fazem sentido entre si, vira uma tarefa maçante depois de pouquíssimo tempo. A ausência de dicas claras somada a tutoriais que não explicam todas as mecânicas de uma forma intuitiva e esclarecedora faz com que o jogo passe longe de ser uma experiência agradável e divertida, mesmo com um roteiro espetacular e intrigante.
A nova empreitada de Barlow foi totalmente pensada para ser usufruída através do controle, pois a jogabilidade não funciona bem pelo mouse e teclado. Com um esquema confuso de teclas e sem muitas opções técnicas que vão além do básico, a versão de PC não é boa, e sofre constantemente com o indesejado efeito de screen tearing (rasgo na imagem), que atrapalha a experiência cinematográfica proposta pelo jogo.
Pesando cerca de 25GB, a qualidade da imagem dos arquivos deixa a desejar. A belíssima fotografia, que simula com sucesso as películas norte-americanas de três décadas diferentes, é prejudicada por perceptíveis artefatos de compressão, que marcam presença durante todas as cenas do título. Rebobinar e adiantar, uma das principais mecânicas de Immortality, sempre faz com que o player de vídeos não funcione adequadamente, pois os clipes começam a engasgar, dificultando o devido progresso na narrativa.
Um filme bom, um jogo ruim
Embora tudo seja apresentado de uma maneira confusa, Immortality é uma verdadeira ode ao cinema de arte. Disponível com legendas em português e com o áudio original em inglês, o novo produto de Sam Barlow é um ótimo filme interativo que conta com um mistério excelente e reviravoltas completamente inesperadas. No entanto, a experiência é afetada negativamente pelas mecânicas de jogabilidade ruins, tutoriais mal explicados e problemas técnicos facilmente evitáveis, que deveriam ter sido corrigidos pela equipe de desenvolvimento antes do lançamento final.
Cópia de PC adquirida através do Xbox Game Pass
Revisão: Jason Ming Hong