Confesso que nunca joguei No Man’s Sky anteriormente, só conheço o jogo por vídeos e, mesmo assim, sabe que senti uma vibe parecida neste jogo? Journey to The Savage Planet é um título de exploração espacial com elementos de crafting, upgrades e bastante bom humor – muito, acredite.
Desenvolvimento: Typhoon Studios
Edição: 505 Games
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Ação, Aventura, FPS
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4 e Xbox
Duração: 7 horas (campanha) / 15 horas (100%)
Olá, mundo
Prepare-se, recruta! Em Journey to the Savage Planet você é um explorador espacial da Kindred Aerospace, a 4ª melhor empresa de exploração espacial do mundo, que foi deixado em um planeta desconhecido e teve sua nave danificada. Sua principal missão é consertar seu único meio de transporte e, quem sabe, voltar para seus familiares em sua terra natal – se é que você tem algum.
Este jogo me lembra muito um título mobile com o qual tive contato há vários anos chamado Morphit, principalmente algumas mecânicas de análise que ele nos oferece, porém este aqui se mostra bem mais polido. Consigo dizer que jogar Journey to the Savage Planet é como vivenciar o encontro de Bulletstorm, Doom 2016 e No Man’s Sky (ou jogos espaciais em geral), e isso é maravilhoso pelos dois primeiros serem franquias que adoro.
O bom e velho humor pastelão
Vocês não imaginam como gosto desse humor meio bobo e tiozão. A Journey to the Savage Planet é um jogo ridiculamente engraçado nos mínimos detalhes possíveis, é sério.
Tanto visualmente quanto através dos textos o jogo consegue transmitir seu bom humor de forma clara, e eu tenho uma plena certeza de que ele não seria tão bom quanto é se tivesse escolhido uma abordagem mais séria. E ainda podemos fazer vários tipos de fotos nas mais bizarras poses com o “modo foto”.
São coisas pequenas como a animação de carregamento do computador travando e voltando em sua porcentagem, até frases como “esse traje espacial tem o número mínimo de membros aceito pela sociedade” que me fizeram soltar aquele sorriso prazeroso. Essa atenção às coisas mínimas me cativam na hora, se feitas com zelo. Algumas pessoas podem não gostar? Claro, mas é bom saber que nível de humor te espera por aqui.
Algo que o jogo faz bem, e também de forma humorada, é a morte. Quando você vai pro saco, sua assistente diz que criou um clone seu e transmitiu todas as memórias para ele, então você pode buscar seu antigo corpo e recuperar seus itens adquiridos.
Já viu isso em algum lugar? Talvez em Dark Souls? Bom, a questão é que aqui essa mecânica é feita de forma bastante contextual com o jogo e a temática ficção científica – adorei. Porém, se você morrer em um local praticamente inalcançável, fica um pouco mais complicado de conseguir suas coisas de volta, portanto veja bem por onde morre!
Jogabilidade lisa e fluida
Se você já jogou Doom 2016 vai saber do que estou falando. Journey to the Savage Planet tem um agarrão na borda das plataformas igualzinho ao jogo da Bethesda, e isso é muito bom pois foi uma das coisas que mais me fisgaram no simulador de matar demônios. Isso torna a jogabilidade extremamente fluida e mais rápida.
Fora isso, também existe uma forma de usar um tipo de chicote que funciona para alcançar lugares com uma gosma branca azulada que brilha, o que me remeteu bastante o jogo Bulletstorm, onde você puxava inimigos exatamente da mesma forma e com uma animação bastante parecida.
Também temos upgrades que deixam o jogo completamente melhor, como a mochila à jato. Ah, a movimentação fica muito mais gostosa com esse equipamento, é muito divertido utilizar seu pulo duplo em áreas praticamente inalcançáveis no começo. E isso não era esperado em momento algum por mim, foi uma baita surpresa agradável. Melhor ainda é fazer a melhoria e poder pular cada vez mais alto.
Sua pistola felizmente não precisa de balas e sua munição é infinita, então parece que os desenvolvedores tiveram o cuidado de fazer escolhas suficientes para que o jogo não tivesse uma perda de ritmo – ufa – por causa de coisas esdrúxulas.
A base do gameplay em si é levemente simples e consiste em rastrear missões e as cumprir – primárias e secundárias -, porém nada é tão fácil assim e muitas delas irão exigir upgrades e equipamentos novos que você precisará criar em sua nave utilizando recursos coletados no planeta.
Se tratando da ambientação e cenários, o jogo é um show! Todas as áreas do jogo oferecem cenas belíssimas, vários tipos de ameaças diferentes ou alguns recursos únicos e, em alguns lugares, existem até mesmo chefes que defendem o território e são um momento desafiador de se vivenciar.
Felizmente existe o fast travel, disponível assim que você libera algumas esferas alienígenas de teleporte, e a melhor parte é que não existe telas de carregamento entre estas viagens – na verdade, quase não existe loading no jogo -, portanto não se preocupe ao precisar fazer o famoso backtracking ou voltar no lugar onde morrreu.
O crafting também é um elemento importante, e verdadeiramente primordial, o qual vai fazer com que você fique atento aos recursos disponíveis na fauna e flora do local selvagem evitando ao máximo deixar as coisas passarem batidas.
Também existe um fator colecionável que adiciona uma obsessão (pelo menos em mim) em completar sua enciclopédia com todo e qualquer ser vivo do planeta. Alguns deles são um verdadeiro desafio de serem escaneados pois se movem rápido demais, ou então lançam um ataque letal em seu personagem – boa sorte.
O multiplayer
Jogar com amigos é bem interessante e completamente cooperativo. Um jogador pode entrar no progresso do outro, e os itens adquiridos ao longo da história são compartilhados (naquele save).
A maior vantagem é a coleta de recursos, já que os upgrades feitos não são vinculados ao seu jogo no modo offline. Ao menos o salvamento do single player pode ser usado no multiplayer, então, ponto positivo.
Porém, o maior defeito é a falta geral de propósito em jogar online, já que apenas o host terá o progresso salvo, já o jogador participante não arrecadará nada daquilo que adquiriu com o amigo para usar em seu jogo solo.
O que eu mudaria
Assim como, pegando um exemplo bem desconexo, em Tomb Raider (os novos jogos), não podemos alternar entre deixar o indicador visual da missão ativa ou não, então é preciso apertar novamente alguns segundos depois dos ícones sumirem. Isso me irrita bastante e frustra por não haver uma opção para deixar isso ligado como existe para o comando de correr, por exemplo. Você pode dizer que o ícone que fica aparente na barra superior no melhor estilo Assassin’s Creed soluciona este problema, porém preciso discordar porque você não sabe exatamente em qual altitude se encontra o objetivo através dele.
Muitas vezes quando você entrar em sua nave, irá aparecer uma propaganda em vídeo na TV, e não há como desativar isso – irritante.
Não existe uma forma de pausar a jogatina dentro do jogo. Na primeira vez morri fazendo isso porque estava jogando de fones de ouvido e simplesmente não percebi, porque o som do jogo fica levemente mais baixo quando você aperta o comando de menu e você pensa que pausou.
O multiplayer é um pouco punitivo. Caso o jogador saia da sua partida ou a conexão caia, você simplesmente é enviado e volta ao menu principal em vez de continuar jogando, não há como continuar sem ser chutado para fora. O modo de jogar online com seus amigos também é um pouco instável, e tive bastante problemas para conseguir uma partida com sucesso, depois de várias e várias tentativas finalmente consegui entrar em partidas alheias de amigos e vice-versa – grandes chances de ter sido problema naquele dia.
Existem alguns filtros visuais para aplicar no jogo, mas são basicamente impossível de se jogar quando aplicados, pois a visão fica bastante comprometida.
Por fim, não podemos remapear o controle, somente alternar entre um padrão e outro, e em vários momentos apertei o comando padrão em jogos de tiro para recarregar a arma, mas acabei chutando algum alien.
Pacote completo
A Journey to the Savage Planet é um jogo incrível, e tão incrível quanto isso é seu quase anonimato em meio a tantos lançamentos atuais. Não conhecia o jogo e não tinha ouvido falar tanto sobre ele de fato, fiquei curioso para o conhecer por conta de alguns vídeos que vi acidentalmente em algum compilado de melhores jogos de exploração, e garanto que não me arrependo um segundo sequer.
Algum elemento ou outro poderia ter sido pensado melhor, principalmente o multiplayer, mas apesar disso o que você encontra aqui é uma diversão garantida , cooperativa ou não, com muita exploração, colecionismo e upgrades.
Este review foi feito com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores