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Review Liberated (Switch) – Historia em Quadrinhos Interativa

Um mundo controlado onde o governo possui olhos por todos os lados, não existe mais liberdade, apenas a corrupção, o fascismo e uma resistência.

Liberated chegou ao Nintendo Switch trazendo um estilo bem especial, “história em quadrinhos interativa”, com toda sua narrativa se passando nas páginas de quatro graphic novels de mesmo nome, cortadas por alguns quadros de ação onde controlamos um personagem.

Uma mistura que pouco se vê bem executada nos consoles, e acho que ainda não chegamos lá.

Desenvolvimento: Atomic Wolf
Edição: Walkabout Games, PixelHeart
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Classificação indicativa:
16 Anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC e Switch
Duração: Sem Registros

We are Liberated

Narrativa de ficção

Liberated possui uma narrativa clássica da ficção. Grandes corporações e governos que dominam os cidadãos, em seu universo as redes sociais geram pontos para os cidadãos, que podem ser excluídos da sociedade fascista se derem um passo na direção errada.

Do outro lado dessa realidade existe um grupo que luta contra o governo, com uma pegada totalmente inspirada em V de Vingança e no grupo Anonymous. 

O grande destaque do jogo fica no estilo de arte noir realmente maravilhoso. A história é contada nos quadrinhos e por balões de fala, porém todos possuem pequenas animações dando mais vida aos personagens e ao próprio universo.

O mundo é preto e branco, como manda o estilo, mas tudo possui formas bem definidas e te convidam a mergulhar na história.

Infelizmente não existe muita novidade nessa trama, que repete os mesmos conceitos vistos em clássicos como 1984, V de Vingança e outras obras em universos cyberpunks mais semelhantes.

HQ é HQ e Jogo é Jogo

Estilo história em quadrinhos

Agora de vez em quando a “HQ digital” separa algumas páginas para sequências interativas, que se dividem em quick time events – aqueles momentos onde você tem que apertar rapidamente um botão determinado que aparece na tela – resolver puzzles simples como “hackear” um computador ou encontrar um código numérico, e sequências de ação/stealth em 2D onde atiramos em alguns inimigos.

A ação começa devagar, e por mais que o estilo de história em quadrinho nos faça lembrar muito do clássico do Mega Drive, Comix Zone, a jogabilidade é mais similar a Shadow Complex.

Aqui você controla o personagem da esquerda pra direita, podendo se esgueirar, pular, mirar a arma usando o analógico direito e atirar com o botão ZR.

O estilo de arte colocado nas sequências de história segue firme durante o gameplay. Os modelos em 3D são bem fiéis aos desenhos em 2D, os cenários escuros e claustrofóbicos também são bonitos de se ver, e ao longo do game as sessões ficam um pouco maiores com alguns objetivos simplórios como encontrar botões para abrir portas e prosseguir no jogo.

Clichês quase sempre funcionam

Roteiro amarrado

Liberated é dividido em 4 volumes. Inicialmente controlamos um hacker que é perseguido por policiais e recrutado pelos anti-heróis do jogo. O começo é interessante pois apresenta algumas escolhas ao jogador, mas que servem apenas para modificar algumas poucas sequências de quadros, e essa opção é meio que esquecida nos volumes posteriores.

Uma coisa interessante é que a história também vai para o ponto de vista dos policiais, com um volume dedicado a essa parte de ação. Por um lado temos uma história meio repetida e cheia de clichês, mas que, pra falar a verdade, funciona muito bem.

O roteiro é amarrado, a arte consegue prender o leitor/jogador para ver o que vai acontecer, e com bons ganchos no final de cada “edição” da revista – mesmo que dê pra sacar todas as reviravoltas da história bem antes delas acontecerem. Porém do outro lado temos um jogo totalmente desinteressante com algumas sessões de tiroteios sem criatividade. 

V de Vagaroso

Os inimigos não fazem nada além de andar pra cima do personagem sem nenhuma estratégia. A movimentação sofre com um atraso na resposta dos comandos, o pulo desengonçado só é útil mesmo para pular obstáculos obrigatórios, e as tentativas de puzzle voltam algumas gerações. Isso faz com que o jogador muitas vezes apenas arraste caixas para pular em uma plataforma alta, para então pressionar um botão a fim de abrir alguma porta.

Também existe uma terrível insistência em fazer uso de mecânicas stealth, onde você pode se esconder em algumas partes do cenário para pegar os inimigos que passam despercebidos. Porém, além do jogo se tornar muito lento, como fazer isso quando os oponentes conseguem te ver mesmo fora do alcance da câmera? Sem contar que campo de visão da tela é muito pequeno e o personagem é bem ágil andando normalmente, fazendo com que você acabe trombando frequentemente com o inimigo. 

Um jogo vagaroso

Felizmente o stealth não é obrigatório depois do tutorial inicial, e, pra falar a verdade, no momento em que você descobrir a posição correta da altura da mira para acertar headshots, passar por qualquer oponente acaba não sendo dificultoso. Liberated tem até um modo de dificuldade focado na narrativa, que elimina quase todos os confrontos principais no jogo só para passar a história, mas o game nunca é realmente desafiador nesta opção. Outra coisa que dificulta desnecessariamente o gameplay é o próprio cenário.

Lá pelo terceiro volume, no controle de um policial invadindo um local determinado na história, existem algumas entradas e lugares obrigatórios para interagir, que acabam muito escondidos e perdidos em meio a todas as sombras presentes no ambiente. Isso melhora um pouco jogando direto em uma TV grande, mas ainda assim fui obrigado a mexer pra lá e pra cá na configuração de brilho para conseguir tanto enxergar os objetivos quanto manter a arte original no modo portátil.

A verdade exposta

Liberated é mais um daqueles jogos com grandes ideias e poucas execuções boas. A arte é incrível, o jeito como o jogo vai e vem nos balões e no estilo das animações é sensacional, a narrativa trata de temas bem atuais, e que estamos vivendo hoje em dia no Brasil, politicamente falando.

E, mesmo tomando um partido, Liberated não tem medo de mostrar os dois lados da moeda, além dos prós e contras de ambos os campos filosóficos. 

Porém, quando você assume o controle do personagem, temos ideias que são apresentadas e logo ignoradas, como escolhas do jogador, quick time events que aparecem sem muito sentido, e sequências de ação com um level design sem imaginação que me fizeram pensar o porquê desse game não ser logo uma visual novel.

Ainda sim a aventura trás uma experiência diferente e que não se arrasta demais. O jogo também termina em algumas horas e possui um preço camarada. Se uma narrativa diferente é o que você procura, talvez Liberated seja uma boa opção.

Esta review foi feita usando uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Liberated

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Belíssimo estilo de arte e apresentação
  • Historia bem amarrada
  • Opções de jogar apenas a historia
  • O sistema de mira é divertido
  • Acertar "Headshots" é super satisfatório

Contras

  • Gameplay não é responsivo
  • Combate repetitivo e super simples
  • Historia repete muitos clichês
  • Cenários confusos