A versão aprimorada de Liberated: Enhanced Edition chegou ao Switch, com a proposta de trazer consigo todo o conteúdo extra, lançado separadamente, e melhorias em jogabilidade, além de dois capítulos de epílogo explicando os eventos anteriores ao enredo principal e uma dublagem em inglês – sendo que o original era “mudo”.
Desenvolvimento: Atomic Wolf
Distribuição: PixelHeart
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Tiro, Puzzle, Plataforma
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch
Duração: 3 horas (campanha)/4.5 horas (100%)
Resistamos

Começamos a história em direção ao nosso trem no metrô que está de partida, na pele de Barry Edwards, um integrante da resistência contra o governo. Vivemos em uma época futurista, em que existem câmeras por todos os cantos e um regime totalitário controla tudo e todos. Com isso, o grupo de resistência, do qual Barry faz parte, procura lutar contra o sistema e mostrar para as pessoas o quão é importante pensar por si só.
O enredo é contado através de histórias em quadrinhos belíssimas, sendo que cada capítulo é representado por, literalmente, uma revista. Conforme avançamos, novas páginas são reveladas, juntamente às cutscenes narradas que dão uma imersão ainda maior ao jogador. A narrativa faz um papel bastante competente em Liberated, e posso dizer que é a maior estrela de todo o jogo. Sua premissa é moderna e bem contada, e apresenta uma versão um pouco exagerada de nossa realidade atual.
Existem certas partes da história em que podemos fazer uma escolha, podendo liberar uma ou outra conclusão para o capítulo. Porém, a forma como algumas dessas decisões são tomadas não foram tão bacanas assim. Em alguns momentos, é necessário realizar um quick time event, caso contrário, seu destino estará traçado.
Uma jogabilidade que demora pra responder

Por outro lado, já que estamos falando de um videogame, muitas vezes a narrativa não é o que compõe toda a experiência, e definitivamente a jogabilidade foi algo que não recebeu tanta atenção assim. Jogar Liberated é repetitivo. Sua clara inspiração em títulos como Limbo e Inside são percebidas em vários momentos, através de suas mecânicas de puzzle e plataforma, com quebra-cabeças aqui e ali que irão liberar novas passagens para continuar seguindo com a história. Porém, Liberated não possui nem de longe a qualidade desses dois títulos citados.
Apesar de podermos incorporar mais de um personagem na trama, todos são igualmente ruins de serem controlados. A movimentação é estranha e travada, além de bem pouco responsiva. E isso não é somente algo proposital, como também a consequência de alguns fatores técnicos do hardware do Switch, limitando o fps em 30.

A jogabilidade costuma alternar entre momentos de plataforma, tiro com o uso de ambos os analógicos, stealth leve, puzzle e até mesmo embaixo d’água. Os trechos de plataforma não são nada complicados, e se resumem a coisas básicas como subir escadas, apertar botões para abrir portas e ativar plataformas, pular sobre buracos, etc. A pior parte é quando precisamos nadar submerso, com uma movimentação bastante lenta que vai ganhando velocidade aos poucos, mas que é interrompida bruscamente com uma animação que sinaliza o começo do afogamento e trava o personagem por alguns segundos, derrubando sua velocidade.
O stealth é praticamente inútil e não necessário, já que é muito mais eficiente irmos atirando em direção ao inimigo para o eliminar, mas, mesmo assim, que bom que existe essa opção. Finalmente, temos os puzzles, que são as partes mais divertidas. Alguns são mais simples, como acertar uma sequência de números através da tentativa e erro, guiando-se por uma dica visual que diz quais números estão corretos, certos ou em uma posição errada. Já outros são mais exigentes e, consequentemente, mais divertidos e melhor aproveitados. Existem alguns que pedem para alinharmos hexágonos, de forma que todos os pontos estejam energizados e, assim, consigamos abrir uma porta e afins.
Os controles são bem abaixo da média e passam uma sensação de atraso constante, principalmente em cenas em que existem muitos objetos na cena e o framerate fica bastante instável, e o resultado é que o jogo apresenta engasgadas. Em cenários fechados e com pouca informação em tela, o fps sobe bastante e podemos perceber uma nítida e superior fluidez nos comandos de forma geral. Porém, as animações também deixam a desejar, sem falar que são duras e grosseiras, além de que os gráficos na versão de Switch receberam bastante downgrade: tudo possui um aspecto arenoso, como também texturas borradas que chegam até a incomodar.

O personagem também passa pelo mesmo problema técnico e demonstra um serrilhado bem aparente ao seu redor, deixando claro que faltou uma melhor otimização por parte dos desenvolvedores. O loading entre mudança de páginas do gibi, simulando a progressão de cenário, passa a impressão de que tudo congelou, sem qualquer tipo de feedback visual para demonstrar o carregamento e a transição.
Os DLC são bem focados em contar a história que antecede os eventos da história principal, funcionando como epílogos. Apesar dos dois conteúdos extras trazerem um pouco da jogabilidade do enredo principal, você passará bem mais tempo assistindo cutscenes do que “jogando”, de fato. E, quando entrar em ação, não espera grandes mudanças.
Uma boa história, porém, mal executada
Liberated é um jogo dotado de uma história interessantíssima e uma narrativa muito boa, além de seu estilo visual em quadrinhos. Porém, a jogabilidade repetitiva e com elementos de plataforma e tiro não parece ter sido a melhor escolha para o game – ou então falta polimento. Fora os problemas técnicos, a execução da gameplay é muito básica, trazendo sempre as mesmas tarefas abordadas de maneira diferentes. Os puzzles são divertidos e desafiadores, mostrando que são a melhor parte do produto como um todo, depois da história.
Cópia de Switch cedida pelos produtores