LOUD para Nintendo Switch

Review LOUD (Switch) – Bora fazer barulho!

Em LOUD, acompanhamos a carreira musical de Astrid e da guitarra imaginária que ela toca em seu quarto, vendo de perto seus primeiros passos profissionais como cantora, compositora e guitarrista de rock’n’roll. Junto a ela, passamos pela mesma experiência de músicos profissionais: praticar, praticar e praticar em busca de uma interpretação perfeita e dos aplausos no final.

Desenvolvimento: Hyperstrange

Distribuição: QubicGames

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Arcade, Aventura, Musical

Classificação: 10 anos

Português: Não

Plataformas: Switch

Duração: 1,5 horas (campanha)

Sentimento

Astrid, sua vassoura e o sonho de tocar guitarra.

Astrid é a jovem que acompanhamos ao longo de sua adolescência e do começo da vida adulta. Suas dificuldades e sonhos são aquilo que se espera para essa faixa etária (e que todos em alguma medida vivemos ou vamos viver). Ela é uma protagonista genérica o bastante a ponto de nos identificarmos com ela, mas particular o suficiente para construir uma história que cativa. Acompanhamos seus dramas, sonhos e perrengues em pequenos excertos de história, recebendo informações sobre sua família, suas amizades, seus gostos e habilidades. E nos importamos com essa personagem.

A música, ponto focal da história e do jogo, é fundamental para auxiliar na transmissão desse sentimento de inadequação, de auto-conhecimento e da animação e melancolia de quem cresce. Com 13 composições originais, com influências em estilos diferentes de rock e presença marcante da guitarra, a trilha sonora do jogo reflete a personagem e dá ao jogador a motivação necessária para praticar e praticar até executar-las com perfeição. Essas não são músicas que vou buscar (a composição nem mesmo é explicitada) e colocar para ouvir fora do jogo – nem é preciso que sejam -, mas, ali dentro, naquele contexto, todas cumprem muito bem seu objetivo de permitir ao jogador se sentir uma estrela do rock.

Partitura

Um novo jeito de ler música.

Uma das primeiras coisas que me chamam a atenção em um game desse estilo é como será apresentada a linguagem musical. Fora dos jogos existem vários modelos para descrever e compartilhar como se deve executar uma peça de música: o clássico e completo pentagrama, com suas marcações de tom, ritmo, intensidade e andamento; os vários sistemas para descrever acordes e sua escrita paralela aos versos das músicas; a simples e eficiente tablatura.

Cada um desses sistemas citados formam uma linguagem própria, com vantagens e desvantagens, que servem para descrever sem a necessidade de usar palavras. Jogos rítmicos costumam trazer sistemas próprios, que sejam pouco complexos e que não demandem um conhecimento prévio por parte do jogador. LOUD encontrou aí uma solução bastante elegante. Na ausência de guitarras de plástico ou controles que simulam instrumentos, sua linguagem musical utiliza o formato e posição relativa dos botões em um controle. 

As notas que demandam uma ação dos jogadores são representadas por estrelas que vêm das bordas da tela em direção ao centro ao longo de seis linhas radiais. Essas linhas estão associadas aos botões de cada lado do controle: A, B e X (na parte direita) e cima, esquerda e baixo (na parte da esquerda do controle). Esse esquema cria uma associação visual bastante precisa entre a tela e o que deve ser feito no controle. E o que mais importa em jogos rítmicos é justamente a precisão. Além das estrelas, que representam um toque simples nos respectivos botões, há notas longas que pedem que o botão fique apertado por mais tempo e dá a possibilidade de realizar um vibrato usando qualquer um dos analógicos; e notas também longas, mas que exigem que se aperte o botão o máximo de vezes possível.

Ensaio

Entre combos, pontos de estilo e sequências de notas, os jogadores recebem uma avaliação ao final de cada música.

Astrid – e nós, com ela – começa sua jornada utilizando um cabo de vassoura como guitarra imaginária. Aos poucos, enquanto cresce, ganha uma guitarra e sai do quarto, se desenvolvendo enquanto instrumentista. Acompanhamos sua jornada a partir das músicas que ensaiamos ou apresentamos em cada etapa de sua carreira. Das 13, há uma clara progressão na dificuldade e também no estilo. As músicas aceleram o andamento e passam a incluir solos de guitarra, dando um tom mais “metal” para a carreira da protagonista. Após cada música, a execução é avaliada de acordo com a quantidade de notas “perfeitas”, “boas” e “erradas”, os combos de notas tocadas sem erro e a performance em momentos especiais da música. 

Para liberar a próxima música e avançar na história, é preciso chegar ao final da execução em qualquer uma das três dificuldades disponíveis. Em “Chillin’”, a tolerância a erros é maior e há menos notas; em “Skillin’”, a dificuldade é intermediária e pode ser considerada o padrão, com mais notas e, principalmente nas últimas músicas, com maior chance de não conseguir chegar ao final nas primeiras tentativas. A última dificuldade começa bloqueada e só é liberada após o jogador passar pela intermediária. Em “Grindin’” está um nível de virtuosismo que simula mais diretamente as habilidades para se tocar um instrumento musical. Em inglês, grinding se refere ao árduo e demorado processo de tornar(-se) algo melhor. A metáfora é a de burilar, polir uma pedra preciosa. É justamente assim que me senti nesse nível. Tocar um instrumento não é fácil e exige horas de estudo e de aprimoramento da técnica, conhecimento da música. Não é algo pra todo mundo, mas é muito bom que esse modo esteja presente para quem realmente quer desenvolver essas habilidades.

Bis!

LOUD não é inovador nesse gênero de jogos rítmicos e musicais, mas não é preciso que seja. Nem todo instrumentista ou compositor deve ser um grande mestre que altera os rumos da arte. Há muitos mais – e excelentes – artistas que fazem bem feito o que já está estabelecido. As musicas que ouvimos todos os dias, que nos acompanham e nos fazem sentir e pensar não são extraordinárias: elas seguem fórmulas (harmônicas, poéticas, melódicas) que fazem com que funcionem. LOUD pode ser entendido no mesmo sentido. Ele é um ótimo jogo, ainda que curto, que segue a receita deixada por outros do gênero com cuidado e simplicidade.  

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

LOUD

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Esquema do controle é claro e preciso
  • Músicas empolgantes para praticar e apresentar
  • Dificuldade ajustável para diferentes níveis de jogadores

Contras

  • Com apenas 13 músicas, o jogo é curto
  • A ausência do português aliena parte do público da história de Astrid