A NFL (National Football League) sabe muito bem como gerir o mercado que gira em torno da bola oval, e consegue usar o esporte, de diversas formas, para fazer dinheiro. Obviamente os games estão dentro das mercadorias da liga americana desde antes de 1994, mas foi neste ano que a franquia Madden apareceu.
Recebendo o nome do ex-técnico e famoso comentarista de futebol americano, John Madden, a franquia de games do esporte foi tão bem sucedida que não tem rivais desde 2006. Isso é ótimo para EA Sports, que não precisa se preocupar com concorrência, mas é péssimo pro consumidor, que vem comprando o título todo ano, às vezes sem nenhuma novidade. Nesta análise vamos falar exatamente sobre isso: Madden 22 tem o necessário para ser considerado um bom jogo esportivo ou é somente uma mera atualização de Madden 21?
Desenvolvimento: EA Sports, Tiburon
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1-4 (local) e 1-6 (online)
Gênero: Esporte, Simulação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: Sem Registros
O Esporte da bandeira estrelada
O futebol americano é tipicamente apreciado e estimado na América do Norte, apesar disso, o esporte tem conseguido uma popularidade absurda fora dos EUA e vem ganhando multidões de fãs ao redor do globo. O jogo da bola oval estourou no Brasil na última década, com direito à Liga Nacional Brasileira, torcida nos estádios e tudo mais.
Mesmo com esse boom de popularidade em terras tupiniquins, muitas pessoas ainda não entendem muito bem como o esporte funciona. São só homens gigantescos se degladiando por um ovo? Bem, não é assim.
O futebol americano é um esporte coletivo em que o ataque e a defesa (formados por 11 jogadores no total) se alternam no campo. O ataque tem o objetivo de levar a bola até a endzone, no fim do campo, se conseguir realizá-lo a equipe ganha a maior pontuação, que é chamada de touchdown e vale 6 pontos. Caso o time atacante não consiga o touchdown, ele pode tentar chutar a bola ao gol e conseguir 3 pontos. Se os jogadores estiverem muito distantes da baliza, chutam a bola para ainda mais longe, para atrapalhar o inicio da campanha ofensiva do adversário. Esse é um resumo de como uma partida de futebol americano se desenrola, mas para quem quiser saber mais sobre as regras e entender o esporte, pode clicar aqui, e ser feliz.
Em Madden 22, temos bons tutoriais que irão nos ensinar a correr, passar a bola, defender, chutar ao gol e afins. Porém, com tantas regras, acho difícil aprender todas as diretrizes do esporte jogando o título da EA, não é impossível, mas é desafiador e também um ótimo meio de começar a se interessar pela modalidade.
Saindo do Vestiário
Madden 22 dispõe de um bom tutorial opcional, que é super recomendado aos jogadores de primeira viagem. São esses treinos que nos ensinam as bases do game, como quando devemos usar o passe, como funcionam as corridas, como chutar a bola ao gol (Field Goal) e como defender.
Na jogabilidade defensiva, Madden ainda nos deixa bastante perdidos, e é como se não tivéssemos controle sobre a defesa – e isso é bem chato. As vezes é frustrante escolher a estratégia defensiva, controlar mal um jogador e sofrer duros ataques do adversário por conta da gameplay retrancada, que permanece decepcionante.
Já no ataque e nos times especiais, tudo corre melhor do que nunca e as jogadas são sempre bem auxiliadas pelo próprio game. Novatos podem ter dificuldade em certos momentos dos matches, mas os jogadores mais experientes tem uma infinidade de jogadas, que ainda podem ser personalizadas durante os jogos, deixando as disputas mais variadas e divertidas.
Controlando o jogo, e um time inteiro
Durante as partidas podemos perceber algumas diferenças pontuais, seja nas animações ou em como a física deu uma boa melhorada em relação às opções disponíveis no PS4 e no Xbox One. Porém, se compararmos o jogo com as versões do Madden 21 para a geração atual, veremos pouquíssimas diferenças e isso não é animador para aqueles que já tem o Madden do ano passado na geração mais recente. A diferença mais legal que vemos durante as partidas é o fator casa e fora.
Quando jogamos contra o adversário na casa deles, temos vários elementos para nos desconcentrar e atrapalhar, como a câmera balançando e um barulho ensurdecedor. Outro ponto interessante é que, quanto melhor for nosso desempenhos nas partidas, mais vantagens recebemos na gameplay.
Nos modos de jogo, tivemos uma grande mudança e isso pode ser um chamariz para compras. O Franchise Mode teve belas alterações, tudo está melhor aprofundado e é mais interessante do que nunca mergulhar no gerenciamento de uma franquia. No game oficial da NFL deste ano, temos total controle no staff do time e assim podemos administrar como eles vão treinar a defesa e o ataque. A cada partida temos pequenas metas a cumprir e ao completá-las ganhamos experiência e pontos de habilidade. Com a experiência, fazemos upgrades nos jogadores e com os pontos de habilidade, melhoramos os membros da staff. As negociações com jogadores também estão bem mais orgânicas e fáceis de realizar.
Gerenciar um time nunca foi tão divertido, nem tão fácil, apesar do desafiante nível de complexidade. Em revanche, os sistemas de draft não receberam nenhuma novidade o que, na minha opinião, deixa o NFL Draft um tédio total (o que não tira o mérito das melhorias citadas).
Aqueles que resolverem jogar como donos de franquias poderão se sentir mais controle, pois, além de poderem demitir o técnico e fazer tudo o possível com a staff, eles terão a possibilidade de gerir o preço das mercadorias e merchandising, reformar os estádios e até realocar as franquias para outras cidades e países.
Falta brilho
Infelizmente, os outros modos não receberam nada de novo. Por exemplo, no modo história de Madden 22, chamado de Face of The Franchise, começamos como um jogador universitário e vamos avançando até chegarmos no topo da NFL, ou seja, não mudou nada de um ano para cá. Continua divertido fazer melhoras no seu avatar e levá-lo até a fama, mas, para quem aproveitou o título passado, não tem nada de interessante para se ver aqui.
O The Yard e o Superstar K.O voltam, com um pouco mais de conteúdo, mas tão pouco que nem faz diferença. Nestas opções, temos um futebol americano de várzea, algo mais informal, com regras diferentes e simplificadas. Podemos passar algumas horas nesse modo, completando os objetivos, indo pela campanha, ganhando e gastando com itens cosméticos bobos, e só. Esses modos são divertidos porque são nos quais encontramos o mais casual do Madden 22, infelizmente, não é nada mais que isso: uma verdadeira decepção, já que esses modos poderiam se transformar facilmente numa super melhoria do NFL Street – e não vemos isso.
No MUT, o Ultimate Team do Madden, nada mudou. Ele ainda age da mesma forma: conseguir cartas de jogadores completando desafios, jogar, conseguir dinheiro in game, comprar mais cartas de jogadores, e, se você adora o MUT, gastar algum dinheiro a mais para montar seu time com os melhores. O Madden Ultimate Team é o modo mais rentável da franquia da EA no momento e, mesmo sem nenhuma novidade, vai ser um dos modos mais jogados. Só não sabemos por quanto tempo, caso continue sem boas novidades.
Após rever a jogada, qual a decisão do árbitro?
No touchdown! Madden 22 chega sendo muito bonito, com uma gameplay boa, ainda que por vezes truncada, se aproximando muito da vida real. O capricho que o game nos oferece, para criar uma atmosfera igual a que vemos nas emissões da NFL, é brilhante. Jogar no ataque continua incrível e divertido enquanto a defesa ainda precisa de muitas melhorias, mesmo assim, isso não impede a diversão, já que podemos simplesmente não jogar com a defesa.
Nos modos de jogo, os grandes upgrades que dão profundidade ao Modo Franchise são dignos de palmas e tem tudo para melhorar ainda mais, já que Madden 22 oferece o melhor jeito de jogar este modo de jogo, porém, nas outras opções do game não vimos nenhuma novidade, e isso parece um pouco de descaso.
Sou um grande fã da franquia desde o Madden 11, que era divertidíssimo, com seus modos de criação de equipes, de football indoor e sua gameplay mais afastada da realidade, mas ainda assim divertida. Ver a licença cair no marasmo me deixa bem triste e, sinceramente, espero que nos próximos games da franquia a EA faça algo diferente e realmente o consolide na geração atual, coisa que não fez com Madden 22, que, apesar de ser um bom jogo, carece de brilho e de novas boas ideias. Madden 22 não consegue a pontuação máxima com o touchdown, mas ao menos consegue converter os pontos do field goal.
Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong