Mortal Kombat 1

Review Mortal Kombat 1 (PC) – Um reboot seguro e divertido

Lançado quatro anos depois do 11° jogo da franquia, Mortal Kombat 1 chega para PC e consoles trazendo muito conteúdo jogável e uma ótima kampanha que reinicia a continuidade da série. O game acerta em vários aspectos, mas não ousa e nem tenta corrigir os problemas evitáveis que os títulos anteriores enfrentavam, uma vez que boa parte deles estão todos presentes aqui, em detrimento do que seria um jogo verdadeiramente espetacular.

Desenvolvimento: NetherRealm Studios, QLOC

Distribuição: Warner Bros. Games

Jogadores: 1-2 (local e offline)

Gênero: Luta

Classificação: 18 anos

Português: Interface, dublagem e legendas

Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S, Switch

Duração: 5 horas (campanha)

Uma boa kampanha

Cena da Kampanha

O foco de Mortal Kombat 1 está nos modos para um jogador. A trama principal se desenrola num mundo pós-MK11, em um universo pacífico completamente idealizado por Liu Kang, o guardião dessa nova era. No entanto, o plano de paz dele é ameaçado por Shang Tsung, já que nem tudo foi reescrito com sucesso, e as distintas linhas do tempo se misturaram. O herói se vê obrigado a fazer o impossível: reunir os rivais do Plano Terreno e da Exoterra para entrar em um kombate mortal que visa salvar os reinos e evitar que o antagonista suceda em suas intenções de destruir essa nova linha do tempo. 

Com uma duração de cerca de 5 horas, a épica narrativa é intrigante e recheada de reviravoltas. A história faz um ótimo trabalho ao recontar a origem dos personagens que conhecemos há 30 anos, mas não foge da tradicional estrutura das outras Kampanhas da NetherRealm. Não há uma jogabilidade além das lutas e QTEs, como no Konquest da época do PS2, somente cutscenes que servem como desculpa para a porradaria acontecer. 

Mais konteúdo single player

Modo Invasão

O modo Invasão, por sua vez, é bem diferente do que a desenvolvedora costuma produzir. Essa funcionalidade transforma Mortal Kombat 1 em um RPG de mesa, no qual um personagem precisa lutar contra seus oponentes e vencer minigames, enquanto anda por um tabuleiro e defende os reinos das forças inimigas. Apesar de ser uma função single player, as invasões são atreladas aos serviços online, já que elas serão suportadas em um esquema de temporadas, com a adição de novos desafios ao longo do período de vida do jogo.

O modo acaba sendo mais divertido do que a Kampanha, porque ele conta com confrontos variados e elementos de RPG que abrem espaço para a personalização dos atributos da equipe jogável. Além disso, existem as torres, que contém os finais individuais de cada um dos 23 personagens jogáveis no lançamento. A função arcade também possui partidas de sobrevivência, nas quais é preciso derrotar o maior número possível de adversários.

Uma grande novidade

Tela de seleção de Kameos

Mortal Kombat 1 tem uma jogabilidade que é visualmente semelhante à do título anterior. Porém, a gameplay recebeu diversos aprimoramentos mecânicos, como combos aéreos e strings simplificadas, mas que não deixam de ser fatais. A possibilidade de customizar os ataques dos personagens foi removida, o que elimina surpresas inesperadas e facilita o entendimento dos kombatentes. 

A principal novidade é um sistema de assistências chamado Kameo. É necessário escolher dois lutadores: um principal e outro secundário, que pode interagir em golpes, fatalities e combos. Existem dois rosters separados, então nem todos os personagens que podem ser escolhidos como assistentes conseguem assumir um papel de liderança. Apesar dessa limitação, o sistema funciona e se adapta perfeitamente às partidas. Independentemente da opção escolhida, a função sempre dará um aspecto estratégico aos confrontos.

Online sem krossplay

Partida online

A jogatina entre plataformas diferentes ficou inexplicavelmente de fora da versão de lançamento de Mortal Kombat 1, que tem um online básico, mas funcional. O jogo tem um eficiente netcode que proporciona partidas sem falhas de latência, mesmo em conexões de qualidade duvidosa. Além da Liga de Kombate, há o modo Kasual, mas não importa a escolha: é vital praticar bastante para suceder nos duelos contra a população online.

Para isso, Mortal Kombat 1 conta com um modo de treino que torna o jogo acessível a todos com vontade de aprendê-lo. O modo não só permite a prática dos golpes, mas também oferece tutoriais interativos para as mecânicas básicas e dos fatalities. O game é uma experiência superior no controle do que no teclado, dado que funções como o botão de bloquear foram claramente projetadas com o uso de um joystick em mente.

Sem muita evolução

Loja de Mortal Kombat 1

Apesar de aprimorar o que os últimos lançamentos da série já faziam bem, o novo título não melhora em relação às tradicionais falhas da franquia. As animações e reações visuais dos golpes continuam esquisitas, e o balanceamento resulta em combos absurdamente longos, ao mesmo tempo em que incentiva e recompensa estilos táticos extremamente agressivos.

O jogo segue tendo uma progressão questionável, visto que ainda é preciso desbloquear personagens e kameos adicionais, novas cenas de introdução e até fatalities. Mortal Kombat 1 distribui diversas recompensas em moedas, utilizadas para liberar novos conteúdos em um santuário, que está no lugar da Kripta neste título. Itens cosméticos, que não afetam a jogabilidade, também estão disponíveis para compra através de microtransações.

Gráficos incríveis, mas um lado técnico ruim

Luta entre Kitana e Sub-Zero

Mortal Kombat 1 leva a típica apresentação cinematográfica da franquia para um outro patamar. Os visuais, obviamente sanguinolentos e brutais, são espetaculares e contam com uma iluminação vibrante e incrível, e o design sonoro é excelente. A dublagem em português tem boas vozes, mas está incompleta, pois algumas linhas simplesmente não foram traduzidas.

Contudo, o estúdio falha em ter implementado uma trava de 30 quadros por segundo em praticamente tudo, exceto as lutas propriamente ditas, que rodam a 60 frames – um problema que também estava presente em MK11, mas que foi corrigido por meio de uma atualização. A NetherRealm aparenta não ter aprendido com esse erro ao reincidir em uma decisão intencional que só prejudica o trabalho dos responsáveis pelo lado artístico do jogo. A flutuação na taxa de quadros introduz um stuttering que afeta negativamente a fluidez da jogatina, e sem um motivo plausível. 

Johnny Cage, um dos protagonistas da trama

A apresentação da kampanha poderia ser melhor, uma vez que ela combina vídeos pré-renderizados com uma jogabilidade em tempo real. A diferença entre as duas é perceptível, e os visuais ao vivo são muito superiores aos das cutscenes.

Entretanto, a NetherRealm Studios acerta em relação ao suporte ao ultrawide, já que todos os embates e cenas suportam o formato perfeitamente. As funções de acessibilidade são ótimas, e opções como alertas sonoros e audiodescrição permitem que Mortal Kombat 1 seja acessível a todos os tipos de jogadores. 

Tinha potencial para ser melhor ainda

Apesar de não apresentar grandes inovações no seu foco principal, Mortal Kombat 1 é excelente. A kampanha é divertida, o online é funcional e o modo Invasão é sensacional. Só que a obra poderia ter sido ainda melhor se a NetherRealm tivesse entregado um pacote sem os mesmos problemas dos títulos anteriores. 

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Mortal Kombat 1

8.5

Nota Final

8.5/10

Prós

  • Muito konteúdo single player
  • Visuais incríveis
  • Sistema de Kameo é legal

Contras

  • Travado a 30fps
  • Animações feias
  • Sem krossplay
  • Microtransações