Capa Ni No Kuni 2

Review Ni No Kuni II (Switch) – A glória de reviver o reino, agora no Switch

A desenvolvedora LEVEL-5 teve a ideia de entregar aos jogadores um bom jogo de RPG, com mecânicas novas e com o DNA do famoso estúdio de animação japonês Ghibli. Essa ideia iria se concretizar com o primeiro jogo da franquia, e suas versões de DS e PS3.

Com uma boa dose de Ghibli e boas mecânicas de gameplay, a obra da desenvolvedora japonesa garantiu boas vendas. Conseguindo até mesmo uma sequência, chamada Ni no Kuni II: Revenant Kingdom, que chegou em 2018 e obteve êxito suficiente para concorrer em duas categorias no The Game Awards daquele ano. O sucesso e a aclamação do segundo game foram maiores do que o primeiro. Após certos anos, o port chega ao Switch, com todos os conteúdos adicionais e as vantagens do console da Nintendo:a possibilidade de ganhar ainda mais fãs pelo globo. Nossas perguntas aqui são: Ni no Kuni II: Revenant Kingdom faz juz aos genes Ghibli? O jogo é uma boa experiência no híbrido da Big N? 

Desenvolvimento: LEVEL-5
Distribuição: Namco Bandai
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: PC, PS4, Switch
Duração: 39 horas (campanha)/92 horas (100%)

Os dois mundos 

Uma viagem incrível

Ni No Kuni (em japonês “二ノ国”) quer literalmente dizer “País de Dois”, porém, também pode ser traduzido como “País Secundário” ou “Segundo Mundo”. Essa última tradução faz todo o sentido com o enredo da obra, que nos faz embarcar num mundo mágico, vasto e repleto de fantasia, em eventos que se desenrolam 100 anos após o ocorrido no primeiro título. 

O game começa nos colocando na pele de Roland Crane, o presidente dos EUA, que ao ver o começo de um cataclisma bélico acontecendo no seu país é transportado para a corte Reino de Ding Dong Dell durante um golpe de estado, orquestrado pelo vilanesco e caricato Mausinger. O golpista mira em tomar o trono de Ding Dong Dell e a história se desenrola em toda uma sucessão de eventos que farão com que o protagonista, o pequeno príncipe Evan Pettiwhisker Tildrun, se jogue numa aventura que o levará pelos quatro cantos daquele mundo, na intenção de poder criar um novo reino, onde todos tenham os direitos iguais e possam viver felizes para sempre. 

Durante o enredo, Evan e Roland encontram companheiros carismáticos que se juntam aos protagonistas por compartilharem dos mesmos princípios e do mesmo sonho de criar o reino ideal, chamado Evermore. Cada um desses aliados, que se unem aos heróis, possuem personalidades distintas e poderes diferentes, o que melhora tanto a história quanto a gameplay de combate. 

O pequeno monarca Evan é o protagonista-mor do game

A história de Revenant Kingdom é ótima e, por mais que o estúdio Ghibli não esteja mais presente como co-produtor da obra, o DNA do estúdio japonês está impregnado em todos os aspectos da continuação. A arte, no mesmo estilo de Totoro ou de A Viagem de Chihiro, e a trilha sonora espetacular do gênio Joe Hisaishi, contribuem para elevar o enredo de Ni No Kuni II a um nível super alto de excelência, que, agora, pode ser visto no Switch, no modo portátil. Confesso que, pessoalmente, ver certas cenas de do segundo Ni No Kuni deitado foi uma das experiências mais gostosas que eu já tive com jogos eletrônicos. 

A versão que chegou para o switch, chamada de Prince’s Edition é a mais completa de Ni no Kuni II, com todos os conteúdos adicionais (como DLC). Nesses conteúdos extras, encontramos novas aventuras que, mesmo breves e curtas, nos dão algumas horas a mais de jogo e aprofundam o universo e história dos personagens. 

As pelejas no mundo secundário  

Batalhas eletrizantes garantidas

Revenant Kingdom segue uma fórmula comum de JRPGs e, por mais que tenhamos certas doses de liberdade, após umas belas horas de jogatina, seguimos missões lineares que nos colocam na posição de desvendar os reinos daquele mundo mágico e descobrir mais sobre o enredo. 

O game pode ser chamado de Action RPG e nele contamos com batalhas frenéticas, nas quais podemos nos mover pelas arenas retalhando ou lançando magias poderosíssimas nos inimigos. Seguir em direção aos objetivos (florestas, cavernas e afins), nos dá a chance de encontrar baús, que estão jogados pelo mapa, ou o azar de esbarrarmos em inimigos. Andar por esse mundo é como caminhar por um mapa-múndi marcado com bonequinhos chibis dos personagens, e quando tocamos com nossas figurinhas nos inimigos (representados por miniaturas no mapa) o combate começa, fora que somos transportados a uma espécie de área de batalha onde, literalmente, a magia acontece. 

Mesmo com os impecilhos do hardware o combate é solido.

Uma das coisas que mais me chamou atenção em Ni No Kuni II foi sua jogabilidade, a qual é cheia de ação durante os combates. Nada de sistema de turnos por aqui, pois no segundo título da franquia vemos algo similar ao que pode ser observado na série Tales of: a ação é tão fluída e veloz que não acho absurdo comparar o momento da batalha com uma experiência hack ‘n’ slash, em que cortamos, atiramos e nos esquivamos dos ataques adversários. 

Não posso negar que fiquei preocupado em como o título da LEVEL-5 se sairia na versão para Switch, e foi um alívio ver que o jogo roda bem e proporciona batalhas sólidas. Mirando nos 30 fps, as lutas em Ni No Kuni II continuam super divertidas, mesmo que não tenham a fluidez e a riqueza de detalhes das versões pro PS4 ou pro PC. 

Nas áreas de exploração percebemos que muitas coisas foram retiradas, para que tivéssemos um melhor desempenho no Switch, e nesses locais as batalhas começam automaticamente e, mesmo assim, o jogo consegue manter os fps de forma decente, com alguns engasgos (o que é normal), mas sem atrapalhar a jogabilidade.

As áreas de exploração do jogo proporcionam uma boa experiencia.

A arte com genes do Stúdio Ghibli e os sacrifícios, como a diminuição na qualidade das sombras e draw distance, possibilita que tenhamos uma experiência consistente em locais como dungeons, florestas, cidades e afins. Já no mapa-mundi, uma área muito maior, temos muitas quedas de performance, mas felizmente não é um lugar onde precisamos de um tempo de reação rápida, permitindo com que a experiência continue funcional, mesmo com alguns travamentos, e, obviamente, mais simples que nas versões para plataformas mais potentes. 

Além das ajudas dos seus companheiros de party, somos auxiliados, durante os combates, pelos Higgledies, criaturinhas mágicas que vêm da natureza e que são de grande ajuda nos combates (existem centenas deles e podem ser coletados durante a jogatina). Os Higgledies chegam como forma de substituir os familiares do primeiro jogo, mas são bem diferentes destes (que mais pareciam pokémons), pois eles ajudam nos combates nos curando ou seguindo nossas ordens para atacar os inimigos. Ao lado deles e dos companheiros do grupo, temos o prazer de batalhar com uma variedade de armas, itens e roupas, que não estavam presentes no game original, graças a todos os conteúdos de DLC que já estão inclusos nesta versão para o Switch. 

Construindo e batalhando pela esperança 

Os heróis prontos para defender e gerir Evermore

Ni no Kuni II tem várias novidades se compararmos ao primeiro jogo de 2011: o sistema de combate diferenciado, os Higgledies , a gerência do reino de Evermore e as batalhas campais de exército contra exército, chamadas de skirmishes

Gerenciar o reino mágico de Evermore é algo muito bacana e, por conta da mobilidade do Switch, se torna ainda mais divertido e relaxante. Nesta parte do jogo conseguimos cidadãos específicos para se instalarem nas construções do reino e, assim, dispomos de padeiros, farmacêuticos, vendedores e armeiros.

Tendo Roland como espécie de primeiro-ministro e Evan como rei, precisamos gerir a economia de Evermore e fazer o país à nossa maneira, desde os jardins até os mercados. Durante a jogatina os cidadãos ganham experiência e sobem de nível, junto com os estabelecimentos, quanto mais alto os níveis das construções, mais benefícios temos. O sistema é completo e, de certa forma, complexo, sendo uma parte importante daqui.    

Construindo um reino melhor

Defender o reino é necessário, e a própria majestade vai para o fronte de batalha nessa parte interessante do jogo, a Skirmish. Aqui, uma outra gameplay é revelada, sendo algo totalmente diferente do sistema de combate normal. Durante as batalhas de Skirmish, temos o controle de Evan e de quatro batalhões, cada um com habilidades diferentes que circulam nosso monarca felino. Usando os botões R e L, é preciso mudar a direção de cada batalhão de acordo com as necessidades durante aquele momento bélico. Esse é o modo menos interessante de Ni no Kuni II, por conta da falta de missões e de profundidade na jogabilidade. No console da Nintendo, é possível ver que, durante os Skirmishes, o título mira nos 30fps, mas, por vezes, sequer consegue alcançá-los, dado o tamanho dos campos de batalha e da quantidade de inimigos que podem aparecer na tela. 

Transformando lágrimas em sonhos 

Mesmo sem o envolvimento direto do célebre estúdio de animação Ghibli, é fácil dizer que o segundo Ni No Kuni supera em tudo o seu antecessor, e não dá pra negar que o estilo e a magia do estúdio nipônico estão presentes no game. Apesar da história utilizar muitos clichês e não ser tão tocante quanto a do primeiro título, no conjunto da obra, ela consegue ser emocionante e bela. No Switch, por mais que alguns elementos gráficos e de desempenho tenham sido retirados, nada estraga a experiência que mescla um bom JRPG com uma ótima jogabilidade e os encantos do DNA Ghibli. 

A trilha sonora, composta e orquestrada por Joe Hisaishi e executada pela filarmônica de Tóquio, dá uma pitada de fantasia mais que especial, fazendo com que o game salte do ordinário para ser colocado ao lado de obras-primas do gênero. Aproveitar tudo isso com as vantagens do Switch, é delicioso e, de certa forma, pode ajudar o jogador a mergulhar nesse mundo mágico. 

A vinda de Ni No Kuni II: Revenant Kingdom, com uma edição completa para o console da Nintendo, foi mais do que bem executada. Apesar dos problemas técnicos, impostos pelo hardware, a edição do Switch tem a maior quantidade de conteúdos e, como as vendas do aparelho só sobem, a chegada dessa versão é uma grande oportunidade. Muitos jogadores poderão experienciar Ni no Kuni II pela primeira vez, ter a chance de embarcar nessa jornada, vivenciar devidamente todas as emoções e se apaixonar por essa obra esplêndida que fala sobre se recuperar de traumas, se libertar das angústias e dos pesares e transformar as lágrimas mais amargas em doces sonhos. 

Revisão: Jason Ming Hong

Cópia de Switch adquirida pelo autor

Ni no Kuni II: Revenant Kingdom

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • Chuva de conteúdos
  • História e personagens marcantes
  • Chuva de conteúdo
  • Trilha sonora esplendida
  • Modo portátil

Contras

  • Alguns problemas técnicos
  • Quedas de fps podem assustar as vezes