Bom humor e muita irreverência autodepreciativa se aliam ao sobrenatural nesta aventura contra o domínio nazista na gelada terra de Sundäe. Descubra todos os segredos dos moradores desta peculiar cidade enquanto tenta quebrar a maldição da bruxa antes que seja tarde demais.
Desenvolvimento: Indiesruption
Distribuição: Blowfish Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PS4, Xbox One, PC, Switch
Duração: 4.5 horas (100%)
Infiltrado no Reich
Na tentativa de sair vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, os nazistas lançam mão de forças ocultas que acabam por envolver uma cidadezinha da Noruega em total escuridão. Em poucas palavras, essa é a premissa de Nine Witches: Family Disruption, um pixel art adventure desenvolvido pela Indiesruption e publicado pela Blowfish Studios.
Em Nine Witches, controlamos dois personagens, o professor Alexei Krakovitz, autoridade em projeção astral; e seu fiel assistente e guarda-costas, Akiro Kagasawa, cada qual com habilidades únicas. Akiro é o personagem que controlamos na maior parte do jogo, e ele traz consigo uma ótima arma que por vezes trava em meio ao combate, mas geralmente funciona muito bem nas seções de tiroteio. Já o professor Krakovitz é tetraplégico, o que limita bastante suas interações físicas com o ambiente, mas ele pode projetar seu espírito para fora do corpo – algo muito útil para entrar sorrateiramente em ambientes proibidos, o que facilita muito a exploração.
Estudioso do oculto, o professor é procurado pelo primeiro-ministro norueguês para investigar o que está acontecendo na pitoresca cidade de Sundae, na província de Mylkshake, que após ser invadida pela sombria Okkulte-55, se encontra imersa na escuridão. Para isso, Krakovitz e Kagasawa devem se infiltrar no Eklipse Fest, um festival patrocinado pelos nazistas, para descobrir os planos nefastos da Okkulte-55 e pará-los antes que possam dominar o mundo.
Mistérios e Maldições em Pixel Art
Como um bom adventure, a jogabilidade em Nine Witches consiste em explorar ao máximo o cenário e exaurir todas as opções de diálogos ao interagir com outros personagens. O jogo traz uma boa gama de personagens, entre os moradores de Sundae, membros da Okkulte-55 e os membros da resistência, e faz um bom trabalho em conectá-los ao enredo. O diário de Akiro contém os objetivos das missões e, conforme o jogador obtém mais informações, os objetivos vão se modificando. Ao longo da jogatina, surgem momentos de resolução de puzzles, e a maioria exige uma quantidade razoável de backtracking, pois nem todos os itens do cenário estarão disponíveis na primeira visita dos personagens. De maneira geral os puzzles são bastante simples, mas é possível usar e abusar do método de tentativa e erro para descobrir como usar e combinar alguns itens.
Um ponto que se mostra um tanto problemático é o combate. O jogo traz apenas duas dificuldades de combate: Desafiador e Fácil, e enquanto a dificuldade Desafiador é fiel ao nome, na Fácil, a facilidade é levada ao extremo, ao ponto de basicamente não existir combate algum. Embora a maneira encontrada de facilitar o combate seja bastante engraçada e coerente com o humor galhofa, poderia ser uma mecânica melhor executada.
Os gráficos em pixel art são uma obra de arte à parte.Todos os cenários são muito bonitos, as animações são impecáveis e o estilo retrô casa muito bem com a atmosfera do jogo – que traz uma opção de filtro preto e branco, para os entusiastas. Outro ponto digno de nota são as abundantes piadas e trocadilhos,que faz muitas referências e piadas com sua própria realidade em um mundo pixelado e até mesmo oferece um ou dois momentos de quebra da quarta parede. Nine Witches: Family Disruption oferece também elevadas doses de humor escatológico e efeitos sonoros recorrentes – o meu favorito é a risada do vendedor de Salmão-de-Três-Testículos que vai se espalhando tal qual um soluço por todos os personagens.
Perdido no Eclipse
Outro ponto negativo que impactou a minha jogatina foi a falta de dicas mais diretas para alcançar alguns objetivos. O diário de Akiro, apesar de conter os objetivos básicos das missões, não oferece nenhuma ajuda ou localização de onde pode estar o item que precisamos, levando a intermináveis passeios pelo mapa procurando em todos os locais possíveis até encontrar um item que possa ser trocado ou utilizado no processo de completar a missão.
Compreendo que o quê hoje pode parecer uma perda de tempo, era muito utilizado nos adventures de outrora, porém é uma mecânica que poderia ser atualizada com o uso de fast travel para as diversas partes do mapa – que seria extremamente útil na porção final em que o backtracking aumenta exponencialmente, pois todas as áreas já foram abertas para exploração. Porém, não é algo que chegue a atrapalhar o progresso, especialmente tendo em vista o curto tempo levado para completar a campanha – cerca de quatro horas, ótimo para aqueles que dispõem de pouco tempo livre.
Em resumo, Nine Witches: Family Disruption é um excelente adventure em terceira pessoa, cujos adoráveis gráficos em pixel art trazem um charme especial e sua narrativa divertida e repleta de reviravoltas não desapontam em entreter o jogador. Recomendado para todos os amantes dos adventures e, principalmente, para todos que gostam de algo dinâmico e bem humorado, afinal, poucas coisas são mais divertidas que exterminar zumbis nazistas.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Nine Witches: Family Disruption
Prós
- Gráficos em pixel art sensacionais
- Divertidos efeitos sonoros
- Boa variedade de personagens
- Puzzles simples e eficientes
- Muito humor galhofa
Contras
- Dificuldades de combate desbalanceadas
- Falta um fast travel no mapa
- Os objetivos podem ser um tanto confusos
