Spirit of the North Enhanced Edition Capa

Review Spirit of the North Enhanced Edition (PS5) – Siga a raposinha

Seguir as raposinhas tantas vezes para os santuários de Inari foi uma das reclamações de quem fechou 100% o melhor game de 2020, Ghost of Tsushima. Porém, para mim foi uma das melhores experiências do jogo. Imaginem a minha alegria quando eu soube da existência de Spirit of the North Enhanced Edition, que tem como protagonista uma raposa vermelha?

Desenvolvimento: Infuse Studio

Distribuição: Merge Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura

Classificação Indicativa: 10 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC e PS5

Duração: 5 horas (campanha)/8 horas (100%)

Trotando pela Islândia

Os cenários de Spirit of the North são grandes e vazios, mas também são bonitos.
Os cenários de Spirit of the North são grandes e vazios, mas também são bonitos.

O propósito é explorar as paisagens da Islândia, examinando os elementos de uma civilização desaparecida para descobrir como e por que desapareceram. A raposa é acompanhada por uma Fylgja – no folclore nórdico, é um ser sobrenatural que acompanha uma pessoa rumo a seu destino. Esse Fylgja se manifesta primeiro como uma raposa e, depois, como um ponto de luz. Na prática, é bastante útil porque essa luz marca o caminho e os objetivos, ajudando o jogador a se orientar no ambiente. 

A principal base narrativa é o “Lugar Contaminado pelo Mal”: isto é, partes do mundo que estão contaminadas, enfraquecendo a raposa. Isso é contornável por meio das habilidades espirituais que são adquiridas ao longo do enredo, carregadas quando a raposa adquire energia em meio às flores azuis. Quando isso ocorre, seu pêlo muda de cor, ganhando elementos de luzes que remetem ao TuliKettu, espírito-raposa cuja cauda gera as luzes da aurora boreal.

Essas habilidades espirituais são esgotáveis e acionadas por botões contextuais – ou seja, não servem o tempo todo, nem em todos os lugares.

Siga a raposa branca

Interagir com a raposa branca por meio de latidos rende um troféu.
Interagir com a raposa branca por meio de latidos rende um troféu.

Spirit of the North Enhanced Edition não tem cutscenes, nem prólogo e nem pistas do que fazer. A direção de arte ajuda muito na ambientação, mas principalmente, nos elementos visuais que indicam ao jogador o caminho a seguir. Assim, ao ver uma faixa vermelha no céu, o primeiro impulso é segui-la para ver onde a faixa termina; a partir daí, o jogo oferece alguns puzzles que não são difíceis; são sequências de encadeamento lógico ativadas por botões contextuais.

O coletável do jogo

A dinâmica recuperar cajados e acordar os xamãs é bem repetitiva.
A dinâmica recuperar cajados e acordar os xamãs é bem repetitiva.

Um exemplo prático: ao seguir o céu vermelho, a raposa encontra um cajado. Ao pegar o cajado (botão contextual bolinha), percebe que há uma brecha para onde seguir. Ao seguir a brecha, percebe-se que a ponta do cajado brilha e vibra; encontra o corpo de um xamã e um novo botão contextual. Esse cajado é o único item coletável, por assim dizer. Tanto os cajados quanto os xamãs estão espalhados pelo mundo, assim como murais que ilustram a queda dessa civilização. Talvez por esses aspectos, Spirit of the North me remeteu bastante a outro título: Journey.

A raposa tanto vai ao ninho que um dia deixa o focinho

O cenário vermelho indica a presença mais forte do Mal.
O cenário vermelho indica a presença mais forte do Mal.

Apesar da boa ambientação, boa música e excelente direção de arte para essa temática folclórica e espiritual, o título ainda é um jogo e deve ser avaliado como tal. E aí começam os desapontamentos. 
Os puzzles são simples, mas ainda assim é possível o jogador empacar em alguns devido à mecânica dos pulos em plataformas. Não é uma física bem implementada; o arco do pulo é irregular e nem sempre acerta o ponto correto (hitbox). Nos primeiros capítulos isso não atrapalha tanto porque as “sequências lógicas” tem elementos próximos uns dos outros. Mas a partir do capítulo 4, esses elementos começam a ficar mais distantes, e o cenário maior; assim um pulo aleatoriamente errado obriga o jogador a voltar no cenário para reiniciar a resolução.

Repetições muito repetidas

Os totens espalhados pelo território garantem habilidades adicionais.
Os totens espalhados pelo território garantem habilidades adicionais.

Ainda nessa linha, o salvamento do jogo também é bem ruim. O save acontece por checkpoints, sem possibilidade de salvar manualmente. Já no final do capítulo 5, no último puzzle – envolvendo os malditos pulos – precisei desligar o console. Ao retornar, estava no meio do capítulo. Para um game que pretende ser relaxante, Spirit of the North causa frustração enorme devido à repetição.

Edição Melhorada?

O modo foto de Spirit of the North Enhanced Edition não é dos melhores.
O modo foto de Spirit of the North Enhanced Edition não é dos melhores.

Spirit of the North foi lançado no final de 2019; mas seguindo o lançamento da nova geração de consoles, recebeu um patch com melhorias gráficas para PC e uma nova versão no PS5, chamada Spirit of the North Enhanced Edition. Essa é a versão que recebemos para esta review.

Apesar disso, a movimentação de câmera e as animações da raposa não são fluídas como se espera em um console de nova geração. Em alguns momentos não só faltam quadros como se percebe as texturas carregando nos cenários. Some-se a isso o backtracking por culpa dos pulos da sorte que às vezes acertam o objetivo e às vezes, não… e a gente se questiona se os desenvolvedores acreditam que só dar um tapa no visual é suficiente para chamar de “edição melhorada”. 

Fim da Jornada

Apesar dos cenários serem grandes, o caminho é um só.
Apesar dos cenários serem grandes, o caminho é um só.

Belas paisagens, boa ambientação, narrativa intrigante e boa trilha sonora. O jogo parece um 9/10, não? Se a física do jogo e o salvamento automático fossem melhor implementados, eu jogaria novamente Spirit of the North – até para entender melhor como a civilização veio a desaparecer – e também daria uma nota maior ao título. 

Quem tem PS5 está procurando exclusivos e também jogos melhorados especificamente para o console. É normal que desenvolvedores aproveitem para reempacotar seus games aproveitando esse vácuo de lançamentos, característico de qualquer início de geração. Spirit of the North é um bom jogo, mas esses elementos de pulos e de save acabam por quebrá-lo. Deveriam ter focado em consertar isso, já que visualmente a versão original é muito bonita. 

Talvez os desenvolvedores devessem ter levado a sério a proposta de ser um game relaxante ao invés de adicionar elementos de frustração que, repito, nada tem a ver com a dificuldade desse produto, especificamente. 

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

7.5

7.5/10

Prós

  • Trilha Sonora
  • Ambientação
  • Ser uma raposa

Contras

  • Ausência de fator replay
  • Narrativa truncada
  • Jogabilidade