Depois de um bom tempo, a Team Ninja finalmente está retornando a uma de suas principais franquias, dessa vez com o desenvolvimento nas mãos do pessoal da PlatinumGames – uma parceria inesperada, mas que combina perfeitamente com a proposta da série. Ninja Gaiden 4 é um jogo de ação no estilo hack ‘n’ slash com uma jogabilidade fenomenal, mas que acaba sendo prejudicado por uma história irrelevante e um balanceamento ruim nos confrontos.
Desenvolvimento: Team Ninja, PlatinumGames Inc.
Distribuição: Xbox Game Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos (linguagem imprópria, violência extrema)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 11 horas (campanha)/26 horas (100%)
História meio irrelevante

O título coloca os jogadores na pele de Yakumo, um novo protagonista que precisa explorar uma versão futurista de Tokyo para acabar com uma maldição protegida pela Ordem do Dragão Divino, uma organização cujo um dos membros é Ryu Hayabusa, o personagem principal dos outros lançamentos da franquia.
Mas, apesar dos bons gráficos, com mapas que fazem uso constante de efeitos volumétricos e de iluminação que criam uma excelente atmosfera, e da premissa de trazer esse embate entre protagonistas diferentes, a história é o ponto fraco do título. Com exceção dos momentos com uma ação absurda, a trama não é exatamente interessante e serve muito mais como uma desculpa para que a jogabilidade aconteça.
Jogabilidade rápida

Ninja Gaiden 4 é consideravelmente mais focado na ação e na velocidade do que o game anterior da franquia, a edição Black de Ninja Gaiden 2. O título tem mais do DNA da PlatinumGames, conhecida principalmente pela saga Bayonetta, do que da franquia em si, mas ainda mantém algumas características importantes que definem a série da Team Ninja, como a movimentação e a quantidade exagerada de oponentes a serem derrotados a todo instante.
Esse balanceamento dos confrontos é, de longe, o maior problema de Ninja Gaiden 4. Os duelos vão, aos poucos, ficando extremamente maçantes por causa do tempo levado para lidar com cada onda de inimigos – e não há nenhuma trilha sonora mais presente para trazer adrenalina a esses momentos. Pelo menos, é possível avançar pelas fases sem matar todos os oponentes, mas isso também se torna cansativo, porque as fases se estendem por um bom tempo.

Cada missão dura cerca de 30 minutos, e uma mesma tarefa principal pode acabar levando horas até o seu fim – que geralmente culmina em uma grande boss battle. O título não é completamente linear, já que há vários objetivos secundários opcionais que podem ser concluídos no decorrer da campanha, sendo uma boa adição que estende a longevidade do game.
Complicado, mas com facilidades

Ninja Gaiden 4 é um game hardcore até na opção de dificuldade mais simples, pois essa questão do número dos inimigos não muda. Porém, há várias configurações distintas, dedicadas tanto para quem busca uma experiência tranquila quanto para quem quer um verdadeiro desafio, além de diversas opções de acessibilidade, como indicadores que mostram para onde avançar na campanha e facilidades adicionais na jogabilidade, como cura e esquivas automáticas – que acabam tirando parte da graça do game, que passa a ser jogado praticamente sozinho com essas funcionalidades ativadas.
Yakumo, o protagonista de boa parte da aventura, tem acesso a uma infinidade de stances e habilidades que vão sendo desbloqueadas por toda a aventura, com toda a profundidade na jogabilidade esperada em um título feito pela PlatinumGames. O desbloqueio de novos golpes é feito com duas moedas, recompensadas ao encontrar baús nos mapas e ao eliminar adversários. O problema é que uma dessas moedas é usada na liberação de skills e na aquisição de itens que restauram a vida do personagem. Por isso, é complicado ter dinheiro suficiente para melhorar Yakumo e, ao mesmo tempo, manter uma boa quantidade de itens à disposição ao longo da campanha.

Algumas batalhas contra chefes nem sempre contam com um ponto para reabastecimento, sendo comum morrer no meio de uma luta e ter que recomeçar em uma parte do mapa que permite comprar novos aprimoramentos. Ao mandar o jogador diretamente para uma boss battle durante a campanha, mas oferecer essa possibilidade de reabastecimento apenas ao reiniciar o progresso, o título privilegia o espetáculo e assume o risco de frustrar os jogadores pela falta de itens nos principais confrontos do jogo – e não foi uma decisão que funcionou.
Ainda assim, várias das habilidades que podem ser desbloqueadas poderiam estar disponíveis desde o começo da campanha, pois é necessário um pequeno grind para liberar movimentos vitais para a gameplay, como funções defensivas, por exemplo. Alguns ataques requerem combinações no analógico junto aos botões normais do controle, resultando em um sistema de combos que acaba não funcionando tão bem quanto poderia por conta do foco na movimentação. Fora isso, Ninja Gaiden 4 é um hack ‘n’ slash sensacional, estiloso e exagerado, mas apenas um pouco cansativo pela falta de balanceamento na quantidade de inimigos.
Vale a pena jogar
Ninja Gaiden 4 é certamente um jogo essencial para quem gosta de um bom hack ‘n’ slash, um estilo que anda em falta nos últimos anos. Apesar do design dos encontros passar longe de ser empolgante, dos pequenos problemas na progressão e da narrativa que existe só por existir, o título é um acerto por parte da Team Ninja e da PlatinumGames, que entregaram, acima de tudo, uma jogabilidade sólida que resulta tranquilamente em mais um excelente nome para seu gênero.
Cópia de Xbox Game Pass para PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong




