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Review No More Heroes 3 (PS4) – A experiência doida de Suda 51

Um ano após seu lançamento no Nintendo Switch, No More Heroes 3 chega às outras plataformas do mercado. A última aventura de Travis traz toda a narrativa maluca esperada das obras de Suda51, além de uma gameplay frenética e cheia de estilo.

Desenvolvimento: Grasshopper Manufacture

Distribuição: Marvelous USA

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação

Classificação: 16 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: Xbox One, PC, Switch, PS4, PS5, Xbox Series X/S

Duração: 12.5 horas (campanha)/16.5 horas (100%)

Não há heróis aqui

Travis Touchdown precisa enfrentar uma ameaça de outro mundo

No More Heroes 3 é, até o momento desta review, a aventura final do otaku Travis Touchdown. O jogo tenta servir como um encerramento estrondoso da série, ao mesmo tempo que tenta subverter as expectativas dos jogadores. Como toda obra feita por Suda51, o game possui uma vibe bem única e abusa do estilo para deixar sua marca.

A narrativa do título acontece anos após os jogos anteriores. Aliens, sob o comando do maligno Príncipe FU, invadem a terra e começam a destruir a cidade de Santa Destroy. Travis acaba participando inicialmente para proteger o local, mas, a missão logo se torna pessoal quando FU elimina um de seus amigos.

Referências à cultura pop são parte da narrativa de NMH3

No More Heroes 3 busca apresentar aos jogadores uma narrativa que quebra todos os clichês possíveis do tema de Super Heróis. FU se declara como tal, e Travis faz diversas referências aos tipos de justiceiros que podem ser encontrados em filmes da Marvel, por exemplo, os tokusatsus e kaijus, conhecidos e adorados no Japão, que são mencionados e servem de inspiração para inimigos e temas que serão encontrados ao longo da aventura.

A narrativa de No More Heroes 3 também deixa muito espaço para imaginação sobre os seus eventos. Muita coisa acontece e não há explicação. Ainda assim, existem certos momentos bem engraçados e absurdos, que fazem com que o melhor seja não levar tudo a sério.

É preciso jogar Travis Strikes Again para entender a narrativa de NMH3

Por ser tratar de ser uma sequência, No More Heroes 3 espera que o jogador conheça os títulos anteriores. Apesar de possuir referências aos dois primeiros jogos da série, o recomendado mesmo é ter jogado Travis Strikes Again, spin-off que está disponível no PlayStation 4, PC e Switch. 

Tentar experimentar No More Heroes 3 sem ter jogado Travis Strikers Again não é recomendado. A narrativa do novo título utiliza bastante do que foi introduzido no spin-off e, sem esse conhecimento, muita coisa da história vai passar batido ou não fará sentido.

O estilo único de Suda51

NMH3 abusa bastante do estilo para agradar jogadores

No More Heroes 3 é um jogo que esbanja estilo. Buscando utilizar todas as possibilidades do seu médium de origem, jogadores são agraciados com um título que tenta ser algo bem meta. Inimigos derrotados dispensam efeitos visuais que remetem clássicos da década de 80, e há vários momentos nos quais o jogo muda seu estilo de jogabilidade para dar uma mexida na fórmula.

A apresentação do título é um charme à parte. Como No More Heroes 3 foi produzido com um orçamento mais apertado, os visuais e outros efeitos podem deixar a desejar. Entretanto, assim como é o caso de um desenvolvedor indie, a equipe da Grasshopper buscou surpreender com as cutscenes, introduzindo cenas com vários estilos diferentes e até mesmo algumas referenciando a cultura pop ocidental e oriental.

NMH3 usa diversos estilos de arte

O jogo é dividido em capítulos, que possuem uma opening e um ending como se fosse um show de TV. A introdução de cada parte da narrativa também começa com Travis e seu amigo Bishop comentando, em estilo de podcast, os filmes do diretor Japonês Takashi Miike. Por fim, antes dos duelos contra os vilões, existe toda uma cena entre o chefão do capítulo e FU, que busca recriar bem a vibe de amigos dizendo o seu adeus antes da batalha final.

Talvez essa razão de abusar demais do estilo possa ter prejudicado um pouco No More Heroes 3. Em certos momentos é possível notar que o game tenta esconder alguns de seus problemas de narrativa, ou jogabilidade, atrás disso. Entretanto, a franquia sempre buscou se destacar de seus rivais com seus momentos fora do normal, então talvez os desenvolvedores só tentaram superar seus trabalhos anteriores.

Bem vindo ao jardim da insanidade

A jogabilidade de No More Heroes 3 é boa, mas possui seus problemas

A jogabilidade de No More Heroes 3 é divertida e possui pontos fortes e fracos. Os fãs dos dois primeiros títulos vão notar que o sistema de combate foi modificado, passando do estilo de golpes acima e abaixo da linha da cintura, para ataques fortes e fracos, uma simplificação que busca tentar tornar as coisas mais acessíveis.

Simplificação é a palavra chave para No More Heroes 3, quando o assunto é jogabilidade. Travis não adquire novos tipos de Beam Katanas, a arma utilizada pelo protagonista. Os combos são bem básicos e não existe muita variedade. A adição ao combate é a luva Death Mark MK.II, que concede quatro tipos diferentes de habilidades ao personagem, podendo ser usadas para estender ataques ou abrir espaço para respirar quando estiver em apuros.

Pouca variação de inimigos tornam os combates entendiante após um tempo

Travis também pode comprar sushi para comer durante ou antes dos combates. Os efeitos são variados e vão desde recuperar vida ou adquirir buffs. Também é possível utilizar pontos, adquiridos após completar as lutas, em uma máquina de fliperama para melhorar as habilidades do protagonista.

No More Heroes 3 reintroduz o mundo aberto que estava disponível no primeiro jogo da série. Jogadores são incentivados a explorá-lo em busca de batalhas, itens secretos e missões extras. Antes de enfrentar os chefões, é necessário completar certos duelos e adquirir dinheiro, que pode ser conseguido ao finalizar lutas ou através de trabalhos, realizados na forma de mini-games.

Os problemas de No More Heroes 3

Problemas com texturas estão presentes no port de PS4 de NMH3

A versão de PlayStation 4 de No More Heroes 3 também sofre problemas que já estavam presentes no lançamento original do Nintendo Switch. Apesar das lutas agora não possuírem slowdowns, pop-in de texturas durante cutscenes ou momentos de jogabilidade ainda são notáveis.

O game também decidiu limitar seus momentos de ação a pequenas arenas, removendo os estágios, uma marca registrada da série. Existem poucas variedades de locais que são utilizados para os duelos. Inimigos também são bastante limitados, com pouca variação de oponentes que podem ser enfrentados. Estes dois elementos acabam deixando o título com uma cara de inacabado. Em 12 horas de jogatina, ficará cansativo rever as mesmas coisas múltiplas vezes.

No More Heroes 3 está disponível em português, com as legendas das dublagens adicionando certos sotaques aos personagens, mesmo que suas vozes não apresentem tais elementos. Infelizmente, existem alguns erros de português em certos momentos, assim como problemas de colocar símbolos especiais.

Uma experiência de outro mundo

No More Heroes 3 é um jogo único com bastante estilo para destacá-lo dos rivais. A aventura de Travis será memorável, seja por seus momentos loucos ou as múltiplas referências à cultura pop. Os fãs de Suda51 vão curtir bastante o título, que continua com o bom trabalho de ser uma experiência diferente do esperado.

Infelizmente, a simplificação na jogabilidade, pouca variedade de inimigos e a remoção dos estágios mostra que a parte da ação não foi tão bem trabalhada. Como um hack-and-slash, No More Heroes 3 deixa a desejar, especialmente se comparado a outros títulos do gênero disponíveis no PlayStation 4.

Alguns dos problemas da versão de Switch continuam presentes aqui e deixam o lançamento com uma cara de port mal feito. Ainda assim, a experiência é interessante e vale ao menos uma jogatina. Para quem gosta de jogos mais “malucos”, No More Heroes 3 é uma boa pedida.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

No More Heroes 3

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • Narrativa continua com o estilo doido de Suda51
  • Jogo esbanja estilo
  • Legendas em Português

Contras

  • Simplificação do sistema de batalha
  • Pouca variedade de inimigos
  • Pop-in de texturas continuam presente