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Review Observer System Redux (Xbox Series S) – Terror Cyberpunk

Observer System Redux é a versão estendida do adventure indie de terror investigativo, em primeira pessoa, com temática cyberpunk – lançado originalmente em 2017 – que chega agora aos consoles de nova geração e PC. Desenvolvido e publicado pela Bloober Team no dia 10 de novembro, para PC, PS 5 e Xbox Series X/S, o jogo além de trazer novas texturas em alta resolução, suporte para HDR, Ray Tracing e se aproveitar do SSD para carregamento muito mais rápido, apresenta três novas missões secundárias: Errant Signal (Sinal errante), Her Fearful Symmetry (Simetria Macabra) e It Runs in the Family (Coisa de família).

Na versão de Xbox Series S, Observer System Redux leva menos de cinco segundos para iniciar. Apesar do console não possuir gráficos em 4K nativos – por conta da limitação do hardware – faz muito bom uso do HDR, apresentando efeitos belíssimos de luz, partículas de poeira, chuva e sombra, fazendo da experiência no pequeno console da Microsoft algo digno da nova geração.

Desenvolvimento: Bloober Team
Distribuição: Bloober Team
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror, Puzzle
Classificação indicativa:
 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S
Duração: 6.5 horas (campanha)/10 horas (100%)

O ano é 2084

Logo no início recebemos uma misteriosa ligação.

A história se passa em 2084. Em meio aos avanços tecnológicos que possibilitaram implantes que prolongaram a vida da raça humana, o mundo se depara com uma praga digital batizada de Nanofagia, a qual matou centenas de pessoas e acabou levando à uma guerra. Muitos sobreviventes se tornaram dependente de uma droga chamada Sincrozim. Em meio a tudo isso, uma grande corporação chamada Chiron se beneficia do caos e assume não só o controle social, mas também o político.

Em Observer System Redux controlamos Daniel Lazarski (brilhantemente interpretado pelo finado Rutger Hauer) um detetive de uma divisão da polícia polonesa – controlada pela Chiron – conhecida como Observer.  A trama tem início com o telefonema de uma figura misteriosa. Do outro lado da linha, supostamente estaria Adam, filho do detetive, que há muito não falava com o pai. Na ligação Adam pede por ajuda sem entrar em detalhes sobre o que está acontecendo. 

Ao triangular a chamada, nosso herói consegue o endereço de um prédio residencial, que abriga populares de pouco prestígio social, em Cracóvia. O problema é que ao chegar ao local, Lazarski se depara com uma série de assassinatos e com o confinamento de todo o prédio. A partir daí passamos a investigar não só o paradeiro de Adam, mas também as misteriosas mortes no complexo residencial.

Detetive neural

A visão eletromagnética ajuda em nossa investigação.

Lazarski se utiliza de implantes tecnológicos para solucionar crimes, como a Biovisão (que o permite analisar materiais orgânicos) e a Visão Eletromagnética (para analisar materiais tecnológicos). Além desses dispositivos, podemos fazer interrogatórios neurais com um outro aparelho chamado de Devorador de Sonhos. Com ele, conseguimos vasculhar vestígios de memórias ao “hackearmos” implantes cerebrais dos investigados.

Quando entramos na mente dos investigados, parece que adentramos um pesadelo. As memórias são fragmentadas, as visões subjetivas (refletem medos, anseios, não necessariamente o fato), algumas vezes a física muda, vozes e ruídos ecoam por todos os lados – jogar com fones de ouvido aumenta ainda mais a nossa imersão nesse mundo caótico. Enfim, a forma como somos abraçados pelo game é simplesmente sensacional.

O clima de Observer System Redux é pesado e a tensão é constante. Pouco a pouco vamos perdendo noção da realidade. Os cenários são escuros, porém ricos em detalhes. Em ambientes de pouca luminosidade podemos utilizar ainda uma visão noturna para facilitar nossa investigação. Ao longo de nossa jornada vamos descobrindo mais da Chiron e do passado da Lazarski, em especial a sua conturbada relação com seu filho, Adam.

História maravilhosa, desafio nem tanto

Os gráficos estão lindíssimos.

As referências ao sub-gênero Cyberpunk, muito explorado em obras de ficção, são apresentados em detalhes. A degradação social, propagandas e poder corporativo, o isolamento provocado por uma vida pautada na existência no mundo virtual e até mesmo alguns easter eggs. Vez ou outra, por exemplo, encontramos em algum canto do cenário uma cópia do romance distópico 1984, de Oliver Orwell.

Salvo toda a questão da história e ambientação (que estão impecáveis) o jogo falha um pouco ao não diversificar suas mecânicas. Observer System Redux alterna o processo investigativo em três pontos: interrogar os não tão simpáticos moradores do prédio nos levam a um local específico, analisar e diagnosticar todo material biológico e tecnológico atrás de pistas, e seguir essas pistas que nos levam a um corpo que precisamos “hackear” seu implante cerebral para descobrirmos mais pistas. E tudo isso vai se repetindo até o final do jogo.

Nesse sentido, os puzzles – apesar de existirem – são fáceis de serem solucionados, escassos e pouco variados. Até mesmo a dependência de Lazarski no Sincrozim poderia ser mais bem explorada. De tempos em tempos temos que tomar os comprimidos da droga para nivelar nossos sinais. Mas, o que poderia se tornar num elemento de sobrevivência interessante no jogo ficou subutilizado, na medida que encontramos aos montes essas pílulas pelos cenários. 

Para suprir um pouco a ausência de desafio, Observer System Redux ao menos não te pega na mão (como virou tendência na indústria, atualmente). Não há um mapa ou indicativo na tela para onde você tem que ir. Explore e descubra o caminho sozinho. As investigações secundárias prolongam um pouco mais o jogo e nos ajudam a entender melhor esse mundo que passamos a explorar. Em igual forma, o mini game retrô Fire and Sword – que podemos acessar interagindo com os computadores – também ajuda a estender nosso tempo no jogo e servem como escape da história, apresentando em System Redux sete novos desafios. 

Vale a pena conferir

Ao longo das cerca de dez horas que levamos para concluir a história, temos que gradativamente ir montando um grande quebra-cabeças. Porém, nos faltam peças para terminá-lo. Essas lacunas são preenchidas justamente através dos diálogos com os interrogados do prédio e com as análises que fazemos dos vestígios encontrados nas cenas de crime. 

No Xbox Series S foram raras as ocasiões em que Observer System Redux apresentou problemas de performance. No geral, o framerate se manteve estável durante a maior parte da experiência em 60fps. Os gráficos do game são muito bonitos, fazendo bom uso do HDR. Somando a qualidade técnica e visual com a adição do conteúdo extra, temos uma justificativa plausível dessa versão definitiva existir. Vale a pena conferir! 

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox Series S cedida pelos produtores

Observer System Redux

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Gráficos incríveis
  • Ambientação impecável
  • História envolvente
  • Ótima dublagem

Contras

  • Mecânicas repetitivas
  • Puzzles fáceis
  • Pouco desafiador