Neste horror psicológico em primeira pessoa, os piores pesadelos do ser humano se escondem nas sombras e quem quiser sobreviver precisa se manter na luz custe o que custar!
Desenvolvimento: Camel 101
Distribuição: Wired Productions
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PS4, Xbox One, PC
Duração: 5.5 horas (campanha)/14 horas (100%)
Tema a Escuridão
A escuridão tomou conta da pequena cidade de Dormont neste horror psicológico da Camel 101, e se quisermos sobreviver devemos permanecer na luz! Essa é a premissa básica de Those Who Remain, distribuído pela Wired Productions e que permeia todas as mecânicas e a narrativa um tanto conturbada deste título.
Nosso protagonista, Edward, é alguém que já cometeu muitos erros em sua vida e está decidido a consertar o que puder, começando por colocar um ponto final em seu relacionamento extraconjugal. Infelizmente para Edward, a noite do término também foi a noite em que Dormont e seus arredores foram tomados pela mais absoluta escuridão, e todos os habitantes misteriosamente desapareceram sem deixar rastros. Cabe a Edward descobrir o que está acontecendo em Dormont e com seus habitantes, e vasculhar a cidade em busca de algo que possa trazer a cidade de volta ao normal.
A premissa de luz versus escuridão não é exatamente inovadora, mas a Camel 101 tornou esse embate parte primordial de toda a movimentação do personagem através dos cenários. Como aprendemos nos momentos iniciais do jogo, a escuridão guarda não só segredos, como também inimigos implacáveis e um mísero passo no escuridão absoluta invariavelmente leva à morte, portanto devemos procurar por interruptores, isqueiros, geradores e toda e qualquer forma de luz assim que entramos em um novo ambiente. Felizmente todo interruptor é marcado por um LED vermelho, sendo o ponto focal em qualquer ambiente imerso nas trevas, o que facilita a vida do jogador em alguns momentos.
Algo espreita nas sombras
A jogabilidade em Those Who Remain se baseia em poucos comandos, Edward consegue andar ou correr e interagir com objetos. Esse último é essencial para o andamento da narrativa e abrir incontáveis gavetas e armários se torna algo corriqueiro à medida que o jogo progride, o que pode aborrecer algumas pessoas. Pessoalmente, explorar de forma obsessiva todos os recantos do cenário é algo ao qual sempre me dedico nos jogos, então não foi nenhum sacrifício, mas pode não apelar tanto a outros perfis de jogadores.
Um ponto negativo de Those Who Remain é a ausência de um comando para abaixar ou se esconder. A partir de certo ponto na narrativa, inimigos passam a perseguir o protagonista e na maioria das vezes atirar é uma perda de tempo e leva à morte certa, então o que nos resta é usar de stealth e passar despercebido pelos monstros enquanto nos dirigimos ao nosso objetivo. Parece simples, mas a impossibilidade de se abaixar atrás de um carro ou se esconder embaixo de uma mesa muitas vezes leva a cometer erros que resultam na volta ao último checkpoint que alcançamos.
Os checkpoints são outro aspecto negativo que vale a pena ser mencionado. Muito distantes um do outro, não é incomum se ver preso em algum dos vários puzzles do jogo e, ao morrer, ter que refazer um longo trecho apenas para voltar ao puzzle em questão, o que é indiscutivelmente frustrante para o jogador. É uma falha bastante desagradável e que poderia ser facilmente contornada com a simples opção de salvar o jogo manualmente – algo cada vez mais raro de se encontrar atualmente, especialmente nos títulos de terror.
A narrativa de Those Who Remain, apesar de interessante, se desenvolve de maneira bastante conturbada. Sem maiores spoilers, ao longo do enredo Edward se depara com alguns moradores de Dormont e baseado nas informações que encontra sobre esses personagens ao longo do jogo, Edward deve condená-los ou absolvê-los de seus pecados. Uma mecânica interessante que dá sentido à boa parte da exploração feita, mas que falha em se encaixar na narrativa do protagonista que procura expiar os próprios erros e inexplicável, além de subitamente, ganha poderes divinos sobre o destino de outros.
Fique sempre na luz
Se o desenvolvimento do enredo apresenta problemas, o mesmo não pode ser dito dos cenários e da iluminação, que são impressionantes. Dormont parece visualmente saída de um pesadelo, onde tudo é escuro, assustador e pesado, com poucos e intensos focos de luz espalhados por ela e o equilíbrio na iluminação é feito de maneira excepcional de forma que, em plena escuridão, temos os olhos faiscantes dos moradores para nos assombrar e recordar dos perigos que a escuridão traz.
Para completar a ambientação, a arte gráfica excepcional se une à uma sonorização muito bem feita e, ao escutarmos algum barulho, conseguimos ter uma boa ideia de onde ele se originou e para onde devemos fugir, essencial em um jogo do gênero. O progresso é muito bem marcado, com níveis bem estruturados, lineares e praticamente impossíveis de se perder do caminho a ser seguido. À medida que o protagonista decide o destino dos personagens, Those Who Remain se encaminha para um dos três possíveis finais, o que estende o tempo de jogo além da primeira jornada – que tem entre seis e oito horas de duração.
Em resumo, Those Who Remain apresenta bastante potencial com seus puzzles de iluminação e sua narrativa intrigante, mas tropeça ao não apresentar mecânicas de cobertura ou a possibilidade de se esconder em um jogo no qual essas mecânicas poderiam ser incrivelmente bem utilizadas. Apesar disso, é um excelente game de terror sem sustos gratuitos, mas com uma atmosfera capaz de fazer com que muitos voltem a dormir apenas com a luz acesa. Afinal, é na escuridão que os monstros permanecem à espreita dos desavisados.
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Those Who Remain
Prós
- Cenários e arte gráfica excelentes
- Ambientação sonora cumpre bem o seu papel
- Temática complexa e interessante
- Puzzles de qualidade
- Diferentes finais aumentam o fator replay
Contras
- É impossível agachar ou se esconder
- Checkpoints muito distantes entre si
- Salvamento manual se fazia necessário
