Novas mecânicas sempre são bem-vindas para incrementar a jogabilidade de um título. One Hand Clapping traz como diferencial a necessidade do uso da voz para progredirmos, com o uso de fones com microfone embutido. A ideia é boa, mas pode se tornar um pouco cansativa após algum tempo.
Desenvolvimento: Bad Dream Games
Distribuição: HandyGames
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Musical
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox
Duração: 5 horas (campanha e 100%)
Plataformas vocais
O carro chefe de One Hand Clapping é o uso da voz para a resolução de enigmas e deslocamento. Em cada uma das áreas, haverá indicativos de como e quando utilizar suas pregas vocais para criar plataformas, mover objetos e planar. Tudo é bastante intuitivo e fácil de entender como funciona. Também vale ressaltar que os enigmas de cada uma das cinco áreas existentes são bastante criativos e conseguem se aproveitar bem do recurso único do jogo.
A grande questão é: quanto tempo o jogador poderá aguentar a cantoria sem se sentir cansado ou rouco? Por mais que não sejam necessárias grandes habilidades de cantoria, é aconselhável fazer pequenos intervalos durante a jogatina para que sua voz não seja prejudicada. A duração média da aventura é de 5 horas, o que é um tempo bastante elevado para se passar solfejando, murmurando ou fazendo escalas musicais.
E sim, há a variação de tons. É possível fazer um ajuste bastante completo para que a captação do som se adeque ao seu tom de voz, o que é ótimo para quem não consegue atingir frequências mais agudas ou graves. Acreditem, isso é bastante útil, pois haverão sequências que exigirão uma modulação rápida do tom de voz, e isso pode pegar desprevenido quem ainda não achou sua frequência exata.
Por isso a importância de achar a sua afinação ideal no menu. Um exemplo prático: alguns trechos de plataforma precisam de caminhos que só surgem à medida que sustentamos uma nota. Subir para um tom mais agudo faz com que o caminho suba, enquanto deixá-lo grave fará a rota móvel ir para baixo. Todo trecho de puzzle pode ser reiniciado prontamente, mas vamos levar em consideração novamente que o uso constante da voz irá cansar o jogador, o que pode acabar desmotivando um pouco.
Enfim, a mecânica é ótima e funciona muito bem com o desafio proposto pelo jogo, mas, fora isso, nosso personagem só tem mais uma ação, que é o pulo e, convenhamos, ele é um pouco estranho. Vamos começar pelo fato de que ele não corre, mas só anda, e bem devagar como se estivesse com sapatinhos de chumbo. Isso influencia bastante no seu salto, que parece pesado e nos leva a erros de cálculo meio chatos, como não conseguir chegar tão alto ou longe para acessar um local. Isso resulta na necessidade de reiniciar o enigma e começar a “cantar” tudo de novo.
Tudo tão bonito e tão… sem sal?
Como o jogo aposta em um recurso sonoro ativo vindo do jogador, é um tanto quanto óbvio que a trilha sonora não seria nada de estrondoso ou chamativo. Ela até cumpre um bom papel, trazendo delicadeza a cada ambiente. Então as atenções estéticas se voltam inteiramente para a parte visual.
As áreas têm visuais lindos, com variações entre ambientes escuros e claros, em tonalidades mais pastéis e sóbrias. Isso acompanha plenamente a vibe tranquila que a aventura oferece, mas, em contrapartida, One Hand Clapping carece de carisma.
Não há uma história clara que nos faça criar uma conexão com o personagem sem nome ou que justifique o porquê de estarmos fazendo “as” e “us” no microfone loucamente, causando um certo distúrbio nos outros habitantes da casa. E isso pode parecer até exagero, mas esse é o tipo de motivação que empurra o jogador até o final da aventura e faz com que ele se identifique e se aplique com a mecânica.
“Por que temos que cantar para as plataformas aparecerem?”, “Por que apenas nossa voz é a energia que impulsiona todo esse mundo caótico?”, “Quem ou o que é a forma escura e sombria que nos persegue e por que estamos fugindo dela?”. Essas são algumas perguntas que serviriam perfeitamente para adicionar um tempero bacana ao ritmo de One Hand Clapping.
Vale o show, mas não merece bis
A ideia de One Hand Clapping é genial sim, e não tem como negar. Entretanto, o uso da mecânica em si é mais interessante que o jogo como um todo, o que é uma pena. Caso você seja um fã de jogos de plataforma e queira uma experiência leve e diferenciada, então este título é ideal para você.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
One Hand Clapping
Prós
- A mecânica de usar a voz é uma excelente ideia
- Os visuais são muito bem feitos e delicados
- Os puzzles são bem pensados para a jogabilidade
Contras
- Pode ser cansativo jogar por muito tempo
- Pouco uso de recurso narrativo
- Falta carisma
- O personagem é um pouco lento e pesado
- Pode ser difícil se acostumar com as variações mais rápidas entre tons de voz