Payday 3 dá sequência ao título de 2013, trazendo uma nova engine e uma gameplay mais refinada que seu antecessor. O game chegou em um estado técnico lamentável, sendo injogável devido a sua dependência ao sistema de criação de partidas, que raramente funciona de maneira adequada – mesmo após um teste beta promissor.
Desenvolvimento: Starbreeze Studios
Distribuição: Deep Silver
Jogadores: 1-4 (online)
Gênero: Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X/S
Duração: 10 horas (campanha)
Roubando e fugindo
Os objetivos são simples: roubar e fugir. Para isso, Payday 3 permite que a quadrilha opte por diversas abordagens possíveis para realizar essas tarefas, podendo escolher entre um assalto furtivo ou uma ação violenta. As operações retratam várias atividades criminosas, sempre envolvendo o roubo de algum objeto valioso para os mandantes dos assaltos.
Elas seguem um padrão semelhante, exigindo que os jogadores lutem contra as forças policiais enquanto aguardam pelo fim de alguma atividade demorada. É um loop de gameplay que requer a colaboração dos membros do time que pode até ser repetitivo após um certo ponto, mas que nunca deixa de ser divertido.
Missões aleatórias
O jogo não possui uma campanha linear, mas sim um apanhado de missões disponíveis a qualquer momento. Os golpes são meio aleatórios, mas possuem um valor de replay altíssimo. A equipe de desenvolvimento tentou contextualizá-los através de cutscenes, que são liberadas ao finalizar alguma fase pela primeira vez. Entretanto, essas cenas são desinteressantes, visualmente estáticas e não agregam muito valor à obra – mesmo com a participação de estrelas como Ice T, que empresta sua voz e aparência a um dos mandantes da trama.
Em termos de conteúdo, Payday 3 está chegando em um estado mais embrionário do que seu antecessor, que foi suportado por 10 anos. Contudo, os produtores já planejaram as atualizações para os primeiros 18 meses desse novo título. Payday 3 certamente terá uma longa vida pela frente, apesar de seus problemas no lançamento.
Progredindo na bandidagem
Os golpes têm desafios atrelados a eles e a cada abordagem diferente. Completar esses desafios libera pontos de infâmia, o sistema de progressão que desbloqueia novos itens e habilidades conforme o jogador avança de nível. É permitido combinar skills entre as 16 diferentes classes para criar um verdadeiro mestre da bandidagem. Porém, o sistema não recompensa o jogador por concluir os golpes propriamente ditos, mas sim apenas pelos desafios. Com o tempo, eles se afunilam e se tornam objetivos extremamente específicos, e consequentemente, chatos de serem cumpridos.
O jogador só fica com o dinheiro dos golpes, que pode ser utilizado para adquirir novas armas, roupas e máscaras – itens que, por sua vez, estão vinculados ao sistema de infâmia. É possível customizar o visual dos personagens, mas esse é um aspecto bem irrelevante, porque Payday 3 é um jogo em primeira pessoa no qual não vemos nosso personagem no decorrer das partidas.
Performance? Triste
O lado técnico da versão de PC continua terrível, dado que Payday 3 não recebeu melhorias significativas nesse quesito em comparação ao seu teste beta, realizado em agosto de 2023. Os momentos iniciais são marcados por travamentos, visto que o título opta por realizar o processo de compilação de shaders durante a jogatina. Isso acarreta em problemas de stutterings constantes, que ocorrem quando um novo mapa é carregado.
Depois desse período, o jogo funciona em uma boa taxa de quadros, graças à implementação de filtros como o FSR. Payday 3 tem até bons gráficos, apesar dos modelos dos NPCs destoarem completamente do restante da apresentação. Os efeitos de iluminação chamam a atenção, já que eles dão um tom frio para as localidades do título, marcadas por um fotorrealismo que casa bem com a proposta do game.
O jogo erra ao exibir suas cutscenes via arquivos de vídeo pré-renderizados em uma qualidade baixa, que não combina com a nitidez dos gráficos gerados em tempo real. Cada golpe tem sua cena de introdução, mas elas são repletas de falhas de pop-in, até nas configurações mais altas possíveis. No entanto, não existe uma cena de encerramento para as missões. Ao concluir algum golpe, Payday 3 só redireciona o jogador para uma tela que exibe os resultados da operação da vez, sem qualquer animação ou algo do tipo, o que acaba sendo um tanto anticlimático e incompleto.
Servidores? Mais tristes ainda
O grande problema de Payday 3 reside nas suas funcionalidades online. A Starbreeze optou por uma abordagem que requer uma conexão constante aos seus servidores. Só que os servidores em questão não estão constantemente conectados. Isso resulta em um matchmaking que não respeita o tempo de seus jogadores, porque o sistema busca partidas que nunca serão encontradas. E nos raros momentos em que a função consegue encontrar algum time, as missões são prejudicadas por lags constantes, além de quedas na conexão.
Payday 3 também suporta a jogatina entre plataformas distintas, mas do que adianta se a experiência raramente funciona como deveria? Não há sequer um modo que seja verdadeiramente offline, pois até as partidas solo requerem conexão aos serviços dos desenvolvedores, que erraram ao não oferecer essa opção. Nem a possibilidade de hospedar os servidores localmente está presente no título, o que evitaria esses problemas previsíveis que sempre acontecem em lançamentos de jogos online.
É melhor esperar
Em quesitos de jogabilidade, Payday 3 é um jogo legal, mesmo sem apresentar grandes inovações em sua fórmula – que ainda é a melhor dentro desse nicho de simuladores cooperativos de bandidagem. Porém, a decepção aqui fica pelo estado bizarro e amador no qual o título foi disponibilizado por seus desenvolvedores. O shooter será uma experiência sensacional daqui um bom tempo, quando tiver mais conteúdo do que possui hoje e, com sorte, menos problemas de conexão.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno