O sistema de combate da série de JRPG Persona, principalmente do último jogo da franquia da Atlus, não é chato ou enjoativo apesar de ser por turnos. Porém, quando temos o dedo da desenvolvedora japonesa Omega Force no meio, já sabemos muito bem o que vem por aí,não? Jogos do gênero Warriors (ou Musou) são a especialidade do estúdio japonês. Mas, e se contassem que Persona 5 Strikers pouco se aproxima dos clássicos Musou e é puro Persona, você acreditaria?
Desenvolvimento: Omega Force, P-Studios
Distribuição: Sega
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataforma: PS4, PS5, PC e Switch
Duração: 34 horas (Campanha)/64.5 horas (100%)
Você não os viu chegando!
Em meados de Dezembro de 2018, quando tivemos as primeiras notícias sobre o novo game, por conta do nome de Persona 5 Strikers muitas teorias explodiram na internet sobre o que seria ele. Muitos pensaram que se tratava de uma versão do aclamado jogo da Atlus para o Nintendo Switch, ou uma edição mais encorpada como foi o Persona Royal. Entretanto, tratava-se de Persona 5 Scramble – nome do jogo no Oriente – que era, em teoria, um jogo dentro do universo do quinto título da franquia, numa fórmula Warriors semelhante ao que fizeram com One Piece ou Hyrule Warriors, e não é difícil de imaginar que um Persona Musou tenha sido uma surpresa para todos.
A Omega Force (estúdio da Tecmo-Koei) é famosa por adaptar franquias de sucesso para a fórmula Musou – jogos em estilo Hack ‘N’ Slash em que um personagem só derrota vários de uma vez com apenas um movimento. Persona ou Shin Megami Tensei seria apenas mais uma das inúmeras licenças de sucesso que já viraram jogos do estilo Warriors, mas com certeza nem os mais ávidos fãs do gênero esperavam por algo como Persona 5 Strikers é, e muito menos os fãs da série da Atlus que tiveram com certeza uma surpresa agradável.
Nesta sequência de Persona 5 (não sequência de Persona 5 Royal) seguimos o desajustado e carismático grupo de colegiais ladrões de corações nas suas tumultuadas férias de verão, pouco tempo depois dos eventos do jogo principal. Seguimos os Phantom Thieves aos quatro cantos do Japão enquanto eles enfrentam novas ameaças, mas não só isso. Enquanto seguimos nossos estudantes justiceiros mascarados na sua nova empreitada, vemos um belo de um passeio turístico do grupo, na terra do Sol nascente.
É possível ver os personagens adorados do jogo principal aproveitar cada gosto ou paisagem que o país tem a oferecer, e isso é primoroso. Aos fãs do quinto jogo desse famoso spin-off de Shin Megami Tensei, Persona 5 Strikers é como uma sobremesa tão deliciosa que vale o preço do prato principal. Passar o tempo com os Phantom Thieves, para os fãs da série, com certeza é algo que vende por si só, e é isso que fazemos o jogo inteiro: temos diálogos e interações interessantes do grupo – e de seus novos membros -, que vão fazer com certeza os aficionados por Persona 5 se deliciar, apesar das mudanças feitas nas mecânicas de combate.
Tudo está ali
Caminhar por lugares célebres de Tóquio ao som das icônicas músicas do jogo principal, como a estação de metrô, a rua central, Shibuya e afins era algo que muitos adoravam fazer em Persona 5, e está tudo aqui. Quase toda aquela liberdade que tínhamos em P5 temos em Strikers. Lugares para comprarmos equipamentos, comida ou antídotos, tudo está por ali nas ruas da cidade japonesa, obviamente um pouco mais limitado que em seu irmão mais velho, já que a premissa pede um pouco mais disso. Além de encontrarmos tudo na cidade, também temos as mesmas mecânicas de antes no espaço fora dela. Seja capturar Personas ou ir até à Velvet Room para fundir ou melhorar seus monstros como no JRPG de 2016, nada disso foi tirado em Persona 5 Strikers, talvez no máximo tenha sido um pouco modificado e simplificado para encaixar na ideia deste aqui.
O que há de novo, Morgana?
O clássico sistema Musou, em que vamos a um campo de batalha derrotar toneladas de inimigos e tomar bases adversárias, não existe aqui. No novo título, andamos por Cadeias – semelhantes aos Palácios do jogo de 2016 – criadas pelo inconsciente dos antagonistas, e nestes palácios devemos ser sorrateiros e às vezes até evitar combate para chegarmos no objetivo. Quando pegamos uma sombra desprevenida ou somos pegos por uma, tem início o confronto e é aí a maior diferença de Persona 5 Strikers: no lugar do dinâmico sistema de turnos do JRPG, aqui temos puro Hack ‘N’ Slash – não tão exagerado quanto em jogos como Dynasty Warriors e .cia, mas ainda assim selvagem e bem elétrico.
Podemos usar quatro membros dos Phantom Thieves durante os combates nos juntamos a personagens marcantes como Futaba, Morgana e Makoto, junto de todos os outros estão lá para lutar contra dezenas de monstros e chefes, com golpes alucinantes e combos primorosos. Cada um dos protagonistas controláveis conta com seu próprio ego super poderoso, aqui chamado de Persona, mas Joker é o único que pode carregar com ele várias Personas além do seu Arsene. Nas cadeias e nos castelos do jogo que servem como dungeons encontramos vários tipos de Personas para batalhar contra, cada qual com seu ponto fraco que podemos explorar usando nossas invocações durante a jogatina. É quase imperceptível quando jogamos no modo mais fácil, porém no normal ou acima podemos utilizar bem os pontos fracos para destruir as criaturinhas da forma mais eficaz possível.
A Confissão
A licença já se aventurou por jogos de ritmo como Dancing in Starlight ou Persona 4 Arena, porém acredito que nenhum tenha continuado a história de um jogo de forma que possa muito bem se tornar canônica. Persona 5 Strikers é um péssimo Musou, mas uma sequência incrível para o jogo de 2016, com mecânicas que mesclam o Hack ‘N’ Slash com o ritmo cheio de diálogos da série. É uma obra fantástica e feita para agradar fãs.
Apesar de certos problemas de performance causados pelo hardware do Nintendo Switch, e de não ser indicado para aqueles que não jogaram o título da série principal, o game é um sonho embalado numa trilha sonora incrível a todos que queriam passar mais tempo com Joker e o grupo Phantom Thieves. Posso me arriscar a dizer que Persona 5 Strikers é uma carta de amor, que tem tudo pra roubar o coração dos amantes do quinto game da franquia.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong