Pocket Bravery é um jogo de luta independente brasileiro que, desde o início, deixa claro que sua proposta é ambiciosa. Inspirado por clássicos do gênero, como Street Fighter e King of Fighters, ele mistura estilo retrô com mecânicas modernas, e oferece uma quantidade surpreendente de modos e conteúdos para um título indie.
Desenvolvimento: Statera Studio
Distribuição: PQube
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Luta
Classificação: 14 anos (Violência, Conteúdo Sexual, Linguagem Imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5, Switch, PC
Duração: 9 horas (campanha)
Conteúdo de sobra para fãs dedicados

Logo de cara, Pocket Bravery impressiona pela quantidade de modos disponíveis. Há o modo história, que tenta construir um enredo envolvente, mesmo sem personagens conhecidos. Embora seja admirável que o indie tente aprofundar o universo te motivar a se conectar com seus lutadores, a verdade é que o investimento emocional exigido nem sempre compensa para o jogador médio.
Felizmente, há muito mais além do modo história. O game inclui:
- Modo Arcade, o clássico “luta-a-luta”
- Versus local, para até duas pessoas saírem no braço
- Modo online, infelizmente, sem suporte a crossplay entre plataformas
- Tutorial, essencial para quem quer aprender as nuances da luta
- Modo de treinamento, com recursos avançados como leitura de quadros (keyframes), ideal para os mais experientes
- Desafios extras que ajudam a testar suas habilidades em situações específicas
Controles e execução: onde mora a frustração

Apesar do conteúdo generoso, nem tudo funciona como deveria. A maior barreira encontrada foi relacionada ao sistema de controle. Mesmo sendo um jogador até experiente em jogos de luta, tive dificuldades inesperadas para executar golpes e comandos, mesmo em modos de treinamento e tutorial.
Às vezes os movimentos especiais exigidos muitas vezes falhavam, e não acredito ter sido minha culpa. Em um gênero que depende tanto de timing e precisão, isso é um problema sério.

O indie oferece uma alternativa com controles simplificados, que ajudam um pouco, mas mesmo com eles, a sensação de fluidez e responsividade ficou aquém.
Curiosamente, os combos básicos são relativamente fáceis de executar, o que mostra que há um esforço de tornar a jogabilidade acessível. Ainda assim, se os movimentos principais causam frustração, a experiência geral sofre.
Visual retrô, mas com personalidade

Um dos maiores atrativos de Pocket Bravery é seu visual. A pixel art é vibrante, com personagens carismáticos e animações bem detalhadas. O game tem estilo próprio e uma identidade visual que o diferencia de outros títulos indies do gênero. Por outro lado, as cutscenes e arte geral são bem distoantes da pixel art, o que achei um ponto bem negativo. Os personagens são bem fora de proporção.
Pocket Bravery também oferece uma trilha sonora animada, que combina bem com o ritmo acelerado das lutas. Neste aspecto, é difícil encontrar falhas. A produção audiovisual transmite a energia certa para um jogo de luta e fiquei até impressionado com o nível entregue.
Uma questão de sintonia

A crítica principal não é por falta de conteúdo, esforço ou paixão. Pocket Bravery claramente foi criado com muito cuidado. O problema está na experiência subjetiva de jogar, o famoso “sentir” do jogo, que me parece mostrar que não existe profundidade aqui—mesmo com um modo história.
No mais, também existe bugs irritantes, como perda do progresso no modo arcade que te coloca no controle de um personagem do DLC e te trava ali. Passei por isso inúmeras vezes e foi bastante frustrante esse golpe de sorte.
Bom, mas não é excelente
Pocket Bravery é um game de luta independente brasileiro cheio de boas intenções, com um estilo marcante, conteúdo abundante e interessante até pros mais experiente. Porém, falha em áreas críticas como acessibilidade e fluidez dos controles — o que pode afastar tanto iniciantes quanto veteranos —, além do bug irritante no modo arcade. Em geral, vale a pena por algumas horas, mas depois você fica saturado.
Cópia de Switch cedida pelos produtores