King of Fighters 94 capa

Revisitando The King of Fighters ‘94 (Arcade) – Quando a SNK escreveu um novo capítulo na história dos jogos de luta

The King of Fighters ‘94, jogo de luta da SNK lançado inicialmente para Arcade em 1994, é o título inaugural da famosa franquia The King of Fighters. Ele debutou em grande estilo, tanto por sua jogabilidade inovadora para a época quanto por reunir diversas franquias da SNK em um único jogo.

Desenvolvimento: SNK

Distribuição: SNK

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Luta

Classificação: 14 anos

Português: Não

Plataformas: Arcade (MVS), Neo Geo, Neo Geo CD, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S

Duração: 1:30 horas (campanha)/ 5:30 horas (100%)

Os trios chegaram

Trios selecionados e prestes a lutar.

Em meio a tantos jogos de luta famosos lançados em 1994, como Mortal Kombat II, Super Street Fighter II e Samurai Shodown II, The King of Fighters ‘94 (KOF, daqui em diante) trouxe um conceito inovador para os jogos de luta da época: as batalhas em trio.

Embora KOF 94 fosse um jogo de luta típico da SNK, caracterizado pela utilização de dois botões para soco e dois botões para chute—um botão dedicado ao soco forte e outro ao soco fraco, com a mesma divisão aplicada aos chutes—o jogo, contudo, introduziu várias mecânicas diferenciadas. Dessa forma, apesar de manter o padrão estabelecido pela SNK, KOF 94 trouxe inovações significativas que o destacaram de outros jogos da época.

Entre essas inovações, destacam-se a esquiva, que o jogador realiza com o soco e chute fraco, os ‘desperation moves’, que são os famosos movimentos especiais, e a possibilidade de carregar a barra de especial. Esses elementos inovadores foram, na verdade, herdados de outros jogos de luta da SNK, como Fatal Fury e Art of Fighting, o que demonstrou a evolução e o refinamento das mecânicas da série.

Na tela de seleção de personagens, ao contrário de outros jogos de luta da época, o sistema adotado em KOF 94 permite que o jogador não escolha apenas um único lutador. Em vez disso, o jogador deve selecionar três personagens, organizados e divididos por nações. Essa nova dinâmica proporcionava uma experiência de jogo mais prolongada para os jogadores de Arcade, que podiam jogar até seis rounds por fase.

Lutando contra o chefe final.

Em KOF 94, há oito times, cada um representando uma nação e com uma temática própria. Os times incluem Japão, Itália, Inglaterra, China, Brasil, Coreia do Sul e Estados Unidos. A maioria dos personagens são oriundos de outros jogos da SNK, como os de Fatal Fury (Time Itália) e Art of Fighting (Time México).

No entanto, em alguns aspectos, o tempo não foi generoso com o jogo, como evidenciado pela impossibilidade de montar seu próprio time, obrigando o jogador a utilizar personagens que não sejam de sua preferência. Apesar dessa limitação, é importante considerar que, sendo o primeiro jogo de luta a adotar esse formato, tal restrição não é um demérito. Na verdade, ela reflete o preço do pioneirismo, um custo associado à inovação e à criação de novos padrões no gênero.

A dificuldade, por outro lado, é um problema claro. Nos anos 80 e 90, os arcades se sustentavam pela quantidade de fichas usadas pelos jogadores, logo, quanto mais difícil o jogo, mais fichas seriam gastas. KOF 94 sofre desse problema, apresentando uma dificuldade exagerada, mesmo nos níveis mais baixos, o que pode tornar a experiência frustrante, especialmente para iniciantes.

Trazendo o melhor da pixel art

Destaque para a riqueza de detalhes do cenário.

Os gráficos pixelados de KOF 94 são impressionantes. Todos os cenários são bem desenhados e repletos de detalhes, demonstrando o cuidado dos desenvolvedores. Os modelos dos personagens também estão ótimos, cheios de carisma.

A direção de arte é excelente nos aspectos técnicos, com cenários temáticos para cada trio e um design de personagens igualmente forte, especialmente nos novos times, como o do Japão.

Contudo, nem todos os conceitos de trios funcionam perfeitamente, como o trio dos EUA, com a temática baseada em esportes populares nos EUA, especificamente boxe, basquete e futebol americano. Embora o boxe funcione (afinal, é um jogo de luta), os outros dois conceitos parecem “forçar a barra”, ainda que com um bom design.

Time da Inglaterra, também conhecido como "o trio da mulheres lutadoras" em King of Fighters ‘94

Outro detalhe que não passa despercebido é o trio da Inglaterra, conhecido como o “trio das mulheres lutadoras”. Quando duas das três personagens são derrotadas com ataques especiais, há uma animação extra em que parte de suas roupas é rasgada. Essa curiosidade reflete um fetiche nos jogos de luta, algo que persiste até hoje e poderia ser tema de um bom debate.

Quem serão os novos reis dos lutadores?

Time da Koreia.

KOF 94 segue os acontecimentos vistos nos jogos de Fatal Fury e Art of Fighting, com a abertura de um novo torneio para determinar quem são os melhores lutadores, desta vez patrocinado pelo traficante de armas e exímio lutador Rugal Bernstein.

Diferente dos outros jogos da série, KOF 94 ainda se situa na linha do tempo de Fatal Fury e Art of Fighting. Cada time tem um final específico, alguns mais elaborados, como os times do Japão, Brasil e Itália. Embora a história de KOF 94 esteja longe de ser o que se tornaria nos jogos subsequentes, ela funciona bem para um jogo de luta.

Um caldeirão de estilos

Exemplo de cenários urbanos que vemos em King of Fighters ‘94

A trilha sonora de KOF 94 é excelente, com faixas que trazem ritmos populares dos anos 90, como pop, rock e hip-hop. Outro aspecto interessante da trilha sonora é a mistura desses estilos com ritmos regionais dos países representados. Isso é claramente perceptível nos temas dos times da Itália e da China, por exemplo.

A trilha sonora do chefe final também é fantástica, tensa e cheia de adrenalina, preparando o jogador para a luta decisiva. KOF 94 pode não ter a trilha sonora mais marcante da série, mas certamente não deixa a desejar.

Um Legado que não será esquecido

lançado há 30 anos e disponível no Nintendo Switch e Xbox, The King of Fighters ‘94 inaugurando a franquia mais icônica e lucrativa da SNK. Mesmo após três décadas e mais de 15 jogos lançados na série, revisitar esse clássico foi uma experiência gratificante.

Revisão: Júlio Pinheiro

The King of Fighters ‘94

8.5

Nota Final

8.5/10

Prós

  • Pioneirismo
  • Combate em trios
  • Design de personagens e fases
  • Trilha sonora

Contras

  • Dificuldade punitiva