Algumas pessoas acreditam que não se deve mexer no time que está ganhando. No entanto, eu acredito que o problema não é a mudança, mas sim a sua dosagem, fora que é importante saber aproveitar o melhor e reproduzi-lo de forma única.
Raven’s Hike é o mais novo título do estúdio brasileiro Wired Dreams Studio, os mesmos criadores de Red Ronin. A escalada de Raven, como o próprio nome indica, é o exemplo perfeito para o que acredito. Com desafios que intercalam a dificuldade e puzzles que demandam reflexo, a Wired Dreams Studios conseguiu modificar bem sua fórmula.
Desenvolvimento: Wired Dreams Studios
Distribuição: QUByte Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Estratégia, Plataforma, Puzzle
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series S/X
Duração: 1,5 horas (campanha)
Mulher-aranha

Raven’s Hike, como o próprio nome já informa, é a escalada de Raven. Mas a grande pergunta é: por que ela está escalando? Bom, a resposta para isso está apenas na página da Steam. Segundo ela, o mundo de Raven está arruinado e ela precisa subir uma torre para recuperar o equilíbrio. O problema é que nem o próprio game introduz isso, e nós apenas começamos a subir.
Apesar do maior foco de Raven’s Hike ser seus desafios, essa falta de motivação para eles pode fazer falta. Não querendo ser chato – mas já sendo -, isso me incomodou um pouco, mesmo com um final interessante e a conexão de aprendizado que temos com Raven.

Diferentemente de Red Ronin, no qual sua protagonista deslizava fatiando os inimigos, Raven’s Hike dispõe de um gancho de alpinismo para fazer algo semelhante. Raven movimenta-se apenas com o auxílio dessa ferramenta ao acertar as paredes. O desafio aumenta de forma gradativa, com o primeiro sendo usar o gancho de forma precisa, visto que é algo muito difícil. Quando se dá conta, o reflexo de quem joga é colocado à prova sempre.
Apenas com sentido-aranha
Raven’s Hike contempla desafios formosos que escalam a cada nova sala. De início, devemos apenas chegar até a porta sem muitos obstáculos. Isso é simples, mas ter uma movimentação certeira não é fácil. Após algumas salas, gemas azuis devem ser pegas para abrir a porta. Depois, alguns espinhos ficam nas superfícies para estorvar as decisões do jogador, e assim a dificuldade vai ampliando.
A premissa funciona e não frustra mesmo após inúmeras mortes. Com um total de sessenta salas, você nunca sabe o que há de novo do outro lado. Pode ser um ambiente com apenas lâminas e espinhos, enquanto outras apresentam bolas escuras que perseguem Raven independente para onde ela vá, junto com tudo que já foi citado.
Raven’s Hike e Red Ronin possuem essas semelhanças. Porém, aqui você até pode criar estratégias, mas são sempre a precisão e a velocidade da sua mobilidade que ditarão o sucesso. No final, uma mecânica surpresa é adicionada e posso até dizer que facilita as coisas, mas estaria mentindo.

Vale ressaltar que em algumas salas, após abrir a porta, existem penas douradas para serem resgatadas. Nisso, você se questiona se vale a pena arriscar tentar pegá-las e morrer no processo, fazendo com que reinicie a fase ou deixe para uma outra hora para quando tiver mais habilidade.
Mudanças homeopáticas
Quis comparar Red Ronin e Raven’s Hike exatamente para reforçar que as mudanças feitas são poucas, mas ainda sim efetivas. A Wired Dreams Studio mantém o que inaugurou na vingança de Red, e renovou na escalada de Raven. A mudança de atos em turno com estratégia para agilidade e reflexo são certeiras, assim como o gancho da protagonista.
Raven’s Hike é uma experiência desafiadora, que pode ser curta para os amantes de plataforma hardcore. No meu caso, demorei e pereci mais do que me orgulho, mas ainda foi bem divertido. A forma como todas as sessenta fases vão intercalando a dificuldade faz com que sempre os reflexos de quem joga sejam apurados. Esse é o maior foco do game, sendo algo visível pela falta de uma profundidade na história que, para mim, fez uma grande diferença.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong