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Review Runa & the Chaikurú Legacy (PC) – Um mundo de capivaras e chimarrão

Runa & the Chaikurú Legacy é o primeiro projeto do estúdio argentino Fanny Pack Studios e se apresenta como uma homenagem aos clássicos jogos de plataforma 3D da época do Nintendo 64, como Mario 64 e Banjo-Kazooie. Com uma boa apresentação e uma variedade de referências à cultura argentina, o jogo acaba, infelizmente, escorregando no polimento e na finalização.

Desenvolvimento: Fanny Pack Studios
Distribuição: QUByte Interactive, Fanny Pack Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma 3D, Aventura
Classificação: Livre (Violência Fantasiosa)
Português: Legendas e Interface
Plataforma: PC
Duração: 5 horas

Uma aventura Argentina

A história acompanha Runa, uma agente enviada por uma corporação misteriosa para explorar as ruínas de um povo desaparecido, com o objetivo de preservar e documentar sua cultura. Para isso, ela utiliza um par de boleadeiras, um item icônico da região Sul do Brasil e da Argentina, que além de servir como arma, com upgrades, ajuda a resolver puzzles e explorar o mundo de formas diferentes.

Runa é uma protagonista visualmente cativante, com um design único que a destaca, apesar de suas poucas falas ao longo da jornada, algo comum no gênero. Os cenários iniciam de forma genérica, como uma floresta sul-americana, vista inclusive em vários jogos parecidos, mas ganham variedade à medida que avançamos, incluindo cavernas escuras cheias de aranhas e cogumelos, além de templos antigos repletos de armadilhas e estátuas gigantes.

O que funciona bem

Salvando o jogo fazendo carinho numa capivara
Salvando o jogo fazendo carinho numa capivara

O jogo se baseia na exploração de pequenos cenários em sequência, que incentivam a busca por itens colecionáveis escondidos. Esses itens variam desde referências a outros projetos e piadas internas até representações de costumes locais, muitos dos quais ressoam bem com o público brasileiro, reforçando as semelhanças da experiência latino-americana. No entanto, a disposição das fases torna difícil ou até impossível retornar a áreas anteriores, o que acaba tornando a experiência mais linear do que o esperado.

Detalhes como os pontos de salvamentos, representados por capivaras usando chapéus, e a barra de chimarrão (usada para recuperar vida) são exemplos de como o estúdio soube incorporar elementos regionais de forma criativa e encantadora. Por outro lado, os personagens secundários são pouco desenvolvidos, com raras exceções.

Combate simples e puzzles irregulares

Os puzzles utilizam grandes partes do cenário
Os puzzles utilizam grandes partes do cenário

Um dos aspectos mais decepcionantes é o combate, que parece pouco inspirado e é insatisfatório. Com apenas um botão de ataque e uma habilidade secundária de ataque à distância, além de pouca variedade de inimigos, as sequências de combate acabam se tornando repetitivas. Muitas vezes, parece que essas seções poderiam ser removidas para dar mais espaço às partes mais interessantes da jornada.

Os puzzles, por sua vez, são uma mistura de altos e baixos. Enquanto alguns são bem elaborados e utilizam grandes partes do cenário, outros se tornam frustrantes, especialmente quando dependem da física da engine. Um exemplo são as partes em que é necessário guiar uma bolinha por diferentes pontos, que frequentemente fica presa em quinas ou sai do caminho planejado, causando frustração.

Problemas técnicos

Um exemplo de puzzle que é interessante
Alguns puzzles funcionam muito bem

A maior das frustrações, no entanto, vem dos problemas técnicos. Faltou um maior cuidado na finalização do game, com bugs que interrompem a experiência, como áreas que não carregam corretamente, exigindo reinícios e causando perda de progresso. Além disso, crashes ocorrem em momentos críticos, e a performance é significativamente afetada em fases com cenários mais complexos. Problemas menores, como a câmera fixa, que frequentemente fica em ângulos inadequados, também atrapalham, fazendo com que o personagem ou itens importantes desapareçam da tela.

No fim das contas…

Runa & the Chaikurú Legacy tem pontos altos, como sua carga cultural rica e a paixão evidente dos desenvolvedores pelo universo criado. Porém, a falta de tempo de desenvolvimento resultou em uma experiência que poderia ser mais polida, com puzzles mais objetivos, um combate mais envolvente e menos problemas técnicos. Esses fatores impedem que o jogo atinja todo o potencial que claramente possui.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Júlio Pinheiro

Runa & the Chaikurú Legacy

4

Nota Final

4.0/10

Prós

  • Ótimas referências regionais
  • Bom visual da protagonista

Contras

  • Puzzles problemáticos
  • Muitos problemas técnicos
  • Combate ruim
  • Andamento do jogo muito linear