Em Scars Above, um time preparado para combater ameaças espaciais é enviado para uma missão visando descobrir a verdade por trás de um monolito que flutua na órbita da Terra. Quando a equipe se aproxima do destino, algo dá errado e a nave cai dentro de uma região alienígena desconhecida. Kate Ward, uma integrante dessa unidade, acorda sozinha, precisando encontrar seus companheiros enquanto tenta resolver o mistério que ronda o estranho objeto. Essa é a premissa da narrativa apresentada pelo jogo de tiro criado pela Mad Head Games, um estúdio sérvio que entregou um intrigante suspense de ficção científica, prejudicado por decisões de design questionáveis.
Desenvolvimento: Mad Head Games
Distribuição: Prime Matter
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PS5, PS4, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: Sem registros
Perdida no espaço
A jogabilidade de Scars Above é focada na solução de quebra-cabeças e na plena análise de toda a ambientação, fundamental para se obter recursos para enfrentar os monstros que habitam os mapas. Embora Kate dê constantes dicas acerca do que deve ser feito em sequência, a exploração do título é confusa, pois os desenvolvedores optaram por não incluir um mini-mapa na interface. Existem apenas indicadores fixos que apontam para onde a protagonista precisa ir. O ritmo agradável é quebrado por duelos frustrantes e obrigatórios, já que o game não permite que os confrontos sejam escolhidos.
As mecânicas não se encaixam bem com a proposta do título. Combinando tiros com esquivas e ataques corpo a corpo, os responsáveis construíram um sistema de batalhas inspirado em jogos como Dark Souls e Remnant From the Ashes. Os oponentes são lentos e desbalanceados, sempre com pontos fracos óbvios. O combate é péssimo, especialmente quando há diversos inimigos em cena, pois o design de fases nunca abre espaço suficiente para a esquiva. A exceção são as lutas contra os chefes principais, momentos nos quais o mundo se transforma em uma grande arena, tornando as missões em desafios toleráveis.
Os pontos de salvamento em Scars Above são distantes, fazendo com que muito tempo seja perdido entre uma morte e outra, já que o jogo não possui suporte para salvamentos automáticos. A jogabilidade é limitada no decorrer de parte da jornada, pois existe uma árvore de habilidades cheia de melhorias que deveriam ser liberadas desde o princípio da aventura. Equipamentos novos são disponibilizados no desenrolar da campanha, e suas funcionalidades são explicadas em ótimos tutoriais interativos.
O suporte ao controle na versão de PC do título está longe do ideal, já que o título suporta os joysticks da Sony de forma nativa, mas com prompts dos botões de Xbox na tela. O modelo projetado é confuso, e o esquema não pode ser alterado. A experiência poderia ser melhor se houvesse alguma opção para personalizar as funções, algo que já existe quando Scars Above é jogado por meio do mouse e do teclado.
Sincroniza zero
Os gráficos impressionam, considerando que Scars Above foi claramente produzido com um orçamento limitado em relação a outros nomes do gênero. Os modelos de personagens e inimigos são bem feitos, e a ambientação é detalhada e interativa. No entanto, algumas texturas são apresentadas em uma qualidade baixa e as animações são esquisitas, principalmente durante as cutscenes. Legendadas em português, as cenas foram pré-renderizadas em uma resolução baixíssima, com falhas de sincronismo entre o vídeo e o áudio da ótima dublagem em inglês.
A versão para computadores possui várias opções técnicas e conta com um bom desempenho, sem travamentos. Porém, a falta do suporte para tecnologias de escalonamento de imagem impede que a performance seja totalmente estável nas fases que exigem um poder de processamento maior do que o usual.
Imperfeito, mas interessante
Apesar de possuir um combate ruim e problemas técnicos evitáveis, a experiência é cativante. O jogo tem uma história envolvente e enigmática, recheada de reviravoltas surpreendentes e questionamentos a respeito das ações da própria Kate. Entretanto, o título poderia ser mais divertido se os produtores tivessem adotado uma jogabilidade normal em vez de se inspirar no estilo Souslike, uma escolha que acabou prejudicando o potencial de Scars Above.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno