Shing! Capa

Review Shing! (Switch) – Um diferencial que não emplacou

Em um universo de jogos Beat ‘em Up cheio de fórmulas maçantes e repetitivas, é difícil inovar. Confesso que não consigo me lembrar do último título do gênero com o qual tive contato e que me surpreendeu tanto quanto Castle Crashers, da consagrada The Behemoth. Shing! chega para o Nintendo Switch, trazendo consigo uma proposta de variar a maneira como jogamos os games de briga de rua e side-scrolling. Porém, o quanto essa inovação realmente fez diferença?

Desenvolvimento: Mass Creation
Edição: Mass Creation, PixelHeart
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Ação, Luta, Arcade, Multiplayer
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 13.5 horas (campanha)

Ninja!

Personagens

Em Shing!, controlamos um grupo destemido de ninjas guerreiros para livrar suas terras de um exército de monstros e máquinas de combate. Desde o início, um seleto grupo de quatro heróis estão disponíveis para escolha: Tetsuo, Aiko, Bichiko e Wilhelm. Apesar de não existir nenhuma história complexa para cada um deles, em vários trechos do jogo o grupo se reúne para descansar, usar o banheiro ou relaxar em fontes termais, e é nestes momentos em que algumas interações e conversas acontecem, com o intuito de se aprofundar um pouco mais nos personagens e em suas personalidades.

Já em termos de jogabilidade, o game da empresa indie Mass Creation procura inovar através de seu sistema de ataques utilizando o analógico direito. Para cada direção apontada, o movimento do joystick faz com que o personagem desfira golpes distintos, além de diferentes direções. Por exemplo: empurrando para cima, o inimigo é lançado ao alto para, então, empurrar o analógico para baixo a fim de jogá-lo no chão, e é basicamente isso.

O mais divertido e notável em Shing! são a quantidade de combos possíveis de se fazer. Apesar de todos os personagens possuírem os mesmos comandos e sequência de golpes, é prazeroso o processo de segurar um inimigo contra a parede e acertá-lo com a maior quantidade de chutes e socos disponíveis. Diria que essa é a estrela do jogo, e podia ter sido melhor aproveitado.

Inovação por inovação

Pancadaria

Porém, depois de muito brigar com os controles supostamente inovadores, optei mesmo pelo clássico “esmaga botões”, batendo nos malfeitores com os botões de face como sempre fiz em toda a minha vida. O processo acaba ficando cansativo e repetitivo depois de alguns minutos, da mesma maneira que acontece em jogos similares, como Streets of Rage, Battletoads (2020) e seus respectivos clones. Porém, a culpa disso não é necessariamente do gênero escolhido, mas sim o conjunto da obra.

Apesar da colocação de puzzles em locais estratégicos para amenizar tantas ações repetidas, essa mescla entre quebra-cabeças e ação não consegue esconder as falhas de Shing!. Inimigos repetidos em excesso, fases longas demais e chefes sem tanto desafio na questão estratégica são apenas alguns exemplos do que poderia dar errado em um jogo de Beat ‘em Up – e, por aqui, deu.

Mas o pior mesmo é a sensação de uma falta de recompensa digna para cada fase completada. A cada quantidade específica de pontos acumulados e itens coletáveis obtidos, novas skins para os protagonistas são adquiridas, mas isso é o máximo que você encontrará por aqui. Um modo de desafio também se faz presente no menu principal, e ele traz todos os minigames da campanha (como o “mate um número X de inimigos”), de forma selecionável. Mesmo assim, novamente, nada empolgante.

Mais um pra conta?

Shing! tem seu potencial, e ele está justamente escondido em seu sistema bacana de combos e diferentes maneiras de se destruir alguns inimigos únicos. Porém, seu maior pecado é a repetição, algo que se não for bem trabalhado em um game deste gênero, acaba por trazer abaixo todo o ritmo da diversão e torna o jogo em “mais do mesmo”. Talvez se o formato das fases fossem um pouco mais verticais, ou então se o level design fosse melhor trabalhado em vez de apostar em fases longas demais e hordas intermináveis de inimigos parecidos, as coisas poderiam ter sido diferentes. Castle Crashers, por exemplo, chamou minha atenção justamente porque faz diferente e investe em mecânicas de RPG, que geram um fator replay bem prazeroso para quem joga, sem falar em sua enorme quantidade de personagens desbloqueáveis e seleção livre de fases.

Sinto uma vibe muito grande de Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time de SNES em Shing!, ainda mais pelo fato de todos os personagens serem ninjas e utilizarem armas que lembram vagamente as tartarugas mutantes adolescentes. Quem sabe a aquisição (sei que é bem caro) de uma marca como TMNT conseguisse trazer um pouco mais de personalidade para um futuro jogo da Mass Creation, mas de nada adianta acreditar que trazer elementos extremamente batidos de Beat ‘em Up são o suficiente para a satisfação.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Shing!

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Alguns puzzles
  • Combos divertidos
  • Atuação excepcional

Contras

  • Fases longas demais
  • Inimigos repetidos
  • Elementos batidos e mal implementados
  • Sem multiplayer online