Golden Force título

Review Golden Force (Switch) – Ouro não polido

Feito num estilo artístico bonito que tenta nos levar à nostalgia, junte-se a Gutz e seus companheiros visualmente diversos para livrar as Ilhas Muscle das garras do Rei Demônio neste desafiante jogo de plataforma, com elementos de combate. Realizado totalmente em pixel art, será que Golden Force foi uma preciosa pepita que achamos no meio do caminho? É isso que essa review tenta responder.

Desenvolvimento: StoryBird Games
Distribuição: Pixelheart
Jogadores: 1-4 (Local)
Gênero: Plataforma, Ação
Classificação Indicativa: 10 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4 e Xbox One
Duração: Sem registros

Um maremoto na primeira viagem

Um dos primeiros chefes do jogo, o desafiador General Nacho.

No começo da sua jornada como um super mercenário marítimo, após o jogador ser apresentado de maneira bem rápida sobre a Companhia Dourada, somos jogados numa espécie de tutorial, porém um tutorial que serve também como cartão de visitas do quão difícil vai ser a sua jornada nas Ilhas Muscle. No início, o Golden Force nos ensina os comandos básicos para nossa sobrevivência no meio de uma boss battle enorme e extremamente difícil.

Ao meu ver é como se o jogo falasse logo de cara “esse é o nível de dificuldade inicial, você tem certeza que quer continuar?”. A parte que tenta ensinar o player, nos primeiros minutos em que enfrentamos um gigantesco Kraken, serve bem para te preparar para a primeira fase, e de certa forma pra mim foi uma surpresa ver um nível de dureza tão elevado quanto aquele do início e, por muitas vezes, bem pior. Ao decorrer das desventuras nas fases do game, vemos uma dificuldade exacerbada e injusta, temos apenas 5 pontos de vida que não podemos aumentar durante a progressão da obra, e isso, acredite, não é o bastante, muito menos durante as batalhas contra os chefões que, apesar de serem bem feitas e visualmente prazerosas, continuam com a dificuldade quase covarde.

Não temos desafio e recompensa em Golden Force, diferente de outros títulos que tem uma proposta de serem difíceis – como Cuphead ou o, já citado, Contra. O título da StoryBird não te oferece uma recompensa. Após horas tentando matar o segundo boss, eu pessoalmente me vi desmotivado de continuar mesmo após a vitória porque, me perguntava, “o que eu teria depois?”. Os mesmos desafios de plataforma, os mesmos monstros, nenhuma novas habilidades ou armas, nenhuma fase com um level design fora do comum que me desse vontade de continuar a vencer os desafios. 

Naquele comecinho em que o jogador vai com toda certeza morrer algumas severas vezes, já percebe-se várias das influências de Golden Force; Contra 2, Alex Kidd, Ghost ’n’ Goblins, dentre outros: tudo está ali, junto daquela pixel art super simpática e uma boa trilha sonora.

A deriva nas escolhas

O simpático Gutz entre as plataformas do jogo

Golden Force tem uma arte realmente bonita, os desenvolvedores parisienses colocaram um amor inegável no pixel art 16-bits, as fases são belas de se ver – quando não travam, ou quando não estamos já enjoados dela por precisar refazê-las diversas vezes. Os quatro personagens que estão lá para nossa escolha são visualmente simpáticos e até carismáticos, mas eu particularmente gostaria tanto que não fossem apenas isso. 

A decisão da StoryBird de não nos dar personagens jogáveis realmente diferentes, com golpes que fossem de verdade dar diferença e acrescentar mais conteúdo na obra deles, foi um erro super questionável. Por mais que possamos escolher entre quatro personagens bem feitos visualmente, isso não difere em nada a jogabilidade. todos os quatro são iguais, o peso deles, a cadência, o alcance dos ataques e habilidades especiais – que são inexistentes – são parelhos nos quatro bonequinhos que o game oferece. Ao meu ver, isso foi uma decisão verdadeiramente infeliz. Imaginem se pudéssemos realmente jogar com personagens únicos, com skills e pesos distintos: isso traria mais diversidade, daria mais vontade ao jogador de fazer e refazer os níveis em busca de baús de tesouro ou de melhores pontuações. 

O jogo da desenvolvedora francesa peca de várias formas, ele erra em não dar um polimento técnico maior a obra que sofre de bugs, travamentos e uma constante queda de frames. Golden Force sofre de uma dificuldade desleal, tentando emular ou evocar as dificuldades de títulos clássicos dos 8 e 16-bits. Sua falha é por não balancear os desafios, e em vários momentos o jogo é cruel nos dando apenas 5 corações que são tirados a cada vez que sofremos um golpe de um monstro, somos espetados ou caímos em abismos. Ao se esgotarem estes corações, voltamos ao começo da fase ou de um checkpoint, mas perdemos as habilidades e moedas que ganhamos, mas com todo respeito, o que adiantam as tais moedas? O jogo nos oferece uma loja com pequenos e caros itens que, em teoria, nos ajudariam a bater as fases, mas na prática são praticamente inúteis.

Contra um belo e cruel mar de injustiças 

As adversidades da Companhia Dourada

No fim da contagem de moedas, Golden Force é uma obra que falha em trazer lembranças nostálgicas de bons jogos old school, porém isso não quer dizer que ele não divirta. As aventuras por entre as Ilhas Muscle podem sim ser divertidas para uma pequena parcela de jogadores hardcore que não vão se importar com os desafios elevados e falta de recompensas. Num título que é esteticamente belo, falta polimento técnico, que por vezes estragam a jogatina, além da ausência de surpresas agradáveis no desenrolar do enredo.

O game é uma peça de ouro muito mal polida, que poderia sim se transformar em uma ótima peça de ouro, porém não passa do ordinário. A tristeza vem quando pensamos no potencial que ele apresenta, e acredito verdadeiramente que os desenvolvedores possam sim melhorar nos próximos títulos – e quem sabe nos trazer um verdadeiro baú de tesouro. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Golden Force

6.5

Nota Final

6.5/10

Prós

  • Sprites bem feitos e bem animados
  • Estilo de arte carismático
  • Lutas contra os chefes são criativas

Contras

  • Fases sem muita inspiração
  • Pouca varieda de monstros para combater
  • Crashes e bugs que comprometem a jogatina
  • Dificuldade desbalanceada