Capa do jogo Skully

Review Skully (Switch) — Rolando em baixa resolução

Chegado ao Switch no mês de agosto, Skully realmente possui uma proposta interessante: unir um rolling game com mapas em plataforma de três dimensões, gerando uma experiência diferente e desafiadora.

Desenvolvido pela Finish Line Games, o jogo certamente carrega consigo um grande potencial para se destacar entre os indies do gênero, mas ele alcança o patamar que poderia? E quanto ao port para Switch? Ela é executada como deveria? Pega sua caveira e vamos rolar pelo reino mágico dos quatro elementos para encontrar as respostas.

Desenvolvimento: Finish Line Games

Distribuição: Modus Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura, Plataforma, Puzzle

Classificação indicativa: 10 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One

Duração: 5.5 horas (campanha)/ 10 horas (100%)

Da terra retornamos

Skully começa quando uma caveira é trazida pelo mar e alguém a deposita em uma poça de lama. Por mágica, ela é envolvida pela mistura de água e areia, fazendo com que a consciência da pessoa que um dia ela foi retorne. Imediatamente, conhecemos Terry, um homem barbado cujo corpo é composto de terra, plantas e pedras. Ele comemora o fato de ter conseguido lhe ressuscitar e, sabendo que você é apenas um crânio incapaz de falar, lhe dá o apelido de Skully. Ele pede a ajuda deste novo amigo para impedir a destruição da ilha onde vive.

Com esta premissa, começamos a nossa aventura. Inicialmente, sabemos tão pouco sobre Terry e suas motivações quanto Skully, mas as informações vão sendo entregues conforme progredimos na história. Não quero dar nenhum tipo de spoiler, porque o enredo é realmente o ponto mais alto deste jogo, construída através de um arco narrativo bastante sólido. O que posso dizer é que os personagens são incrivelmente carismáticos e conseguimos ter uma boa percepção de suas personalidades, mesmo em um game que é tão curto.

O grande problema quando falamos da história, entretanto, é que ela realmente demora muito a fazer algum sentido. Como grande fã de narrativas, acredito que elas têm uma grande parcela de responsabilidade pelo engajamento dos jogadores e, em Skully, só entendemos o que está acontecendo – ou melhor, o porquê – depois da metade do jogo. Dessa maneira, é muito difícil se agarrar ao gameplay, especialmente considerando o quesito de jogabilidade – o que nos leva à próxima seção desta análise. 

Imagem de Skully, a caveirinha que protagoniza o jogo

Rolando: faster, furtherdying

Skully consiste basicamente em exploração de cenário e coleta das flores douradas. Para isso, as mecânicas utilizadas inicialmente são rolar e pular. Parece algo bastante simples, mas ao longo da nossa jornada encontramos diversos puzzles e inimigos que tornam as coisas bem mais desafiadoras. Infelizmente, a experiência como um todo é muito frustrante por algumas razões. 

A primeira delas é a forma como Skully se movimenta, porque ele é um bola, no fim das contas. Assim, é preciso que você seja ultra preciso em sua locomoção, do contrário acabará morrendo – porque ele vai cair de plataformas inclinadas, por exemplo. Some isso drift dos Joy-cons e verá o quão cansativo pode ser. Juntamente à distância entre os checkpoints, acabamos tendo que repetir algumas etapas muitas vezes. Muitas mesmo. 

Não obstante, a dificuldade entre os puzzles que encontramos é muito desproporcional – o que acaba te deixando despreparado para enfrentar os desafios. Por fim, Skully é ultra frágil. Obviamente ele evolui durante o jogo, mas ainda assim morre facilmente, às vezes um único golpe do inimigo é o bastante – quando não o simples contato com a água ou outro elemento nocivo à sua estrutura.

A câmera também é um grande problema. É preciso ajustá-la várias vezes, especialmente quando estamos pulando várias plataformas inclinadas – e é muito difícil fazer isso considerando que você não tem tempo para, já que o Skully começar a rolar através delas se você manter a maçaneta do Joy-con estática. E piora: nas fases de fuga, como quando precisamos fugir de tsunami, a câmera é fixa, tornando a fase muito mais irritante do que poderia ser. Poxa, há anos Crash Bandicoot já faz câmera fixa corretamente em fases de fuga, não deve ser assim tão difícil de mimetizar.

Para ser justo, acredito que a equipe de desenvolvimento fez um trabalho excelente de level design. Mesmo que os mapas sejam um tanto parecidos, eles possuem suas peculiaridades e características únicas. Todos possuem algum ponto que vai te desafiar e, a partir de um determinado ponto, você terá que pensar em soluções inteligentes para que Skully consiga continuar rolando rumo aos seus objetivos. Para isso, terá que utilizar as três “transformações” que a caveirinha ganha ao longo do processo – precisando, muitas vezes, combiná-las para que a resposta apareça. 

Cenário com plataformas que precisam ser atravessadas para coletar as flores douradas

Meus óculos estão embaçados?

Graficamente, infelizmente, Skully deixa muito a desejar – e isso tem a ver com o port para Switch. É evidente que ele foi feito para que seus mapas sejam bonitos e, em outras plataformas, eles até são. Infelizmente isso não acontece no console da Nintendo: o jogo fica realmente pavoroso e o tempo inteiro fica aquela impressão de que a imagem está embaçada, como se houvesse algo errado com a nossa visão – em um dado momento, até cheguei a limpar os óculos, só para descobrir que o problema não estava em mim.

Mas por que isso acontece? Bem, o Nintendo Switch utiliza resolução dinâmica – que é basicamente a alteração de resolução com base na taxa de frames por segundo. Em Skully, a queda de frames acontece o tempo todo e, como consequência, a qualidade da imagem é modificada constantemente – ora as coisas estão bem definidas, ora não; e esse processo é bastante cansativo, visualmente falando. É decepcionante, porque o jogo poderia entregar bem mais nesse sentido. 

Trecho do jogo onde estão alguns inimigos a serem enfrentados por Skully

Falando de maneira bem pessoal, eu não curti jogar Skully – a experiência não foi prazerosa, passei a maior parte do tempo tendo raiva ou me frustrando com os gráficos. Não vou te dizer que você não deve comprar, porque acho que o jogo possui alguns atributos que trazem retorno ao investimento do jogador – a história é muito bonita e a forma como o jogo te faz pensar é bem bacana. Porém, fica a dica: se possível, compre o jogo para qualquer outra plataforma que não o Switch. A comodidade do portátil não compensa a perda enorme de qualidade gráfica do jogo, para não falar do valor, que é bem mais alto no console da Nintendo. 

Esta review foi feita utilizando uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming

Skully

5

Notal Final

5.0/10

Prós

  • Belo arco narrativo
  • Level design e puzzles
  • Tradução para Português

Contras

  • História demora a engatar
  • Gameplay frustrante
  • Controle de câmera
  • Port e gráficos ruim