Os jogos de navinha foram um grande sucesso na era dos arcades e 16-bits nos consoles. Já hoje esses jogos são de um nicho muito específico, e principalmente para os gamers já crescidos das décadas de 80 e 90 que amam revisitar seus jogos nostálgicos daquela época; ou ainda, para aqueles que desejam encontrar novos títulos que possam ao menos dar aquele gostinho de infância, mas ao mesmo tempo sem tirar o pézinho da modernidade. E, felizmente, Rolling Gunner atende muito bem tanto ao saudosista da era shoot ’em up, quanto a galera nova que ainda está se aventurando por essas naves e céus cheios de projéteis impiedosos.
Desenvolvimento: Mebius
Distribuição: United Games Entertainment GmbH
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Tiro, Arcade, Ação
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, PC, PS4
Duração: Sem Registro
Literalmente um inferno de balas

É nítido que Rolling Gunner se inspirou nos bullet hells mais cascas grossas. É uma chuva de tiro pra todo lados, as vezes são tantos tiros na tela que a performance até cai, ficando tudo em slow motion por alguns segundos. Isso me fez lembrar na hora que esses mesmos tipos de jogos nos consoles 8 e 16-bits sofriam da mesma coisa. É tanta informação que acaba ficando pesado para processar, o que é totalmente compreensível para os títulos daquela época, já que os videogames não tinham tanto poder de processamento. Porém, isso acontecer em um PS4 Pro é um tanto quanto incômodo, ainda mais se considerar que o jogo não chega nem a 2GB.
Uma das maiores características dos bullet hells da vida é ser absurdamente difícil, e, bom, esse é exatamente o caso aqui. Porém, existem níveis diferentes de dificuldade que ajudam muito aos novatos a se adaptarem mais facilmente antes de partir para desafios maiores. São 3 níveis de dificuldade no modo original e 4 no Overpower.
Rolling Gunner tem uma mistura interessante de ser fácil de se jogar, mas ao mesmo tempo difícil de dominar. São apenas 2 botões de tiro: um para tiro rápido, no qual seu pod irá atirar na direção oposta que se movimentar, mas que é um pouco mais fraco. E outro “concentrado”, em seu poder de fogo é maior, mas o pod atira em uma direção fixa. Sua nave fica mais lenta também, o que ajuda bastante em momentos que há milhões de balas, necessitando de um movimento mais preciso para escapar ileso.

Há bombas que podem ser usadas para limpar a tela. A esquematização dos comandos com a bomba vai além de explodir tudo. Para entender melhor sobre suas outras 2 funções é necessário compreender o sistema de medalhas que existe, que é basicamente o que carrega seu “especial”. Ao serem destruídos, os inimigos dropam medalhas que aumentam uma pontuação separada do score. Quando ativado seus tiros ficam ainda mais fortes, mas por um tempo limitado. Caso deseje, logo em seguida pode liberar o nível 2 deste poder, porém ele se consome ainda mais rápido que o anterior, o que muitas vezes é prudente deixar para usá-lo ao fim do primeiro aumento de poder. Esses poderes se bem usados e administrados, vão auxiliar e muito a limpar as ondas de inimigos e projéteis pela tela.
Felizmente outra coisa que facilita sua jornada por esse inferno de balas são os continues. Apesar de existir vidas, elas servem apenas para manter sua pontuação, pois ao perder todas voltará a zero pontos no placar. No mais, eles te permitem continuar exatamente de onde parou e são ilimitados.
Há 6 fases emocionantes para desbravar com 3 naves diferentes com características distintas de velocidade, cadência e direcionamento de tiro. Teste-as sem medo e escolha a que mais lhe agradar e combinar com seu estilo de jogo.
Infelizmente no modo original, fica meio confuso de compreender como funciona para ser destruído, pois é possível passar por entre os tiros inimigos como se não fossem nada, e aí você morre – de repente. O maior problema é que o jogo te dá péssimas explicações das mecânicas, e o tutorial é bem ruim, além de que muita coisa acaba ficando sem ser explicada. Um entendimento mais completo acaba demandando bastante tempo, e o que poderia ser “fácil” desde o início se torna confuso e demorado.
Diferenças da DLC Overpower

A verdade é que o DLC se parece mais com uma versão “remasterizada/remixada” do que propriamente uma expansão. Considerando que geralmente eles servem para adicionar novas fases, armas, personagens e afins, Overpower vem para mostrar como um jogo bom pode ficar ainda melhor, se refinado.
As mecânicas foram completamente modificadas, sendo que agora o analógico direito comanda os tiros da nave e do pod, podendo atirar em qualquer direção com a arma auxiliar. As bombas já não existem mais, porém agora contamos com um canhão novo que dispara automaticamente um tiro carregado, que elimina os projéteis inimigos, ajudando bastante a avançar em segurança pelas fases. Felizmente, os tiros mais poderosos ainda existem, funcionando exatamente como na versão anterior.
Os dois tipos de disparo do pod ainda estão presentes, mas podemos alternar entre o rápido e o concentrado usando apenas um botão e a segunda opção não é mais fixa, podendo ser direcionada para qualquer lugar.

Contamos ainda com um escudo novinho, que precisa ser atingido três vezes antes de ser destruído e que aos poucos vai se regenerando para voltar a nos proteger. Diferente da versão original, não é mais possível viajar entre os tiros inimigos torcendo para não ser pego e, após a queda do escudo, se for atingido, sua nave será destruída.
Como nós ficamos mais poderosos e com mecânicas melhores, não poderia se esperar menos dos inimigos, não é mesmo? Apesar de ainda serem as mesmas fases, os padrões dos inimigos estão diferentes e até mesmo mais agressivos, principalmente nas dificuldades mais altas. A única coisa que ficou de fora de ambas as versões foram power ups. Shmups sem power ups são como se estivessem em falta com alguma coisa. A sensação de evolução que eles trazem é muito satisfatória por conta de tal elemento.
Belos gráficos, música competente e talvez um enredo

Com certeza a música é uma parte importante para a imersão, e em jogos frenéticos a trilha certa ajuda muito a se concentrar e progredir, já que muitas vezes ela te dá aquele “gás a mais”. Ambas as versões contam com ótimas trilhas, mas a Overpower com seus remixes conseguiu se superar ainda mais.
O enredo fica totalmente em segundo plano, mas não que isso realmente importe em um shmup, já que tudo que queremos é destruir o que aparece na tela. Mas basicamente, o mundo está sendo controlado por uma IA, a BAC que vem dominando toda a tecnologia e reduziu e muito a população humana. A Rolling Gunner (o pod) é a única arma que pode salvar a humanidade, e você é o piloto que irá levar a libertação a sua raça.
Toda e qualquer menção a história pós introdução é feita por pequenas animações ao final de cada fase, mas que não contam quase nada na real. Porém, vale ressaltar que elas são belíssimas! Os detalhes ficam evidentes no capricho que tiveram em cada traço feito. Os gráficos em si também são bons, tiros bem coloridos e um grande destaque para os chefes que são sempre bem grandes e chamativos.
Escolha sua nave e divirta-se
Não é de hoje que sou grande fã de jogos shmup, pois joguei muito durante minha infância e a paixão se estendeu até os dias atuais. E com certeza a mistura boa das difículdades variadas, continues infinitos e de recomeços imediatos com todo o ar de jogo antigo, ser um bullet hell difícil de dominar e extremamente satisfatório quando o faz, torna Rolling Gannuer um ótimo jogo para os amantes e pra quem ainda está conhecendo esse gênero.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong