The Hundred Line: Last Defense Academy é uma ambiciosa visual novel que reúne 15 estudantes que precisam defender uma escola diante de um intrigante fenômeno sobrenatural. Mesclando a narrativa com mecânicas de estratégia e de tabuleiro, o jogo foi desenvolvido por um verdadeiro time de estrelas do gênero: Rui Komatsuzaki, Kotaro Uchikoshi, Kazutaka Kodaka e Masafumi Takada – todos conhecidos pelo trabalho na franquia Danganronpa e Zero Escape, séries nas quais esse título tem algumas semelhanças. No entanto, isso não significa que esse game seja uma derivação de obras anteriores, trazendo qualidades e ambições que o fazem brilhar com uma identidade própria.
Desenvolvimento: Too Kyo Games, Media.Vision Inc.
Distribuição: Aniplex Inc., Marvelous (XSEED)
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Estratégia, Visual Novel
Classificação: 16 anos (violência extrema, conteúdo sexual, drogas)
Português: Não
Plataformas: PC, Switch
Duração: Sem registros
Uma prisão estudantil

Com múltiplos finais e muitas rotas distintas, The Hundred Line: Last Defense Academy coloca os jogadores no controle de Takumi Sumino, um protagonista que leva uma vida monótona e tranquila em uma cidade pacata – até que tudo muda quando monstros bizarros atacam o local e provocam o caos.
Partindo disso, Takumi se vê preso na Academia da Última Defesa, uma escola isolada no meio do nada e cercada por uma muralha de chamas sobrenaturais. Ele e outros estudantes são recrutados para participar da Unidade de Defesa Especial, um grupo com a missão de proteger o colégio de qualquer ameaça durante os próximos cem dias.

The Hundred Line: Last Defense Academy se desenrola ao longo desse tempo, com mecânicas de simulação social em sua gameplay. É necessário explorar e conhecer os outros personagens, que estão na mesma situação do protagonista – que, a propósito, é quase uma “folha em branco”, sem uma personalidade marcante e dominante, enquanto o restante do elenco segue arquétipos conhecidos dos animes por horas antes de se tornarem interessantes.

Boa parte dessas atividades, porém, são repetitivas, apesar de carismáticas, servindo principalmente para melhorar atributos para onde a jogabilidade apresentada pelo título fica interessante: os segmentos de combate tático e de exploração.
Combates estratégicos

Além de ser uma visual novel focada na leitura de diálogos, The Hundred Line: Last Defense Academy também é um RPG de estratégia baseado em turnos. Nas batalhas, divididas em múltiplas ondas, é preciso movimentar os personagens da equipe pelos quadrados do mapa e utilizar ataques com base na quantidade de ações disponíveis em cada turno.
O objetivo principal da maioria dessas batalhas é acumular o medidor de voltagem para liberar ataques especiais contra os adversários, que são perspicazes e brutais na hora de derrotar os aliados e destruir itens da escola. The Hundred Line possui uma curva de dificuldade pouco satisfatória, oferecendo apenas um modo adicional além do padrão que facilita a experiência ao restaurar os pontos de vida da equipe a cada turno. Dessa forma, todo o desafio do RPG é praticamente eliminado, tornando essa opção menos chamativa para quem busca confrontos mais dinâmicos e balanceados.

Além dos combates, The Hundred Line conta com vários minigames e uma mecânica de exploração em tabuleiro. Nela, é preciso andar em fases fora da escola, se movendo pelas casas conforme o número fornecido pelas cartas de um deck. Cada casa apresenta eventos típicos desses jogos, com benefícios, desvantagens ou confrontos aleatórios, colocando uma boa variedade e imprevisibilidade na jogatina. Essa mistura de mecânicas faz com que o game vá além de ser uma visual novel, sendo uma experiência engajante durante todo o jogo – que, por si só, já é longo, com muito conteúdo a ser visto após a conclusão da campanha.
Arte excelente

Visualmente, The Hundred Line: Last Defense Academy é competente, carregado pelo bom design artístico dos personagens. Na maior parte do tempo, o game mescla artes em 2D com cenários tridimensionais, adotando um estilo de exploração side-scroller combinado com interações em primeira pessoa.
O jogo, que não é completamente dublado e apresenta cenas com o áudio fora de sincronia, utiliza animações em 3D pré-renderizadas para ilustrar certos momentos da história. Entretanto, essas animações possuem uma resolução baixa, e o mesmo problema ocorre em algumas artes que ficam visivelmente embaçadas em telas grandes – o que evidencia que o título foi desenvolvido levando em consideração as limitações técnicas do Switch, já que está sendo lançado simultaneamente para o híbrido da Nintendo e para o PC.

A trilha sonora é espetacular e é um dos grandes destaques do game, casando perfeitamente com o clima despojado e leve da trama – que, ainda assim, aborda temas mais sérios e pesados ao longo da campanha, que é enorme e multifacetada. A versão de PC, embora simples, oferece todas as opções esperadas para um jogo do gênero, e é mais confortável no mouse e teclado, pois boa parte da jogabilidade consiste em apontar e clicar nos personagens para interagir com eles.
Uma ótima visual novel
The Hundred Line: Last Defense Academy é um jogo com personalidade, fruto direto do supergrupo de criadores que liderou a produção da Too Kyo Games em parceria com a Aniplex. Embora o acabamento não esteja entre os melhores e as mecânicas de RPG pudessem apresentar uma dificuldade mais justa e equilibrada, o título consegue oferecer uma experiência envolvente e cativante que é perfeita para os fãs de uma boa e divertida visual novel.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno