Snk vs Capcom capa

Review SNK Vs. Capcom: SVC Chaos (PS4) – Preservando um crossover não tão amado

Mais de 20 anos após o lançamento original, a SNK relança a sua principal parte na parceria com a Capcom do início dos anos 2000, SNK Vs. Capcom: SVC Chaos. Ainda que não seja um game excepcional e adorado quanto tantos outros da época, é um bom game de luta que vale a pena ser revisitado.

Desenvolvimento: Code Mystics
Distribuição: SNK
Jogadores: 2 (local e online)
Gênero: Luta
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch
Duração: Sem registros

Unindo universos

Infelizmente são apenas colagens de artworks
Há quatro papeis de parede para ilustrar o fundo da tela

A história do jogo (sim, meio que existe uma) é aquele absurdo aleatório que a gente vê para justificar um crossover. Algum tipo de evento cataclísmico aconteceu e toda a vida da Terra foi eliminada. Um grupo de lutadores é reunido para um torneio no purgatório, e quem vencer poderá realizar um desejo. Repare que todos os cenários do jogo são melancólicos e sem vida, o que inclusive foi bastante criticado no lançamento, principalmente devido à SNK ser reconhecida por seus cenários incríveis.

SVC não foi exatamente um jogo muito aclamado mesmo à sua época, principalmente em comparação com as contrapartes da empresa rival: Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 e, especialmente, o clássico Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001. Mesmo tecnicamente, o jogo ficou aquém do esperado para a época. Enquanto os games da Capcom foram desenvolvidos para a plataforma NAOMI da Sega (baseada no Dreamcast), SVC Chaos foi lançado para o Neo Geo, um hardware que, em 2003, já tinha 13 anos de mercado e havia visto duas novas gerações de consoles.

Relançamento com o esperado

Os 36 personagens são distribuídos igualmente entre Capcom e SNK
Diferentemente de outros crossovers, as lutas são apenas 1 contra 1

Esse relançamento é mais uma vez produzido pela Code Mystics, desenvolvedora especializada em trazer jogos antigos para plataformas atuais que tem uma forte parceria com a SNK, já tendo trazido vários de seus títulos para consoles modernos. Já com bastante expertise na área, a cada lançamento eles trazem a qualidade esperada e incluem pequenos novos incrementos.

Dessa forma, temos várias funcionalidades esperadas de lançamentos como este: filtros de imagem, papéis de parede, diferentes aspectos para a tela, controles personalizáveis, modo treino, modos online, galeria, entre outros. No modo treino, também é possível visualizar as hitboxes dos personagens. O modo online conta com rollback netcode, que proporciona a melhor qualidade de partidas online em jogos de luta. Infelizmente, não há crossplay, o que é importante em jogos possivelmente de nicho como este, mas tipicamente a comunidade tende a se centrar no PC. Em resumo, ainda que não traga nenhuma inovação incrível, é um pacote competente que entrega com qualidade o que se espera de um relançamento atualmente.

Apego máximo ao original não é o ideal

No entanto, pode não ser ideal contra adversários que morem longe
Online com rollback funciona bem, mas faltou crossplay

Por um lado, pode ser admirável manter a ROM original da versão de Neo Geo caseiro, mas isso traz algumas coisas desagradáveis que foram alteradas mesmo nas versões para PlayStation 2 e Xbox do jogo, lançadas na época. Por exemplo, os personagens secretos não aparecem diretamente na tela de seleção; você tem poucos segundos para escolher seu personagem; o leitor de inputs é um pouco problemático, em especial para personagens de carregar; você pode perder apenas três vezes no modo arcade. A Code Mystics tem histórico de aprimorar os seus lançamentos após o feedback da comunidade, então é possível que melhorias sejam feitas eventualmente.

Quanto ao jogo em si, é exatamente o mesmo que foi lançado à época, para o bem ou para o mal. Em contramão às versões da Capcom do crossover, temos um sistema de batalha relativamente simples, com poucas mecânicas e apenas um estilo, diferentemente dos 6 grooves existentes em CvS2. Basicamente, temos o Guard Cancel Attack, Guard Cancel Front Step e Cancel Anywhere, que são mecânicas que permitem gastar barras para cancelar golpes em outros ou afastar o adversário. O sistema de luta, no geral, é baseado na série The King of Fighters, com quatro botões de ataque.

O mesmo jogo de vinte anos atrás

Galeria contém capas, artes de divulgação e artworks de personagens e cenários

Como esperado, o elenco generoso de 36 personagens foca nas séries The King of Fighters (que, por sua vez, reúne personagens de outras séries da SNK) e Street Fighter, mas traz alguns personagens interessantes e inéditos, como Mars People de Metal Slug, Demitri de Darkstalkers e Zero, na sua versão Mega Man Zero. Particularmente, gosto bastante de ver a interpretação da SNK para os personagens da Capcom, com sprites no estilo de KoF e jogabilidade adaptada para quatro botões e para as mecânicas de KoF.

Ou seja, quem gostou do jogo na época irá aproveitar bastante esse relançamento, mas quem não gostou não encontrará nada aqui para mudar de ideia – ainda que, talvez, valha a pena dar uma segunda chance. De qualquer forma, sou sempre à favor da preservação dos games, e esse lançamento chega para trazer para as plataformas atuais mais um bom jogo que estava restrito a consoles antigos e emuladores.

Saudando a era de ouro dos jogos de luta

SNK Vs. Capcom: SVC Chaos é um pedaço da história dos jogos de luta, lançado já no crepúsculo da sua primeira era de glória. Certamente, não é um jogo tão ruim como foi criticado na época, e esse relançamento é bastante bem-vindo.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

SNK Vs. Capcom: SVC Chaos

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Funcionalidades esperadas de um relançamento atual
  • Jogo roda perfeitamente como o original

Contras

  • Algumas melhorias de qualidade de vida poderiam ter sido implementadas
  • Faltou crossplay entre plataformas