O subgênero Roguelike é apregoado nos dias atuais, principalmente pela forma como a indústria de jogos independentes inovou o mercado pela sua mutabilidade com cenários feitos proceduralmente. Porém, isso chamou muita atenção lá em 2008, quando um minerador qualquer se arriscava para conseguir riquezas nas cavernas. Portanto, acredito que isso faça de Spelunky o pai dos Roguelike, contudo, caso discorde – o que seria muito plausível – , ainda é inquestionável a importância do game para o subgênero.
Desenvolvimento: Blitworks
Distribuição: Mossmouth
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Ação, Plataforma, Multiplayer
Classificação: 14 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch
Duração: 18 horas (campanha)/87 horas (100%)
Uma relíquia clássica
Lançado originalmente no longínquo ano de 2008, o clássico Spelunky era um pouco diferente da versão recentemente lançada para o Switch. Com gráficos em pixel art, o game era um enorme desafio até para os jogadores mais hardcores. Porém, por outro lado, como todo bom e atual Roguelike, era também incrivelmente viciante. Por conta disso, em 2013, uma nova versão foi lançada dando uma repaginada na arte visual e adicionando mais desafios ao game, sendo a mesma que o híbrido da Nintendo recebeu.
Em Spelunky (espeleologista, em tradução livre), controlamos um geólogo sem nome que explora cavernas para estudar suas formações. Em uma de suas aventuras no subterrâneo, ele encontra uma porta misteriosa para a caverna de Olmec e o diário de um antigo explorador que ficou preso ali. Após ler as informações que o diário registra, o geólogo recebe a chave da porta e adentra a caverna sem muitas cerimônias. É nesse momento que descobrimos o inimaginável: uma maldição faz com que as cavernas mudem constantemente e que ninguém ali dentro morra completamente, sendo a desculpa perfeita para um Roguelike.
Devido a essa curiosidade, agora ele se encontra preso em um looping de muitas mortes e descobertas. Sendo assim, a missão aqui é fugir dessa inerente caverna. No entanto, enquanto a taxa de mortalidade vai só subindo, essa necessidade de conhecimento do especialista cria uma missão secundária: completar o diário com todas as descobertas feitas.
Dinheiro, mulheres e fugas
Primeiramente, como já foi dito, nenhuma caverna é igual e é possível destruí-las por completo. Então, para alcançar tesouros, lojas ou pessoas é necessário explodir as coisas para abrir caminho até eles e, consequentemente, até a saída. A grande dificuldade fica pelo cuidado e falta de experiência, pois só há 4 corações de vida e se explodir não é uma tarefa tão difícil no início, fora que as bombas são consumíveis e podem fazer muita falta.
No entanto, caso consiga contornar tais adversidades, a recompensas não são tão valiosas assim. Existem pepitas e barras de ouro, mas também algumas jóias preciosas que aumentam a riqueza do geólogo. A ganância aqui pode custar uma volta direta para o início, portanto, é bom calcular se realmente vale a pena se arriscar para ficar podre de rico. A grande controvérsia aqui são os itens à venda nas lojas, que muitas vezes não são interessantes a ponto de valerem o risco, fora que eles podem ser roubados.
Diferente da forma convencional citada acima, há outros dois aspectos que ampliam o capital do geólogo: o tesouro de Olmec e as mulheres resgatadas no percurso. O primeiro é uma cabeça de ouro que está em todas as fases exploradas. De forma igual, há uma mulher para cada fase. Ao levar um dos dois para a saída, uma quantidade de ouro é adicionada à conta. Porém, o risco é alto, muito alto, então, resgatar esses objetivos pode ser problemático e nem valem tanto dinheiro.
Morte empírica
Qualquer um que se preze a encarar um Roguelike já deve possuir em sua mente que a morte é a sua melhor amiga, visto que com ela se aprende e evolui. Morrer em Spelunky não é muito diferente, porém, ela é muito mais próxima do que já experienciei em outros jogos do subgênero. Levando, aqui, o nome ao pé da letra, você deve ser um verdadeiro especialista em cavernas no início para não morrer a cada pulo.
As armadilhas são o obstáculo mais perigoso dessa aventura. Mesmo que sejam bem variadas e distintas, elas ainda possuem algo muito em comum: são altamente mortíferas. Eu sei que isso foi bem óbvio, mas é bom deixar claro de como essas belezinhas são inoportunas. Elas estão espalhadas pela caverna e quando você se dá conta do que aconteceu já está no início de uma nova caverna.
Além das armadilhas, outro ponto fatal é a queda. Spelunky também é um jogo de plataforma, portanto, correr e saltar são mecânicas que devem estar calibradas ao adentrar no game. Mesmo que seja possibilitado o uso de uma corda, sendo ela um consumível, o dano por queda ocorre com mais frequência do que se imagina. Em alguns momentos ele me pareceu ser bem injusto, pois algumas delas foram bem baixas, mas mesmo assim foi fim de jogo.
Poucos dos inimigos ou monstros que encontrei foram preocupantes. Tendo em vista que apenas uma chicotada mata a maioria deles ou, se for do estilo mais old school, não há nada que um pulo na cabeça não resolva.
Pouca mudança, mas muito divertimento
Spelunky continua sendo o mesmo desafio e divertimento que sempre foi. Mesmo não trazendo muitas novidades, além das já vistas em versões anteriores, a escapatória do geólogo é uma aventura interessante para os donos do Switch, principalmente fãs de Roguelike. Caso não goste do subgênero, passe muito longe desse game, pois ele é basicamente o princípio de muitos títulos contemporâneos, portanto, não terá pena de expressar sua ruindade como jogador.
Em adição, o cooperativo local é um outro aperitivo que precisa ser ressaltado. Proporcionar de forma fácil diversos desafios para até 4 pessoas é um elemento cômico e que permite diversão por muitas horas. O cálculo de onde vai explodir, se vai salvar o tesouro ou a mulher, ou se vai abrir algum caminho perigoso não é tão simples. Nas minhas jogatinas à dois, o que não faltou foram mortes estúpidas, assim como as risadas.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong