Spirit of the North é um jogo lançado no ano passado para PC e PS4 e que chegou no dia 07 de maio para o Switch.
O game, desenvolvido pela Infuse Studio e publicado pela Merge Games, é inspirado numa lenda do folclore finlandês do espírito Tulikettu, uma raposa vermelha que é escura durante o dia e que brilha como fogo à noite. Segundo a lenda, ao correr, sua cauda faz surgir faíscas que sobem ao céu dando origem à aurora boreal.
Desenvolvimento: Infuse Studio
Distribuição: Merge Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, puzzle
Classificação indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4 e Switch
Duração: 6 horas (campanha)
![A raposinha vermelha se depara com um rastro avermelhado no céu.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-the-Light-01.jpg)
A raposa de fogo e o espírito do norte
Os cenários são diversificados – porém inóspitos e imponentes – e buscam remontar traços da geografia islandesa, passando desde montanhas gélidas a florestas esverdeadas. Iniciamos o jogo controlando uma raposinha vermelha que se depara – na imensidão gelada – com um rastro avermelhado no céu. Ao segui-la topamos, no caminho, com o espírito do norte que após alguns eventos se funde à raposinha, nos concedendo poderes para decifrar o mistério por trás daquela mancha avermelhada no céu.
Apesar da riqueza envolta à lenda finlandesa, não há história ou uma narrativa complexa como pano de fundo. O game, na verdade, não explica nada para que possamos contextualizar – minimamente – os eventos da tela. Ele não apresenta uma linha de diálogo sequer ao longo de todo gameplay. São oito capítulos solitários em meio à uma vastidão natural. Trata-se de um jogo contemplativo, e para nos aprofundarmos na narrativa temos que correr atrás de recursos fora do jogo, como entrevistas dos desenvolvedores, por exemplo.
![Os cenários são bonitos e enormes.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-Light-04-1024x576.jpg)
Resolva puzzles em cenários grandiosos
Mas do que se trata Spirit of the North? É um jogo de aventura em terceira pessoa em que precisamos desvendar puzzles espalhados pelo cenário para que possamos avançar na trama. O jogo conta ainda com uma missão secundária pouco atrativa, em que temos que devolver cajados de monges aos seus corpos sem vida, libertando, com isso, suas almas.
Os quebra-cabeças são resolvidos com poderes diversos adquiridos ao logo da jogatina. A luz do espírito, envolto à raposa, é a responsável por concedê-los. Porém, toda vez que resolvemos um puzzle, essa luz se perde. Então temos que procurar uma flor de cor azulada, para com o latido da raposa, tê-la novamente.
![Temos que procurar essas flores azuis para recuperar nossos poderes.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-Light-06-1024x576.jpg)
Temos, nesse sentido, dois tipos de gameplay. Sem a luz do espírito do norte, controlamos uma raposa comum que só pode pular, latir, abanar sua cauda e correr. Já com ela, a simpática raposinha pode iluminar cenários, trazer luz à runas esculpidas em pedras e paredes que liberam passagens, se deslocar como uma flecha ou desmaterializar seu corpo para ultrapassar barreiras. Ou seja, a solução dos enigmas no cenário só é possível quando a raposa de fogo e o espírito do norte estão fundidos. Dessa forma, não serão poucas as “idas e vindas” pela imensidão dos cenários atrás das flores azuis que nos permitem restabelecer esses poderes. E aí começam os problemas!
![O encontro com o Espírito do norte](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-the-Light-02-1024x576.jpg)
O exagero que estraga
Os controles não são de todo mal, mas apresentam falhas bobas e não respondem, às vezes, como deveriam. E como há elementos de plataforma, isso acaba frustrando um pouco, apesar de não sermos punidos pelos nossos erros. O máximo de “punição” – se é que podemos chamar assim – é a repetição daquele movimento até acertar. E isso cansa!
Como já falei, os cenários são imensos, e não há uma única ferramenta ou mapa – em todo o jogo – que faça que consigamos nos situar. Não contamos nem mesmo com um HUD (interface visual)
Repito: é tudo muito contemplativo. O cenário gigante não possui uma função específica dentro do gameplay. A impressão que tenho é que está ali só por estar. Não foram poucas as vezes que me perdi. E a dinâmica, de ter que procurar um ponto no mapa em que hajam as flores azuis que recarregam os poderes da raposa, são chatas e repetitivas.
![“Rapostruz” ou “avesposa”?](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-Light-03-1024x576.jpg)
Beleza mal polida
O design de arte do jogo é lindo, apresentando tons aquarelados que casam perfeitamente com a proposta do mesmo. Os cenários, igualmente, criam bem a sensação de solidão. Por falar nisso, é bom frisar que não interagimos com nenhum (repito, nenhum) ser vivo durante todo o jogo! Apesar da beleza estética, os gráficos de Spirit of the North apresentam problemas que estragam um pouco essa pegada contemplativa do qual se propõe.
Digo isso porque a versão do Nintendo Switch recebeu um downgrade violento em comparação com as demais versões. Alguns efeitos de sombra e partes do cenário, por exemplo, se formam conforme você anda. Em certa fase tive que aumentar o brilho da minha TV quase em 100% para conseguir enxergar os elementos da tela, resolver o puzzle e passar do capítulo. Outra coisa muito comum são alguns crashes que fazem com que o nosso personagem enfie – literalmente – a cabeça no chão ou em paredes. E, em alguns momentos, apesar da inexistência de vários elementos em tela, há quedas inexplicáveis de framerate. A impressão que fica é que faltou um pouco de cuidado no polimento da versão final do jogo.
As músicas causaram um efeito duplo em mim. As melodias são belíssimas, todas originais e orquestradas. Mas (e nesse jogo, infelizmente, sempre tem um “mas”), são repetitivas ao extremo. Daria no mesmo se você retirasse o som (o que eu fiz, diga-se de passagem) e colocasse um música pra tocar no Spotify. Parece um tipo de playback, entendem? Quando ela acaba começa tudo de novo. Não há interação com a resolução dos puzzle e ela não “cresce” conforme avançamos. É a mesma canção sendo tocada em loop, com início, meio e fim.
![Belo, mas repetitivo.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Spirit-of-Light-05-1024x576.jpg)
Experiência repetitiva
Spirit of the North é um jogo que se perde na tentativa vã de se apresentar maior do que verdadeiramente é. Apesar de tudo, possui uma beleza estética singular em meio à quebra-cabeças interessantes. Porém – sem mencionar a questão do polimento, na versão do Switch – a falta de conteúdo, diante da imensidão dos cenários, torna tudo muito cansativo, fazendo dessa uma experiência repetitiva.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming