Star Overdrive capa

Review Star Overdrive (Switch) – Um Zelda BotW futurístico e com hoverboard

Star Overdrive é um indie de mundo aberto com uma proposta ousada: colocar você na pele de um protagonista, Bios, que explora um planeta alienígena em busca de alguém desaparecido. Tudo isso acontece deslizando por vastas paisagens em um hoverboard em alta velocidade e mecânicas que tentam te prender ao longo dessa jornada no planeta desconhecido.

Desenvolvimento: Caracal Games
Distribuição: Plug In Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG, Aventura
Classificação: 10 anos (Violência, Conteúdo Sugestivo)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 15 horas (campanha)

Narrativa curiosa e jogabilidade envolvente

Pilotar o hoverboard por aí é bem divertido e uma grande adição
Pilotar o hoverboard por aí é bem divertido e uma grande adição

Desde os primeiros minutos, o que chama atenção em Star Overdrive é a sensação de liberdade ao atravessar grandes áreas abertas usando uma prancha movida a foguetes. Os controles lembram muito jogos de skate, permitindo manobras, impulsos e saltos estilizados para receber um impulso enquanto você busca locais para explorar e torres para ativar. Essas torres desbloqueiam áreas do mapa, revelam dungeons e marcam pontos de interesse — em uma estrutura de progressão bem parecida com a que vimos em Zelda Breath of the Wild.

O coração do indie está na exploração. Usar o hoverboard para cruzar o cenário é não só estiloso como divertido, criando uma sensação de liberdade semelhante à de Breath of the Wild, mas com bem mais agilidade (e isso é bem positivo). A mecânica de movimentação é fluida e torna a exploração algo prazeroso, mesmo sem objetivos imediatos.

Puzzles e Ferramentas

Algumas habilidades secundárias são mal polidas e precisavam de mais testes
Algumas habilidades secundárias são mal polidas e precisavam de mais testes

Os quebra-cabeças são parte fundamental da gameplay. Encontrar torres e seguir cabos elétricos até seus interruptores se transforma em um loop de raciocínio e tentativa-e-erro, que muitas vezes se torna frustante ou não claro devido à falta de uma experiência mais intuitiva.

Para solucioná-los, você precisa conquistar ferramentas específicas em calabouços espalhados pelo mapa. Entre as habilidades disponíveis, há a capacidade de mover objetos telepaticamente, criar plataformas de salto que te dão impulsos (bem problemática no quesito usabilidade essa, aliás) e lançar projéteis. Essas ferramentas são essenciais não só para explorar o mapa, mas também para resolver batalhas e enfrentar chefes.

É possível desbloquear melhorias e participar de eventos de corrida pra adquirir mais recursos e liberar mais missões ao longo da jornada. O game também exige um certo nível de repetição de missões e tarefas para acessar alguns upgrades, o que acaba tornando tudo meio maçante e parecido.

Combate como secundário

Músicas de fundo ativam em combate são bem compostas, mas repetitivas
Músicas de fundo ativam em combate são bem compostas, mas repetitivas

O combate existe, mas não é o foco aqui. A espada de Bios pode ser usada para combos, mas o jogo realmente brilha ao incentivar o uso de ferramentas em combate. Jogar inimigos uns contra os outros ou usar plataformas e objetos do cenário como armas se mostra mais eficiente — e criativo — do que ataques diretos. Até mesmo os chefes são baseados em lógica e resolução de problemas, como vermes gigantes de areia que exigem precisão e uso inteligente das habilidades.

É impossível ignorar o quanto Star Overdrive se inspira em Breath of the Wild. Desde os visuais e trilha sonora até o modo como calabouços são acessados, a similaridade é grande. O primeiro poder que você adquire é praticamente uma cópia do Magnesis de Zelda, com uma diferença mínima em sua execução. No entanto, o indie se afasta gradualmente dessa dependência à medida que novos poderes e mecânicas são introduzidos, como a possibilidade de melhorar sua prancha com novos módulos (e, pra isso, bato palma).

Mecânica de melhorar o hoverboard é simples e eficaz
Mecânica de melhorar o hoverboard é simples e eficaz

A prancha flutuante pode ser aprimorada com peças coletadas pelo mundo, aumentando sua velocidade, controle, resistência a terrenos difíceis e até ganhando habilidades automáticas, como atacar inimigos sozinha. Essas melhorias não são apenas cosméticas — são obrigatórias para avançar em partes importantes da história. Prova disso são os eventos de corrida, que exigem upgrades profundos na prancha para serem vencidos.

No entanto, essa exigência de melhorias leva a um problema de ritmo: a dificuldade dá um salto brusco já na segunda corrida principal, exigindo que o jogador se dedique a grindar materiais em atividades paralelas por horas. Mesmo após otimizar a velocidade da prancha, o progresso pode travar por conta de exigências mal balanceadas.

Problemas gerais e bugs

Bugs como mensagens sobre o combate aparecendo constantemente são irritantes
Bugs como mensagens sobre o combate aparecendo constantemente são irritantes

Apesar de vários tropeços, o jogo oferece bastante conteúdo, com pelo menos 15 a 20 horas para quem quiser completar a campanha principal — e mais se for explorar os extras. O estilo visual é colorido e charmoso, mesmo que falte polimento nos modelos e texturas. A performance no Switch é sólida: roda a 30fps estáveis na maior parte do tempo, com pequenas quedas em combates contra múltiplos inimigos.

No geral, existem bugs de mensagens instrucionais sobre o combate se repetindo constantemente e pauasndo a jogatina, o que acabou sendo bem irritante. Mas no quesito jogabilidade, o game executa muito bem seu cerne de gameplay (apesar do mundo ser vazio), mas as mecânicas secundárias relacionadas às habilidades acabam deixando a desejar, mostrando uma execução não muito intuitiva e focada em tentativa e erro, o que me desagrada e mostra falta de testes por parte da equipe.

Faz muita coisa bem feita

Star Overdrive brilha pela proposta divertida e execução competente que recebe meus aplausos por conta do hoverboard e narrativa. Acaba esta sendo uma ótima pedida para quem curte exploração não-linear com pitadas de mistério, puzzles e um toque de adrenalina. Porém, se você procura algo com o nível de qualidade Breath of the Wild, algumas coisas vão acabar desapontando aqui e mostrando uma falta de polimento.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Star Overdrive

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Narrativa envolvente
  • Mecânica do hoverboard é a melhor parte
  • Combate até competente
  • Músicas das fitas cassetes

Contras

  • Habilidades secundárias deixam a desejar
  • Alguns bugs irritantes
  • Game Over não precisava existir
  • Mundo um tanto quanto vazio