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Review Star Wars Jedi Knight: Jedi Academy (Switch) – Um mestre perdido no passado

Há muito tempo atrás, em uma geração muito, muito distante, Jedi Knight foi uma série revolucionária para Star Wars, de tempos onde várias empresas podiam lançar jogos da série, e hoje surpreendentemente retorna para o Nintendo Switch para que uma nova geração possa conhecer a historia original, mesmo que com um port de qualidade duvidosa que talvez não consiga sobreviver ao tempo.

Desenvolvimento: Raven Software
Edição: Aspyr
Jogadores: 1 (local) e 1-16 (online)
Gênero: Ação, Aventura, FPS
Classificação indicativa:
13 Anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Xbox, Switch
Duração: 9 horas (campanha)

O Legado dos Jedi

Jedi Knight vem originalmente dos PCs, tudo começou com Dark Forces, um clone de Doom que contava a historia de como foram roubados os planos da Estrela da Morte, e evoluiu para as aventuras do anti-herói Kyle Katarn unindo FPS com duelos de sabre de luz em terceira pessoa.

Jedi Academy é o terceiro game da série, e sua campanha se passa anos depois de O Retorno de Jedi, aqui você controla um novo sensitivo a Força, que conseguiu fazer seu próprio sabre de luz sozinho, o jogo até deixa você escolher o cabo e a cor do seu sabre pra ligar isso ao gameplay e escolher também o sexo e algumas raças diferentes para o personagem, realmente um avatar do jogador. Com isso você se une a Academia Jedi comandada por Luke Skywalker e recebe os treinamentos do antigo protagonista Kyle Katarn por entre a campanha.

A trama aqui é simples, e não foge muito dos temas principais da série de filmes ou dos jogos anteriores, você descobre um sinistro novo plot Sith, onde novos vilões procuram artefatos do passado para derrotar os novos Jedi, além do que restou do Imperio. O legal é que o jogo se divide em missões que você pode escolher em qualquer ordem, e elas se passam em diferentes planetas vistos nos filmes e livros, além de trazer os famosos 2 finais diferentes onde você pode optar pelo Lado Sombrio ou o Lado da Luz. Tem muita coisa interessante para fãs de longa data explorarem, por mais que seja tudo simples o suficiente para mesmo quem só conheça Guerra nas Estrelas por alto.

Aprendendo os caminhos da Força

Jedi Academy é um jogo dos anos 90 lançado para PC, e trás uma jogabilidade bem estranha para os dias de hoje. Temos aqui um misto de Tiro em Primeira Pessoa com ação e exploração em Terceira Pessoa, no modo FPS o jogo é similar ao Quake, usando as diferentes armas de laser da franquia, a movimentação é rápida, inimigos em todos os lugares, o jogador pode recuperar munição ou pegar novas armas simplesmente passando por cima das deixadas pelo inimigos ou espalhadas pelos cenários. Além de usar outros equipamentos como granadas e bombas para enfrentar os inimigos e as armadilhas espalhadas pelas fases, como lasers explosivos.

O modo mais interessante porém é usar seu Sabre de Luz em Terceira Pessoa, mas o combate é completamente diferente do que você pode estar acostumado, não é nada parecido com o “estilo Gos of War” de Force Unleashed, ou o “estilo Dark Souls” do recente Jedi Fallen Order, com o sabre em mãos ao atacar você faz uma série de balanços com a arma para os lados, dependendo do lado que está direcionando o personagem, e esse constante movimento de câmera e posicionamento pode deixar o jogador bastante confuso no inicio para tentar acertar mesmo os inimigos mais simples. Estranhamente esse é o jogo que melhor sabe emular como seria usar uma arma como essa de verdade, você pode derrotar qualquer inimigo apenas dando um acerto certeiro com o sabre de luzem seu corpo, fazendo em picadinhos seus oponentes em apenas 2 segundos (com exceção de alguns chefes).

O combate é difícil pois seu personagem também pode sofrer muito dano muito rápido, é necessário sempre estar em movimento pulando ou indo para os lados para se defender. O Sabre de Luz ligado pode defender alguns tiros sozinho, e essa defesa vai aumentando conforme o seu personagem evolui, entre as fases você vai ganhando experiencia e pode melhorar suas habilidades Jedi, mas falo disso um pouco mais pra frente. Antes quero voltar aos combates de Sabre, que com essa mecânica podem durar segundos ou longos minutos em uma luta onde um oponente Sith também pode vencer você com um golpe de sorte. Além de defender de alguns ataques você também pode tirar o sabre para acertar inimigos ou obstáculos a distância, acertar inimigos em cheio também pode mata-los em um só golpe, porém deixa o jogador completamente vulnerável a ataques.

Voltando aos poderes Jedi, esse é o elemento de RPG presente no game, você tem habilidades “padrão” como “Force Push” e “Force Pull”, Sensibilidade, que permite enxergar alguns elementos escondidos e pulo Jedi (aqueles saltos enormes que eles dão nos filmes). Porém a maioria delas só é útil em alguns momentos específicos, como para puxar alguma plataforma. Também temos habilidades que você vai comprando com os pontos que ganha ao passar das missões, que são bem mais úteis como os Raios para atacar inimigos ou Heal que permite recuperar HP. Essas habilidades gastam uma barra separada (como um MP) que se recuperam com o tempo.

É realmente muito empolgante em alguns momentos, Jedi Academy tenta trazer muita variedade e exploração, misturando diversos tipos de desafios nos cenários com vários tipos diferentes de inimigos, tem alguns que só atiram, outros que usam armas corpo a corpo, os Sith que também possuem poderes para enfrentar o jogador e muito mais, porém infelizmente tudo isso é jogado no lixo com os péssimos controles que encontramos na versão de Switch.

A Regra dos 15 Anos

A sensação que temos ao tentar controlar esse jogo no Switch é que eles literalmente fizeram o analógico direito emular as teclas WASD do teclado e o analógico direito emular um mouse, ou seja, é uma bagunça completa tentar navegar pelos cenários. Mas isso é mais um agravante do que o problema principal, o jogo simplesmente não envelheceu bem, os cenários possuem um layout confuso e as vezes exigem que você vá e volte para diversos pontos, como uma missão onde o objetivo é desativar bombas, claro que não é uma ideia ruim, e hoje em dia séria super simples com um monte de setas apontando o caminho ou um mini mapa no canto da tela (coisa inexistente por aqui), mas a execução é de matar, com mapas muito confusos com vários lugares onde você pode cair para a morte tentando controlar o personagem como segurar um sabonete com as costas da mão numa banheira.

Os problemas de gameplay se intensificam ao tentar usar armas, tentar mirar com precisão é uma árdua tarefa, o gameplay em primeira pessoa é mais usado para vencer inimigos posicionados como Snipers ou a distancias que seu Sabre de Luz não pode acertar, e por isso passei muito tempo ajustando a sensibilidade para tentar aproveitar melhor a experiencia, mas sempre como passar a linha numa agulha. Claro que isso se deve ao port direto do PC, que conta com a precisão de um mouse como pedra fundamental da jogabilidade, e mesmo a versão lançada para o Xbox original tinha o mesmo problema, o que na época podia ser perdoado, afinal não eram muitos FPS bons lançados para consoles, mas aqui levantam muitas duvidas sobre a produção do port.

Como eles tentaram corrigir isso? Existe a opção de jogar com controles de movimento, usando a sensibilidade dos Joy Cons você pode mover o controle para ajustar a mira, funciona basicamente como no Splatoon da Nintendo, a ideia de permitir que o jogador faça os ajustes finos ao mirar que o analógico simplesmente não permite, mas na pratica acaba causando é tontura com toda a movimentação de câmera que você vai começar a fazer ao pular pra todo lado tentando fugir de tiros e acertar os inimigos.

Explosão do passado

A versão de Switch também conta com um modo online para até 16 jogadores, que curiosamente é disparado a melhor parte do jogo. Como o jogo em si é parecido com os clássicos Arena Shooters como Quake e Unreal Tournament, aqui temos diversos modos das antigas como Team Deathmach ou Rouba Bandeira, onde até 16 jogadores escolhem qualquer tipo de personagem presente na campanha para se enfrentar nas arenas, e é aquela “bagunça organizada” presente no Unreal Tournament que está de volta aqui tão divertido como sempre. Sabres de Luz e poderes sendo jogados pra todo lado ajudam na diversão, não é difícil encontrar uma sala cheia, e a conexão é boa, eu joguei esse modo apenas no modo portátil do aparelho e tive uma experiencia bem ok com a estabilidade, e como todos estão usando os mesmos controles horríveis, acaba balanceando o nível dos jogadores meio que sem querer.

É importante citar que isso se dá principalmente porque os servidores são compartilhados com a versão de PC do game, importante falar porque existem muitas reclamações na internet de que algumas pessoas conseguem acessar as salas do Switch via PC, e com a vantagem de usar teclado e mouse esses jogadores obviamente jantam os pobres coitados usando os Joy Cons, porém eu mesmo não cheguei a encontrar esse problema, então é possível que tenha sido ajustado pela desenvolvedora.

Eu tenho um mau pressentimento quanto a esse port

Não tenho como não focar o fim desse review na qualidade duvidosa desse port para o Nintendo Switch. É claro que o jogo é antigo, então já esperamos aquele chame de gráficos “quadrados”, movimentação robótica, cutscenes datadas para os dias de hoje, e até que o port trás texturas atualizadas, carregamentos bem rápidos entre as fases, roda bem e não apresenta quedas na velocidade tanto no modo portátil quanto no modo TV.

Porém tudo parece realmente ter sido feito muito na pressa, a jogabilidade não tem nenhuma modificação interessante além de alguns atalhos para usar poderes ou o controle de movimento, nada que realmente ajude pra valer, fora que não podemos jogar no formato original mais quadrado do jogo original, temos aqui apenas uma versão mais esticada, que acaba “cortando” a tela  em diversas cutscenes. Eu entendo que não temos aqui um remake, ou um remaster, mas acho que Star Wars merecia um pouco mais. Serio, olha como é a qualidade da primeira tela que aparece ao ligar o jogo:

O Lado Sombrio é poderoso

Star Wars Jedi Knight: Jedi Academy parece muito deslocado nos dias de hoje, ele apresenta muitas opções para jogar, uma campanha recheada de inimigos diferentes, chefes interessante, uma história gostosa de acompanhar, dois finais diferentes para acrescentar fator replay a experiencia e um modo online divertido para quem sente falta dos arena shooters do passado que até pode agradar e divertir fãs desse período na historia ou fãs de Star Wars em geral como eu (principalmente pra quem não curte o caminho que os filmes recentes tomaram e querem ver algo fora do cannon).

Porém o level design confuso e combate estranho somado aos terríveis controles dessa versão, permeiam toda a experiencia como um Lord Sith na caçada de um Jedi, e devem afastar jogadores de jogos de ação mais modernos, e acaba caindo como opção apenas pra quem realmente curte esse tipo de experiencia ou a franquia como um todo.

Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pelos produtores

Star Wars Jedi Knight: Jedi Academy

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Variedade de gameplay
  • Criação de personagem
  • Enredo divertido
  • Modo online clássico e completo

Contras

  • Gameplay quebrado
  • Port simples do PC para o Switch
  • Controles e navegação confusas
  • Jogo não passa na regra dos 15 anos