Ao longo dos anos e da minha carreira como jogador, experimentei uma vasta gama de jogos de quebra-cabeça. Prefiro começar esta review esclarecendo que a simplicidade de um jogo não me desagrada, contanto que seja bem elaborada. Storyblocks: The King despertou minha curiosidade para testá-lo e ver o que oferece com seu design simples. Aqui, compartilho minha experiência com este indie peculiar.
Desenvolvimento: Ostra Entertainment, Bee Legacy Publishing
Distribuição: Afil Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Puzzle
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5
Duração: 10 minutos (campanha)/3 horas (100%)
O cara que queria ser rei
Storyblocks: The King é essencialmente uma narrativa guiada — sem imagens na história em si, mas apenas texto — sobre um sujeito que queria ser rei. Esse é o enredo e o contexto necessário para compreender essa aventura. Um dia, o cara parte em uma jornada na selva, com o único objetivo de se tornar rei — sabe-se lá de onde veio essa vontade bastante específica, porque ela não é aprofundada.
A seção de jogabilidade, que deveria ser o cerne de qualquer jogo, é onde Storyblocks: The King falha e sofre uma queda significativa em sua execução. Eu esperava simplicidade, mas não uma superficialidade tão grande. O indie oferece uma jogabilidade simples, porém divertida até certo ponto, mas falha ao oferecer algo além de uma única mecânica que nem mesmo é bem feita.
O objetivo aqui é posicionar blocos horizontais de tal maneira que o ponto A se conecte ao ponto B, possibilitando a conclusão do cenário. Após concluí-lo, você avança para o próximo, que introduz mais opções para finalizar essa fase e desbloquear diferentes finais. Cada final é representado por um livro, que contém todos os eventos pelos quais o “herói” passou.
Você pode desbloquear o final mais simples e negativo, que diz que o protagonista voltou para casa sem fama ou experiência digna de um rei — e é só isso. Porém, a mecânica de posicionar os blocos é bastante imprecisa e parece que falha o tempo todo. Existe um feedback visual que torna os blocos verde ao ser possível de colocá-los, mas acaba não resolvendo o problema de imprecisão da câmera e controles.
Além disso, todos os livros desbloqueados podem ser revisados no menu principal, criando um ciclo repetitivo de conclusão do jogo e retorno para conferir seu final. E isso é tudo o que existe a ser oferecido, o que deixa muito a desejar. Não há mecânicas adicionais que enriqueçam a jogabilidade central, nada varia de cenário para cenário, e o jogo repete sua mecânica principal do início ao fim.
Eu me pergunto se isso era realmente para ser uma experiência jogável ou um livro interativo com vários finais. Entendo o conceito geral, mas a execução resultou em algo que parece barato, não-inspirado, e bastante superficial. Você percebe falta de carinho e capricho do início ao fim, desde as fontes até a forma como você volta ao menu – e na apresentação da história.
Um aspecto que poderia enriquecer a experiência seria a introdução de personagens secundários jogáveis, cujas histórias se entrelaçam com a do protagonista em sua busca pelo reinado. Imagine desbloquear narrativas paralelas que exploram a mitologia do mundo de Storyblocks: The King, oferecendo uma compreensão mais profunda do universo e de seus habitantes.
Em Suma
Não me incomodo quando um jogo é excessivamente simplista em suas mecânicas de jogabilidade, mas oferecer uma única forma rasa de jogar que se repete até o final e ainda por cima inserir um ciclo repetitivo é uma receita para o desastre. Infelizmente, Storyblocks: The King não é um jogo que eu recomendaria, devido à sua superficialidade e à aparente preguiça com que os desenvolvedores conceberam o título inteiro. Tiraram leite de pedra aqui para criar uma experiência que parece duradoura, mas na realidade, não vale mais do que 10 minutos do seu tempo.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores