Estratégia em tempo real é um gênero que, geralmente, casa muito bem com os consoles, dependendo de como for feita esta tradução de controles. Lembro bem que passei mais tempo jogando Tropico 4 – apesar de não ser exatamente um RTS – no meu antigo Xbox 360 do que no próprio PC, de tão bem feito que o port havia sido.
Mas, falando de jogos em geral que funcionam melhor com a dupla mouse e teclado, quantos games que se encaixam nisso vem à sua mente quando pensamos no Nintendo Switch? Ancestors Legacy é mais uma aula de como adequar um game desses para comandos analógicos e botões físicos, assim como falei uma vez em Northgard, também para Switch.
Desenvolvimento: Destructive Creations
Edição: Destructive Creations
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Switch, Xbox One e PS4
Duração: 24.5 horas (campanha)/ 39 horas (100%)
Não é um RTS padrão
Ancestors Legacy é um jogo de estratégia em tempo real, baseado em esquadrões, que se passa em eventos históricos da idade média. Aliás, cuidado com o pensamento de que RTS é algo puxado normalmente para a franquia “Age of” da Microsoft ou jogos como Warcraft 3 – eu mesmo já tive este molde em mente.
Não existe coleta de recursos, e sim uma proposta voltada para gerenciamento e treinamento de esquadrões (unidades em grupos), construções e aprimoramentos.
A campanha segue uma estrutura muito comum do gênero, onde inicialmente são mostrados alguns comandos básicos, missões simples para treinar confrontos e ordens ao pelotão para, assim, treinar o jogador para desafios maiores e mais exigentes.
Neste ponto, Ancestors Legacy parece ter entendido como funciona uma curva de aprendizado bem equilibrada, colocando o jogador em situações plenamente possíveis de se aprender e crescer habilidosamente com elas. Entre estas missões iniciais estão emboscadas, recuperação e saqueamento de itens, confrontos diretos, conquistas de vilarejos, resgate, stealth que faz uso do cenário, etc.
Existem também alguns heróis durante a campanha, com os quais você pode obter vantagens sobre os inimigos através de habilidades especiais usadas nas batalhas – algo comum em games do gênero.
A interface conversa bem com quem está jogando, mostrando notificações dentro do contexto como um “soldado morto” acima do pelotão, ou então um descritivo sobre as fraquezas de certas construções ou unidades contra outras.
Vale destacar o charme extra existente por causa da “câmera de ação”, onde você consegue ativar um modo de visualização bem próximo de onde está acontecendo a batalha.
Já a inteligência artificial possui algumas estranhezas, visualmente falando. Percebi que ao mandar algumas unidades terrestres com escudo atacarem outras, por exemplo, alguns guerreiros ficam atrás da ação apenas observando e não fazem nada. Estranho, mas não parece interferir nos danos causado ao inimigo.
Falando sobre a campanha, são 4 nações ao todo que contemplam a história, onde você pode vivenciar o ponto de vista de cada uma delas nos momentos que acontecem durante Ancestors Legacy em cerca de 5 capítulos por nação – garantia de muito conteúdo.
O escaramuça
Em jogos assim, preciso confessar que o maior atrativo para mim sempre se dá pelo modo livre, ou, comumente chamado, escaramuça. A história é sempre um caso à parte e, como falei acima, serve mais como um passo-a-passo para lhe imergir dentro da jogabilidade através dela mesma – sem explodir o jogador com tutoriais, ufa.
Infelizmente, Ancestors Legacy para Switch tem a limitação da falta do multiplayer online, ao contrário de outras versões, tendo apenas o modo contra a inteligência artificial – e também ela como aliada – disponível para jogar, escolhendo entre uma partida vencida por aniquilação dos inimigos ou dominação de vilarejos, além de poder escolher os mapas.
É uma pena este modo online não estar presente na versão para Nintendo, o que me deixou decepcionado por gostar muito de jogar este gênero com amigos online.
É permitido escolher entre todas as facções contidas na campanha, sendo elas os Vikings, Alemães, Eslavos e Anglo-saxões, cada qual com suas vantagens e desvantagens que impactam no gameplay.
Neste modo livre não há a necessidade de coletar recursos como nos jogos mais padrão do gênero – já que estes são gerados automaticamente -, mas sim manter um foco completo em gerenciar seus esquadrões, criar novas construções, aprimoramentos para suas unidades e tudo o que é necessário para se obter a vitória na partida, dependendo do objetivo escolhido.
Versão de Switch
Quando um jogo vem originalmente de outra plataforma para o Switch, sempre existe “a dor e a delícia”.
Ancestors Legacy possui um suporte à toques na tela do Switch que, obviamente, só funciona no modo portátil. Alguns movimentos acabam sendo bem mais rapidamente executados no touch, como selecionar unidades que estão longe do campo de visão, ou navegar pelo mapa tocando o mesmo.
Agora, a parte realmente ruim fica sempre por conta da performance. Claramente os gráficos são inferiores em relação à outras versões de dispositivos mais potentes.
Mas o downgrade por aqui é tão grande que chega a assustar um pouco com as texturas baixas, sombras faltando e um serrilhado gritante, por isso fica complicado indicar o jogo para pessoas exigentes nesta questão.
Porém é um sacrifício para ganhar a portabilidade que somente o Switch oferece, então acho uma troca justa, uma vez que visualmente o jogo não é horrendo e a performance é bem estável em 30fps – exceto nas câmeras de ação.
Uma ótima adição
Mesmo com a ausência do modo multiplayer online, Ancestors Legacy para Switch não decepciona. O jogo em si tem altíssima qualidade e um gameplay divertido, que se torna ágil mesmo no console da Nintendo por conta de suas formas inteligentes de gerenciamento e de comandar suas tropas.
Pessoas mais exigentes podem se frustrar quanto aos gráficos, mas é importante ter em mente que este é um sacrifício comum quando se coloca jogos de outras plataformas no Switch. É aquilo: a troca equivalente de gráficos por portabilidade e conforto.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Samuel Leão