Capa de The Bookwalker

Review The Bookwalker: Thief of Tales (PC) – Um intruso na ficção

The Bookwalker: Thief of Tales tem uma proposta única. A aventura criada pelo estúdio indie Do My Best oferece a oportunidade de adentrar universos ficcionais diferentes com o objetivo de roubar artefatos valiosos de cada mundo. Publicado pela tinyBuild, o jogo chega para PC e consoles da Sony e Microsoft, por meio das lojas convencionais e do catálogo do Xbox Game Pass.

Desenvolvimento: Do My Best

Distribuição: tinyBuild

Jogadores: 1 (local)

Gênero: RPG

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 8 horas (campanha)

Invadindo histórias

Cena da narrativa de The Bookwalker

Assumimos o papel de Etienne Quist, um autor condenado a 30 anos de bloqueio criativo por violar uma lei que regula a escrita. Vivendo na miséria, o homem aceita um estranho convite para reduzir sua sentença, passando a trabalhar como um ladrão de itens para uma misteriosa organização criminosa. Etienne recebe maletas contendo obras que satirizam livros famosos, precisando literalmente entrar em cada texto para cumprir seus objetivos. No meio de seu caminho, o escritor se depara com Roderick, uma carismática gaiola que interage com o anti-herói e dá spoilers a respeito do que está por vir. Essa é uma ferramenta espetacular para guiar o jogador, embora ela não seja sempre clara em suas explicações.

Boa parte de The Bookwalker é focada nas interações de cada livro com o protagonista e seu ajudante, tornando o jogo em um verdadeiro RPG textual, cuja leitura é naturalmente um pedaço integral da experiência. Completamente traduzida em português, a narrativa é leve e descompromissada. Todas as situações são tratadas com irreverência e autoconsciência, com a quarta parede sendo constantemente quebrada no decorrer da jogatina. A história flui de forma agradável, apesar do gameplay ser um pouco frustrante.

Diferenças e contrastes

Monólogo de Etienne, protagonista de Bookwalker

No mundo real, The Bookwalker é apresentado como um jogo em primeira pessoa. No entanto, ao entrarmos nos livros, a perspectiva muda para uma câmera isométrica, criando um interessante contraste entre a magia da ficção e a miséria da vida real. A alternância funciona, já que os ângulos abertos das cenas proporcionam uma surpreendente impressão da grandiosidade fantasiosa retratada pelas obras.

Com mouse e teclado, Bookwalker adota um formato point and click, exigindo que o jogador aponte e clique para movimentar Etienne e realizar ações. Já no controle, é permitido utilizar o analógico para se locomover, o que em tese deveria abrir espaço para uma jogabilidade mais intuitiva e menos restritiva. Contudo, a navegação pelo mundo de Bookwalker é prejudicada pelos controles travados, que não dão a mesma responsividade propiciada pelo mouse. Faltou cuidado na hora de polir esse aspecto, que quebra o ótimo ritmo da campanha. Apesar disso, a versão para computadores é excelente, rodando sem travamentos – embora os desenvolvedores não tenham implementado uma variedade de opções técnicas nos menus.

Mecânicas desnecessárias

Combate baseado em turnos de The Bookwalker

A vida real e a literatura se unem de uma maneira incomum, já que o protagonista tem uma habilidade útil para a solução dos diversos quebra-cabeças presentes em Bookwalker: o poder de transportar objetos para dentro dos livros. Existem funções de crafting e coleta de recursos, importantes para criar as ferramentas necessárias para avançar em determinados objetivos. O problema é que os itens necessários são sempre os mesmos, dando uma redundância e repetitividade para as ações de Etienne. Afinal, convenhamos que o personagem principal poderia simplesmente levar os objetos de um livro para o outro, algo que traria mais dinamismo para a campanha.

O título incorpora em sua fórmula um sistema de combate baseado em turnos que é desnecessário para o conjunto da obra. As batalhas também interrompem o gracioso ritmo proporcionado pelos momentos de leitura, exploração e resolução de puzzles, sendo efetivamente uma mecânica simplória que deveria ter sido deixada de fora pelos produtores.

Um ode à literatura

Apesar de algumas imperfeições, The Bookwalker: Thief of Tales é sensacional, carregado por seu roteiro incrível. A equipe de desenvolvimento entregou uma narrativa excelente, repleta de carisma e subversões de obras famosas. Mesmo com uma jogabilidade chata, a experiência é imperdível para os fãs de uma boa história.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

The Bookwalker: Thief of Tales

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Proposta excelente
  • Carisma único
  • Visuais incríveis

Contras

  • Combate desnecessário
  • Controles pouco responsivos