No final da primeira década dos anos 2000, eu era um telespectador assíduo do “Combo: Fala + Joga”, que era transmitido diariamente no canal PlayTV em parceria com os canais 14, 16 e 21 da TV aberta de São Paulo. O programa nada mais era que um talk-show em que o entrevistador recebia diversas personalidades da cultura pop brasileira e, enquanto a entrevista rolava, os participantes se desafiavam em diversos games multiplayer nas plataformas da época. Através da atração tive meu primeiro contato com diversos games, que até hoje lembro com nostalgia. Um dos que mais marcaram minha infância foi Rampage, um jogo extremamente divertido, que nos colocava no papel de monstros gigantescos e malvados, que só buscavam cumprir um objetivo: Destruir o mundo. Perdi as contas de quantas horas passei à frente da televisão em diversas jogatinas coop com minhas irmãs e amigos; derrubando prédios, explodindo veículos e cumprindo os mais bizarros objetivos. Talvez Rampage não seja um dos melhores games já criados, mas conquistou um lugar especial no meu coração. Anos se passaram, e é com muita alegria que trago à vocês a minha análise de Terror of Hemasaurus, que bebe muito da fonte de Rampage, mas traz consigo um enredo melhor desenvolvido e diversas críticas ao modo de agir da mídia tradicional e até mesmo cutuca desenvolvedores de jogos.
Desenvolvimento: Loren Lemcke
Distribuição: Digerati
Jogadores: 1-4 local
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos
Português: Não
Plataforma: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 2 horas (campanha e 100%)
Apocalipse?
A cena inicial resume muito bem o que vamos encontrar por aqui: humanos completamente adversos à preservação ambiental, jornalistas extremamente sensacionalistas e membros de um culto fanático que acreditam que a única maneira de salvar esta geração é deliberadamente soltar monstros pelas cidades a fim de destruir cada residência e prédio comercial, até não sobrar pedra sobre pedra. Conforme concluímos os objetivos, novos pedaços do enredo serão exibidos. Algumas cenas mostram o impacto na sociedade e como a mídia está tratando o caso, já em outras é possível visualizar a maneira em que os próprios cultistas estão lidando com a magnitude em que o caos evoluiu.
Logo de cara podemos escolher o monstrinho com o qual mais simpatizamos. Cada um deles possui uma habilidade especial única, como, por exemplo, soltar enormes labaredas de fogo ou criar terremotos por todo o cenário. Nossos objetivos em cada um dos cenários são variados. Executar uma quantidade específica de civis, destruir veículos e lançar pessoas nas hélices dos helicópteros ou até mesmo “resgatar” animais de estimação.
Os desenvolvedores conseguiram equilibrar perfeitamente a dificuldade do game, e em momento algum senti que estava sendo prejudicado. Consegui passar a maioria das fases de primeira. Tive certa dificuldade em alguns trechos com muitos inimigos, pois ficava muito difícil esquivar de tantos ataques, mas, depois de uma ou duas tentativas, tirei de letra.
Dieta à base de humanos
Em Terror of Hemasaurus, não existem limites para a destruição. Escalar prédios, socá-los, devorar fanáticos religiosos e seres humanos, lançar veículos e saltar sobre pedestres são apenas algumas das opções destrutivas que temos em mãos.
Não existe apenas uma maneira efetiva de causar o horror na população. É possível combinar diversos métodos e ainda assim não encontrar seu favorito. Apesar desta variedade, existe apenas um combo de golpes físicos disponível. Ao contrário de Rampage, no qual era possível chutar edifícios e pegar veículos, Terror of Hemasaurus nos permite apenas chutar o que está no chão, seja pedestres ou veículos.
O áudio é extremamente problemático. Logo quando abri o game levei um enorme susto, pois a música inicial estava extremamente alta. Este problema com as músicas me acompanhou por toda a experiência. Às vezes estava estourando meus ouvidos, enquanto que em outros momentos quase não se podia escutá-la. Aproveito para citar a trilha sonora, que é simples, mas que se encaixa perfeitamente durante as fases. Claro que não é uma obra-prima, mas cumpre seu papel.
O que está esperando?
Minha experiência com Terror of Hemasaurus foi muito satisfatória. Ele é um game extremamente divertido, que consegue mesclar de maneira inteligente críticas sociais com dezenas de piadas ácidas. O projeto do finlandes Loren Lemcke preencheu as lacunas deixadas pela franquia Rampage, e ainda pode ser jogado com mais três amigos! Essa é uma verdadeira carnificina generalizada que te aguarda.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Terror of Hemasaurus
Prós
- Coop local
- Enredo divertido
- Diversas críticas sociais
- Inúmeras maneiras de causar destruição na cidade
Contras
- Problemas no volume das músicas
- Não é possível agarrar veículos
- Apenas uma combinação de golpes físicos possível
