The Dark Eye: Chains of Satinav Capa

Review The Dark Eye: Chains of Satinav (PS4) – Entre corvos, fadas e maldições

Quando o sino tocar, todo o reino perecerá! Na pele do garoto azarado da cidade, desafie o destino para salvar o reino de Andergast da total destruição, enquanto enfrenta orcs, bruxos e toda sorte de inimigos fantásticos neste adventure point-and-click com um toque de RPG.

Desenvolvimento: Daedalic Entertainment
Distribuição: Daedalic Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PS4,  Xbox One, PC, Switch
Duração: 9.5 horas (campanha)/12 horas (100%)

Desafiando o destino

Geron e Nuri nos arredores de Andergast
Geron e Nuri passeiam nos arredores de Andergast

Em nosso primeiro encontro com o protagonista de The Dark Eye: Chains of Satinav, rapidamente descobrimos que a sorte raramente está ao nosso favor. Geron, o caçador de passáros local, traz má sorte ou, ao menos, é isso que todo o povo de Andergast acredita, o excluindo do convívio social. É neste universo medieval de superstição e feitiçaria que se passa o primeiro adventure do universo de The Dark Eye, franquia bastante famosa na Alemanha por seus RPGs de mesa, transportada aos videogames pelas mãos da Daedalic Entertainment.

A aventura de Geron começa no que parece ser um dia comum de má sorte em sua vida, no qual ele participa de um desafio lançado pelo rei aos plebeus de Andergast, que garante ao ganhador a chance de se apresentar ao rei e oferecer seus préstimos em uma tarefa da escolha do soberano. Mas o que Geron possui em má sorte, também tem em capacidade de improviso e raciocínio rápido, o que o coloca em larga vantagem contra seus oponentes. Infelizmente, para Geron, seu momento de vitória dura pouco, pois um vidente retorna dos mortos para cumprir seu desejo de arruinar o reino de Andergast a todo custo.

Acompanhando Geron em sua nobre jornada está a inocente fadinha Nuri, a última de sua espécie a habitar em Andergast que pode tocar uma harpa que é capaz de pôr fim ao vilão, mas também pode levar o reino à ruína. Enquanto Geron tende a suspeitar de todos, Nuri é extremamente bondosa e ingênua, servindo de contraponto à personalidade um tanto sem graça do protagonista. A inusitada dupla percorre o reino de Andergast enquanto tenta descobrir como derrotar definitivamente o Vidente antes que este concretize seu plano maligno de destruição.

Simples nem sempre é efetivo

Geron tenta livrar o palácio dos corvos
Geron se depara com muitos enigmas em sua jornada

Como a maioria dos adventures point-and-click, Chains of Satinav foi planejado para ser jogado em um computador é isso fica claro ao nos depararmos com os controles. Os objetos com os quais podemos interagir são destacados conforme movimentamos o analógico esquerdo entre eles, e assim aparecem as interações disponíveis. Parece simples, mas nem todos os objetos no cenário estão disponíveis assim que o personagem se encontra no cenário, alguns são destravados após uma escolha de diálogo ou após alguma cutscene, e isso pode ser um aborrecimento para os jogadores que tentarão a todo custo interagir com determinado objeto sem sucesso.

Outra mecânica problemática é a interação com o inventário. Em Chains of Satinav, o inventário, além de conter todos os itens coletados, é onde o jogador pode combinar itens, quebrar estes itens e, posteriormente, reparar os quebrados. Ele pode aparecer como um mini-inventário na parte de baixo da interface ou ser ampliado na tela praticamente inteira. O formato mini, apesar de parecer o melhor formato para utilizar os itens ainda de olho no cenário, se prova muito complicado de se usar, pois os comandos de selecionar e combinar itens não aparecem ao serem selecionados na tela e, apenas com muita sorte e tentativa e erro, o jogador consegue ter sucesso em combinar os itens mais básicos.

O ponto alto de Chains of Satinav com certeza é a ambientação. O mundo de Andergast apresenta florestas etéreas e o cenário de contos de fada ajuda muito a imersão neste mundo fantástico. Até mesmo os locais mais mundanos, como os castelos e vilas, trazem um toque de fantástico, com ilustrações dignas das melhores graphic novels.

Fora de ritmo

A sombria floresta de Andergast
A sombria floresta de Andergast

Os puzzles em Chain of Satinav são interessantes, e não exatamente simples. A maioria envolve um certo senso de lógica e, após os primeiros quebra-cabeças, o jogador já consegue compreender como utilizar os itens para resolver a maioria dos puzzles. Os diálogos apresentam a possibilidade de escolhas e consequências na maior parte do jogo, com exceção do capítulo final, em que os eventos te forçam a seguir o script à risca, ignorando escolhas alternativas que o jogador possa fazer até que este escolha a correta para dar seguimento à narrativa, o que pode desapontar aqueles que gostam da sensação de poder de decisão – e, francamente, se há apenas uma alternativa certa, para quê apresentar escolhas, em primeiro lugar?

Apesar da história demorar um pouco para engrenar de verdade, a narrativa se desenvolve ao longo dos capítulos de tal maneira que, o que parece ser uma história simples de jornada do herói, se transforma em temas um tanto sombrios, como ostracismo, vingança e arrogância humana e o final traz uma interessante dualidade de sentimentos. Em resumo, Chains of Satinav oferece uma boa experiência, com puzzles na medida para um adventure com temática fantástica e narrativa intrigante. Contudo o ritmo é um tanto inconstante e exige uma certa dose de paciência para lidar com algumas mecânicas, dando a sensação de que poderia ser melhor executado.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

The Dark Eye: Chains of Satinav (PS4)

6

Nota

6.0/10

Prós

  • Cenários parecem saídos de contos de fada.
  • Personagens carismáticos
  • Puzzles lógicos e variados
  • Narrativa interessante e imersiva
  • Um bom ponto de partida para o universo da franquia

Contras

  • Os objetivos podem ser um tanto confusos.
  • A narrativa demora a engrenar
  • Interação com o inventário pode ser um pesadelo