Jogar The Excavation of Hob’s Barrow é como entrar numa máquina do tempo, pois não é sempre que vemos um título de aventura ao quase esquecido modelo de apontar e clicar sendo lançado. O gênero, que foi popular na década de 90 e acabou perdendo importância nos anos seguintes, se transformou em um nicho, que vem sendo explorado com maestria pela equipe da Cloak and Dagger Games. Trabalhando em parceria com o pessoal da Wadjet Eye Games, os envolvidos fizeram um trabalho interessante no retorno à época de jogos mais simples, entregando uma boa e imersiva narrativa, mas que é prejudicada pelas limitações das tecnologias que eram usadas há trinta anos.
Desenvolvimento: Cloak and Dagger Games
Distribuição: Wadjet Eye Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Apontar e Clicar
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 6 horas (campanha)/8 horas (100%)
Algo de errado não está certo
Situado em uma região rural da Inglaterra durante a era vitoriana, a história coloca o jogador na pele de Thomasina Bateman, uma escritora e escavadora que, enquanto escreve seu próximo livro, viaja pelo país em busca de relíquias em montanhas e morros. Depois de receber uma carta, a jovem foi parar no vilarejo de Derbyshire, em busca de um famoso monte na região. No entanto, enquanto ela passa a ser mal assombrada, acaba descobrindo que nenhum dos habitantes da vila ouviu falar de tal área. O objetivo do jogo é descobrir o mistério por trás do local, precisando conversar com toda a população e resolver quebra-cabeças para conseguir solucionar esse enigma.
A jogabilidade apresentada é descomplicada e compreensiva, sendo necessário apenas apontar e clicar nos personagens e itens presentes no cenário. O título não faz questão de guiar o jogador e, por conta disso, é preciso prestar atenção nos detalhes, durante todos os momentos, para conseguir prosseguir na campanha. Visando facilitar a experiência, os responsáveis optaram por implementar uma excelente mecânica anti-frustração, que indica todas as possibilidades de interação ao segurar a tecla espaço. Existe também um sistema de viagem rápida, que permite a exploração tranquila dos locais do jogo.
Simulador de miopia
Unindo câmeras em ângulos fixos, belíssimos fundos, e uma incrível e fluída pixel art, os produtores construíram um mundo sensacional, com uma atmosfera vazia, mas desoladora. Em todos os instantes, The Excavation of Hob’s Barrow passa um temível sensação de que algo está errado, ao mesmo tempo em que tudo aparenta estar dentro de sua normalidade. A ótima trilha sonora ajuda a dar o tom para o angustiante universo do título, e a dublagem em inglês ganhou vozes que combinam com a personalidade de cada personagem.
Porém, a espetacular direção de arte é prejudicada pela baixa qualidade dos gráficos. Os visuais são renderizados em 180p, em uma tentativa de emular fielmente a estética dos clássicos do gênero que não deu certo. A imagem não possui definição alguma em telas de alta resolução. Os textos dos diálogos, que estão em inglês e sem suporte a nenhum outro idioma, não possuem uma boa legibilidade por causa dessa decisão criativa. A equipe adicionou funções de upscaling que deveriam resolver essa questão e trazer uma experiência mais agradável para quem joga através de telas modernas, mas elas não funcionam de uma maneira adequada e apenas deixam a imagem do jogo completamente embaçada.
É bom
A pequena equipe de desenvolvimento criou uma odisseia incrível. The Excavation of Hob’s Barrow dispõe de um mistério incrível e um roteiro que conta com personagens profundos, além de uma alta quantia de diálogos que garantem ações especiais e a liberação de muitos troféus distintos. A única decepção é a baixa qualidade dos gráficos, que poderia ser melhor do que é. As homenagens que foram feitas poderiam ter parado apenas nas filosofias de game design da época, sem se estender às restrições técnicas desta era.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno