Capa de The First Descendant

Review The First Descendant (PC) – Um bom shooter online

The First Descendant é um jogo de tiro em terceira pessoa inspirado em fenômenos como Tom Clancy’s The Division, Warframe e Destiny. Mesclando elementos de looter shooters com MMO, o game online da sul-coreana Nexon diverte principalmente por conta de sua boa jogabilidade, já que a história apresentada é desinteressante e a monetização é agressiva demais.

Desenvolvimento: Nexon Games 

Distribuição: Nexon

Jogadores: 1-4 (online)

Gênero: Tiro, RPG

Classificação: 12 anos 

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S

Duração: 45 horas (campanha)

Salvando um continente

Combate de The First Descendant

Com uma temática de ficção científica, The First Descendant coloca seus jogadores no papel de um Descendente, um heroi encarregado de lutar contra os Vulgus, uma espécie alienígena que está invadindo Ingris, o continente onde o game se passa. Partindo disso, é preciso manter a paz na humanidade, explorando os mapas, eliminando as ameaças e protegendo os equipamentos dos aliados, além de participar das dungeons e das eletrizantes raids contra os colossos, os chefões do jogo. Embora a história tenha várias cenas bem feitas, a trama, no geral, é desinteressante. Os adversários e as situações da narrativa são genéricos e servem, acima de tudo, apenas como uma grande desculpa para a jogatina acontecer.

A gameplay consiste em explorar os biomas e os campos de batalha do continente, sendo necessário cumprir todas as missões de cada área para avançar na campanha. As atividades são sempre repetitivas, mas a jogabilidade espetacular impede que The First Descendant se torne algo maçante com o tempo. Existem, no total, 15 personagens distintos, e além de suas habilidades especiais, cada um tem as suas missões únicas, então há muito o que fazer no universo do shooter. As armas normais, como metralhadoras, pistolas e espingardas, podem ser equipadas por todos os herois, sem limitações, e eles sempre podem usar um gancho, que garante uma movimentação ágil nos mapas.

Carrasco em The First Descendant

Um dos melhores aspectos do jogo é a progressão durante as missões. Como The First Descendant é um MMO, todos que estiverem online na mesma missão colaboram e participam automaticamente no progresso de até outros três jogadores de forma simultânea. Isso é ótimo para a gameplay funcionar para quem joga sozinho, pois muitas tarefas precisam da ajuda de outras pessoas para serem concluídas, seja por terem uma dificuldade elevada ou uma quantidade excessiva de inimigos – resultando em uma jogabilidade surpreendentemente justa para um jogo focado na cooperação como esse.

Grind puro

Tela do personagem em The First Descendant

Mesmo sendo um jogo gratuito, The First Descendant possui padrões de produção típicos dos grandes títulos AAA, com gráficos sensacionais, em um estilo que combina uma fantasia futurista com um fotorrealismo que se encaixa perfeitamente com a proposta do shooter. Os desenvolvedores incluíram o suporte ao crossplay, unificando toda a base de jogadores entre PC, Xbox e PlayStation em apenas um único mundo.

Para monetizar toda essa gente, a Nexon decidiu usar uma combinação de elementos bastante conhecida entre os fãs de games multiplayer de empresas sul-coreanas: o grind, upgrades pagos e aceleradores de progresso, além de passes com skins e itens especiais. É preciso passar horas realizando missões para tentar dropar matérias-primas suficientes para desbloquear novos Descendentes ou aprimorar armas – e é necessário aguardar um prazo de liberação para cada item novo, igual aos jogos de celular. Mas, claro, dá para abrir a carteira e pagar para acelerar tudo, seja comprando os kits de herois diretamente ou adquirindo boosters temporais. 

Gameplay de The First Descendant

Entretanto, boa parte dessa monetização perde um pouco de seu propósito quando se pensa que a ideia não só de The First Descendant, mas de todo esse gênero dos looter shooters, é justamente o grind. Metade da diversão do game está em conseguir equipamentos superiores para se tornar um personagem mais poderoso, então liberar tudo instantaneamente e sem nenhum senso de conquista simplesmente não é tão legal assim. Acelerar o progresso é o mesmo que pagar para não jogar o game, cujo design de missões repetitivo complementa bem esse aspecto de customização. Há uma infinidade de mecânicas dedicadas a subir todos os atributos do personagem, permitindo conseguir a melhor build possível manipulando os mínimos detalhes.

Funciona bem

Tiroteio em The First Descendant

Produzido através da Unreal Engine, The First Descendant tem uma versão para computadores com um desempenho agradável, ainda mais porque o game tem suporte à tecnologia de geração de quadros da AMD. Essa função é útil ao longo da jogatina, dado que há algumas quedas bruscas e inevitáveis na taxa de frames quando a ação se intensifica, podendo amenizar esse problema. Porém, a implementação feita pelos desenvolvedores não é perfeita, porque a interface roda na taxa de quadros original enquanto o restante do jogo fica extremamente fluído, criando uma experiência inconsistente nesse departamento.

Como há muitas mecânicas diferentes que precisam ser acionadas no decorrer da gameplay, juntamente com muitos itens a serem coletados no mapa, há muito na tela o tempo todo. Por conta disso, a HUD é excessivamente poluída, e ela não funciona direito para quem estiver jogando com um controle. The First Descendant foi claramente projetado com um mouse e teclado em mente, pois a navegação dos menus e o uso de habilidades são péssimos nos joysticks, sem ergonomia alguma. No entanto, a jogatina funciona corretamente no mouse e teclado, com uma mira responsiva que gera uma gameplay divertida – mesmo que parecida ao extremo com suas referências.

Bom para passar um tempo

The First Descendant não é o shooter mais único e diferenciado já feito, mas não deixa de ser um game bem polido, que ainda receberá várias novidades ao longo do tempo, num esquema de temporadas. A jogabilidade é excelente, e a variedade de conteúdo disponível já no lançamento em adição a diversidade de personagens faz com o que o shooter seja uma experiência dinâmica, apesar de todos os seus problemas.

Revisão: Ailton Bueno

The First Descendant

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Boa jogabilidade
  • Muito conteúdo

Contras

  • Monetização agressiva
  • Interface poluída