Under the Jolly Roger Capa

Review Under the Jolly Roger (Switch) – Navegando em águas monótonas

Jogos da temática pirata sempre me chamaram muito a atenção, principalmente por eu gostar de franquias como Piratas do Caribe, a qual infelizmente nunca recebeu um jogo digno – exceto os da LEGO. Também tenho uma paixão especial por Assassin’s Creed 4: Black Flag, que acabou ganhando o primeiro lugar no meu pódio de games da série AC da Ubisoft.

Depois desse lero-lero, Under The Jolly Roger é um jogo que promete ser um RPG pirata, e foi originalmente lançado em 2016 para PS4 e Xbox One com o nome de Tempest. Portanto, o game que recebemos no console da Nintendo na verdade se trata de um port. Bom, isso não é um problema, mas afinal será que valeu a pena o trabalho de trazer ao Switch este jogo?

Desenvolvimento: Lion’s Shade
Distribuição: HeroCraft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação e RPG
Classificação Indicativa: 10 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

Gerenciamento

Cuidado com o que você vê por aí

Começando pelos trailers, o que realmente me chamou a atenção foram os momentos de suposta exploração na ilhas. Comentários no vídeo também mencionaram que estavam ansiosos por esse tipo de gameplay, porém a distribuidora apenas dizia que em breve sairiam mais vídeos desta jogabilidade. O canal da Herocraft possui (até o momento desta publicação), apenas um conteúdo mostrando cenas de batalhas em alto mar e algumas lutas de espada contra piratas e esqueletos vivos. Realmente parecia um jogo incrível… até eu colocar minhas mãos nele.

Under The Jolly Roger na verdade é um jogo com bastante foco em gerenciamento. Sabe quando você se sente enganado? Sua maior inspiração para o produto final parece ter sido Sid Meier’s Pirates!, porém nunca tive a chance de jogar de fato este título de Nintendo Wii então não consigo opinar com precisão.

Em Under The Jolly Roger você inicia sua jornada marítima num local chamado Academy, onde as primeiras missões são dadas e alguns tutoriais sobre como navegar, batalhar e usar o vento a seu favor são ensinados. Até aí tudo bem. Porém, o jogo é basicamente isso: texto e navegação. Alguns elementos deste gerenciamento são até bem interessantes, não vou negar.

Tripulação

Podemos alocar os tripulantes e membros especiais – todos sem um pingo de personalidade ou carisma – de nosso navio em vários locais dele, como deck, mastro, no interior junto aos canhões, etc. Quando o navio para em alguma cidade, é possível visitar a taberna a fim de recrutar mais pessoas para nossa embarcação, como também comprar itens e estocar em nossa Warehouse. Além disso, podemos checar os atributos atuais do nosso capitão do navio, praticamente o personagem 3D que representa você. Bom, tirando este último elemento em relação ao capitão, todo o restante do gerenciamento é representado em 2D.

Não fisgou

O jogo é malfeito? Jamais. Porém, diria que não faz o tipo de imersão com o qual me identifico e gosto. Sinceramente, Under The Jolly Roger aparenta muito, na minha opinião, ser um jogo mobile de qualidade bastante duvidosa, exceto pelas batalhas de navio em alto mar. Já nestes momentos, o jogo apresenta inspirações descaradas em Assassin’s Creed 4: Black Flag misturado com o Sid Meier’s Pirates!, e não adianta você me dizer o contrário.

As batalhas funcionam exatamente como se estes dois jogos tivessem gerado um filho, exigindo a aproximação do seu navio, ajuste do ângulo de tiro dos canhões e o disparo contra seu oponente, a diferença é que aqui é apresentada uma porcentagem simbolizando a chance de acerto dos tiros e visão similar ao game da Ubisoft. Fora isso, é possível também escolher a munição para atacar o outro navio. Uma vez enfraquecido, você pode navegar até próximo à uma zona vermelha do navio oponente e invadir.

Então finalmente temos uma jogabilidade de ação, mas nem tanto assim. Os momentos de batalhas em terceira pessoa com seu personagem são rasos ao extremo, com opções de movimentação, defesa e ataque. Simples assim. Caso seu bando vença, é possível escolher entre três opções, sendo elas: destruir o navio para reparar os danos do seu, pegar os recursos do oponente e levar sua tripulação ao porto mais próximo ou recrutar todos os reféns para sua tripulação. Onde será que já vi isso?

Fora a invasão dos navios, também temos momentos de invasão em fortes e derivados representados em texturas de qualidade questionável e sem muitas novidades. Adicionalmente, podemos levantar a bandeira pirata ou de corsário, representando qual facção seguiremos, e mesmo assim podemos atacar qualquer navio no mapa do jogo.

Gerenciamento, gerenciamento e gerenciamento

Enfim, a jogabilidade que aparentava ser a mais interessante pelos trailers, infelizmente, acabou sendo a mais básica de todas. Portanto, se você ficou interessado neste título por causa destas cenas assim como eu, desista agora mesmo. As missões normalmente são sobre navegar com seu navio aparentemente fantasma (sarcasmo, porque ninguém é visualizado nele) no mapa mundo apenas selecionando onde será seu destino de uma forma bastante sem graça, descobrir novos locais navegando em alto mar entre passagens de um mapa para outro, etc.

Combate em terceira pessoa

As tarefas que as missões pedem também são bastante simples, apresentando um texto, um objetivo monótono como “navegue até X local e finalize a missão”, encontre fulano em um certo porto, etc. Tudo isso é feito da forma menos emocionante possível. Não há piratas cantando canções como em AC4, a sensação do vento soprando, nem nada do tipo.

Nem tudo é perdido, mas quase nada salva

Bom, se tem algo que Under The Jolly Roger é digno de elogio, com certeza são seus gráficos e trilha sonora. Os visuais são lindos, muito mais para um console de hardware considerado fraco como o Nintendo Switch. As músicas escolhidas para o jogo são incríveis e exalam aventura, além de trazer uma imersão importante e necessária para títulos deste gênero.

Gráficos belos

Porém, a jogabilidade deixa muito a desejar e os trailers mentem. Se você não é do tipo que gosta de games de gerenciamento, mais uma vez, pode esquecer. Under The Jolly Roger vai te fazer ler bastante, realizar missões maçantes e ir de um ponto a outro o tempo todo. Momentos de ação? São poucos, e nem são tão bons assim. Este jogo não é um RPG pirata, muito menos um simulador. Parece muito mais um jogo de navegador (não é trocadilho) do que qualquer outra coisa. Dizem que Sid Meier’s Pirates! é algo bem melhor que este aqui, então sugiro que vá atrás dele.

Aliás, informação interessante: a Herocraft possui um jogo idêntico a este em sua divisão mobile, chamado Pirates Flag: Caribbean Action RPG. Como é de graça, recomendo testar para confirmar se vale a pena ou não – mas se prepare para as compras internas.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Under the Jolly Roger

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Gráficos acima da média
  • Momentos de ação
  • Conteúdo extenso
  • Tem piratas

Contras

  • O trailer engana excessivamente
  • Missões monótonas
  • Batalhas maçantes
  • Gerenciamento lento
  • Sem imersão