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Review UnMetal (Switch) – Paródia é a melhor forma de lisonjear uma obra

Como um fã de Metal Gear, UnMetal entrou em meu radar desde que o vi pela primeira vez. Lembrando bastante as primeiras aventuras de Solid Snake e possuindo muito bom humor, o game me conquistou bastante logo nos primeiros minutos de jogatina. Em uma era em que a Konami “largou a bola”, é bom saber que existem desenvolvedores que oferecem uma experiência similar à obra de Hideo Kojima.

Desenvolvimento: UnEpic Fran

Distribuição: Versus Evil

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura

Classificação: 14 anos

Português: Legendas e interface

Plataforma: Switch, PC, Xbox One, PS4, Xbox Series X/S e PS5

Duração: 8 horas (campanha)/13.5 horas (100%)

Metal….Gear? Não, mas é parecido

UnMetal é uma paródia de Metal Gear e filmes de ação dos anos 90

Aqueles que nos acompanham e viveram os anos 90 e início dos anos 2000 devem se lembrar de uma certa tendência do cinema, em que filmes de sucesso rendiam paródias de si mesmos. Se Metal Gear sempre foi considerado por seus fãs, e seu criador, como um filme de Hollywood, UnMetal pode ser considerado sua paródia.

UnMetal é totalmente inspirado nos dois primeiros Metal Gear, lançados para o computador MSX. Com gráficos em 2D e visão de topo, todo o game passa uma sensação de ter sido lançado entre os anos 80 e 90. Assim, sua jogabilidade é simples, e o objetivo principal de UnMetal é a diversão descontraída.

A narrativa segue Jessie Fox, um homem que foi preso por um crime que ele não cometeu. Após escapar de seu aprisionamento, Jessie acaba sendo capturado por soldados americanos e conta aos seus novos captores sobre sua história. Assim, todo o enredo da aventura é basicamente Fox relembrando como foram os eventos envolvendo sua fuga inicial.

Jessie Fox conta as coisas de uma forma um pouco exagerada

Obviamente, o protagonista conta uma história que está em constante evolução e essa é a deixa para a parte cômica de UnMetal brilhar. A forma como Jessie conta os eventos acaba sendo influenciado principalmente pelas ações realizadas dentro do game. Enquanto algumas coisas normais não são questionadas, realizar certas ações repentinamente, como socar caixas ou paredes sem parar, resultam em reações do interrogador sobre por qual razão Fox fez aquilo, o que serve como uma boa forma de mostrar o quão doido videogames podem ser vistos com um olhar crítico de realidade.

Ao longo da aventura também é possível alterar certas partes do enredo. Fox oferece a opção de modificar um evento ao tentar se lembrar de como ele ocorreu. A melhor parte é que o jogo às vezes “sacaneia”, oferecendo uma opção que seria mais fácil, mas que acaba sendo ainda mais desafiador.

Fox, como narrador, é perfeito para a experiência e o humor que UnMetal busca apresentar. Imitando o típico personagem de filmes de ação dos anos 80 e o próprio Solid Snake, Jessie apresenta todos os fatos de forma bastante séria, até mesmo os mais estranhos possíveis. Os momentos de conversa entre ele e seu interrogador são alguns dos mais engraçados da aventura, pois, enquanto o homem questiona as coisas loucas que está ouvindo, o protagonista continua como se aquilo fosse apenas mais um dia comum.

Fox também referencia outras mídias da cultura pop

Sua personalidade também é perfeita para o tipo de narrativa que está sendo mostrada. O protagonista é debochado e não tem medo do perigo, mas, diferente de Snake, ele é um completo sem noção das coisas e até um pouco pervertido. O ponto mais legal disso é que rende momentos bem engraçados como Fox nomeando todos os inimigos de Mike, ou como ele não mataria ninguém por causa de uma “doutora gostosona”.

Fox também possui um grupo de personagens que o ajudam durante sua jornada para escapar da base inimiga. Além da doutora, o protagonista também conta recebe conselhos e dicas do coronel Haris, capturado antes de Fox e o repórter Roberto, preso por tirar fotos dos inimigos.

Por fim, assim como em Metal Gear, a narrativa de UnMetal tem suas surpresas e reviravoltas. Contudo, seguindo sua ideia de paródia, os momentos inesperados são concedidos para oferecer risadas aos jogadores. Um dos melhores, em minha opinião, acontece logo no início da aventura, quando Fox menciona que ele não confia no seu interrogador. Pensamos que ele está falando para si mesmo, quando, na verdade, é revelado que ele está contando a história do seu interrogamento para outra pessoa. Assim, Jessie Fox está contando uma história dentro de outra história.

Um prisioneiro de muitos talentos

A jogabilidade de UnMetal é bem similar à encontrada em Metal Gear

A jogabilidade UnMetal é bastante reminiscente da franquia Metal Gear Solid. Jessie Fox pode socar inimigos, em uma sequência de socos e chutes similar ao de Snake em MGS1; utilizar armas, se esconder atrás de paredes e rolar para desviar de ataques de oponentes.

De forma geral, apesar de ser bem similar à Metal Gear 2, é possível dizer que UnMetal é na verdade uma versão 2D do game de PlayStation 1. Mas nem tudo o que está aqui é cópia apenas da obra de Kojima, pois existem outros elementos que incrementam a fórmula.

Fox pode achar e utilizar diversos itens diferentes durante sua fuga

UnMetal possui um sistema de combinação de itens para poder prosseguir na aventura ou conseguir superar um obstáculo em específico. A mecânica, apesar de ser simples, é muito bem aplicada e incentiva a exploração dos estágios em busca de material para criar itens extras que possam ajudar.

Assim como em Metal Gear, o stealth é recomendado para superar os estágios do game. Fox é bem fraco e, caso os inimigos chamem reforços, o jogador ficará cercado rapidamente, sendo possível utilizar de táticas para distrair seus oponentes. Também é preciso tomar cuidado ao ser acertado por balas, pois Jessie sofrerá perda lentamente de sua vida até que seja utilizado um conjunto de primeiros-socorros.

Como um desafio extra, utilizar armas possuem seus altos e baixos aqui. Enquanto os inimigos podem ser despachados facilmente com apenas um tiro, Jessie promete que não matará ninguém em sua escapada, pois, segundo ele mesmo, ele não é um assassino. Com isso, sempre que um oponente levar um tiro, será preciso utilizar um conjunto de primeiros socorros para resgatá-los antes que eles morram. Essa mecânica acaba sendo um pouco chata às vezes, pois acaba aumentando ainda mais o tempo perdido em certas áreas ao esperar guardas abrirem uma brecha.

Alguns dos quebra-cabeças de UnMetal desafiaram o jogador

Apesar de ser um game de ação, UnMetal tem um grande foco em quebra-cabeças. Cada estágio é cheio de puzzles que precisam ser resolvidos para avançar na história, e quase todas as salas do complexo requerem um item ou exigem com que Fox complete um desafio. Alguns desses desafios são óbvios, enquanto outros requerem um pouco de pensamento mais diferenciado.

UnMetal também oferece diversas batalhas contra chefões. Enquanto alguns são bem tradicionais, existem algumas outras batalhas bem mais doidas. A que mais me surpreendeu, e fez rir, foi um duelo contra um instrutor de treinamento, em que era preciso fazê-lo chorar para, assim, poder avançar na história.

Fugindo em estilo

UnMetal possui visuais charmosos

UnMetal utiliza belos gráficos 2D para apresentar sua narrativa. Os personagens são bem desenhados e seus visuais bacanas. Fox foi inspirado no visual de Snake em Metal Gear 2, com uma roupa militar parecida e até mesmo a icônica bandana. O resto do elenco também é bem parecido com o que podemos encontrar em filmes de ação.

Os cenários misturam bons efeitos de iluminação para representar luz noturna e de fontes específicas como lâmpadas. Além disso, a variedade de cenários é boa, e temos complexos industriais, florestas, bases secretas, chão de concreto, lama e outros.

Infelizmente, muitos assets se repetem repentinamente, fazendo parecer que o jogador está explorando o mesmo lugar repentinamente. Os modelos em 2D, contudo, são bons e têm seu charme, com os chefões em especial recebendo uma boa atenção a seus detalhes. UnMetal é um jogo bonito e seus gráficos certamente chamam a atenção.

O game apresenta os combates de forma bem legal

A experiência também surpreende ao apresentar dublagem para todas as suas cutscenes. Os dubladores são muitos bons, e vale um destaque especial para o dublador de Jessie Fox, que utiliza uma voz bem grossa e seca para o personagem, buscando imitar David Hayter, a voz original de Solid Snake. A referência do design do protagonista fica ainda mais óbvia quando ele abre a boca pela primeira vez.

O game também possui uma trilha sonora que ajuda com o clima da aventura. Junto com os sons normais realizados pelo protagonista e seus inimigos, temos música de fundo e até alguns efeitos sonoros bem reconhecidos aqui. O som realizado pelos oponentes ao localizar Fox chama bastante atenção, e é bem similar ao encontrado na série de Kojima.

Uma aventura muito boa e única no Switch

UnMetal é uma experiência que tem ficado de fora dos lançamentos recentes do Switch, ou de consoles da Nintendo em geral. Com uma jogabilidade bem sólida, bom humor e apresentando uma premissa que ficou vazia após o fim da saga da Konami, UnMetal é uma pedida ideal para quem quer experimentar um jogo de ação cheio de humor.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

UnMetal

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Jogabilidade Simples
  • Bom humor
  • Narrativa não se leva tão a sério quanto em outros jogos
  • Dublagem muito boa

Contras

  • Desafio às vezes pode ser injusto
  • Alguns momentos podem acabar se arrastando demais