Withering Rooms é um RPG de terror criado pela Moonless Formless, um estúdio composto por apenas um único desenvolvedor chamado Troy West. O título está recebendo sua versão completa após um ano e meio de acesso antecipado, trazendo um survival horror de altíssima qualidade, apesar de ter algumas limitações técnicas.
Desenvolvimento: Moonless Formless
Distribuição: Perp Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, RPG
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 13 horas (campanha)
Sonhos esquisitos
Com uma estética única, mas fortemente inspirada em clássicos muito específicos da época do PS2, como Rules of Rose, Fatal Frame e Haunting Ground, Withering Rooms combina mecânicas dos RPGs e dos roguelikes com características tradicionais do terror de sobrevivência, como os mapas confusos, a exploração e os quebra-cabeças. O jogo se passa no fim do século XIX e coloca Nightingale, a protagonista, dentro de um sonho situado numa enorme mansão. É preciso descobrir a forma correta de retornar à vida real enquanto se tenta aprender mais a respeito do ocultismo que permeia o casarão.
A mansão é gerada proceduralmente e muda todas as noites, levando o jogador a um mundo dinâmico que também se altera conforme o nível de maldição da protagonista, que aumenta à medida que ela interage com os inimigos que vivem nas salas do local. O jogo não segue uma narrativa tradicional, mas a moradia é repleta de personagens intrigantes. É interessante conhecer cada um deles aos poucos e cumprir os objetivos que eles dão, os quais podem (ou não) ajudar Nightingale em sua missão.
Há uma estrutura de capítulos que retrata a progressão da protagonista em sua aventura, mas as tarefas podem ser completadas da forma que o jogador quiser e em qualquer ordem. A falta de linearidade é uma peculiaridade fundamental do survival horror, e isso é perfeitamente representado em Withering Rooms, resultando em muita liberdade para todo tipo de abordagem distinta ao longo da jogatina.
Combatendo pesadelos
Os quebra-cabeças requerem um bom raciocínio lógico, mas Withering Rooms, de maneira geral, não é um jogo difícil. Existem diferentes modos de dificuldade, além de uma quantidade abundante de itens de cura no mapa – e as soluções dos puzzles estão disponíveis no site do desenvolvedor.
Withering Rooms utiliza diversos sistemas distintos em sua jogabilidade, como o de níveis, que melhoram as capacidades da protagonista, e os atributos mágicos, que se combinam com os conceitos do título. Em muitos momentos, é necessário atingir um determinado nível de maldição para revelar novos locais da mansão e progredir nas missões, por exemplo. Além disso, é possível coletar itens e transformá-los em magias pelo sistema de crafting, o qual, por sua vez, também se conecta com o sistema de combate do RPG.
As mecânicas para derrotar as ameaças presentes na mansão são simples, porém funcionais. Nightingale pode usar facas, machados, estilingues e até armas de fogo para atacar seus adversários, ao mesmo tempo em que pode utilizar escudos para se defender e armaduras para ficar mais forte. Existem confrontos obrigatórios, mas dá para agir furtivamente ou correr da maioria dos perigos, indo sempre de acordo com a estratégia adotada pelo jogador.
Se Nightingale morrer, ela acorda novamente em um novo sonho, perdendo seus itens, mas mantendo todo o conhecimento que foi adquirido anteriormente. Os itens podem ser guardados com o uso de aneis especiais que concedem essa vantagem à protagonista e enfatizam a importância do gerenciamento de itens, um aspecto essencial do terror de sobrevivência. É vital se familiarizar com os vários menus da tela de pausa, porque a interface é um tanto quanto poluída.
Problemas técnicos existem
Desenvolvido através da Unity Engine, Withering Rooms conta com uma ambientação impressionante, toda em uma perspectiva lateral. A trilha sonora aterrorizante e os bons efeitos de vibração no controle complementam a experiência, que oferece uma ótima apresentação. Além da câmera 2.5D, o título tem uma opção de câmera em ângulos fixos que pode ser desbloqueada ao finalizar a campanha – sendo essa uma funcionalidade que poderia estar presente desde o princípio.
No entanto, nem tudo é perfeito. A performance é instável, com quedas perceptíveis na taxa de quadros em áreas específicas, e algumas animações são péssimas, dado que a protagonista simplesmente desliza pelos cenários. Certas fontes da interface possuem uma legibilidade ruim, e não há uma tradução para o português e nem uma dublagem para os diálogos. Contudo, esses últimos dois pontos são compreensíveis, já que tratamos de um título projetado por somente uma pessoa sob a distribuição de uma publisher pequena.
Adicionalmente, o RPG não possui uma compatibilidade satisfatória com controles de PlayStation, uma vez que existem bugs que fazem com que os direcionais não funcionem corretamente. O problema pode ser resolvido nas configurações técnicas, que embora não sejam tão abrangentes, cumprem seu propósito tranquilamente. Esses não são grandes problemas técnicos, mas eles chegam a afetar o potencial de um jogo que poderia ser totalmente sensacional em tudo que se propõe a fazer.
Um jogo excelente
Acima de tudo, Withering Rooms mostra o quão necessário são os criadores independentes para o terror, pois eles sempre entregam games verdadeiramente inovadores e criativos, mesmo com base em mecânicas consagradas por nomes fundamentais do gênero. O RPG é uma experiência assustadora com uma proposta bastante diferenciada, contando com uma boa gameplay e vários pontos positivos que certamente se sobressaem sobre os poucos negativos.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno