Nos anos 90, era comum ouvirmos a expressão “Xing Ling” se referindo a produtos chineses de má qualidade ou pirateados. Do mandarim, o termo Xing Ling (星零)quer dizer : “zero estrelas”. E não há forma melhor de descrever a minha jogatina com Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains. A obra é enfadonha, repetitiva e fácil demais, além de contar com uma localização em inglês terrível. Nessa análise, vamos destrinchar um pouco sobre o jogo e explicar o motivo dele não valer um minuto da sua atenção.
Desenvolvimento: eastasiasoft
Distribuição: eastasiasoft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Switch
Duração: 30 horas (campanha)
Uma jornada sem nexo, ou… Pelo menos sem boa tradução
Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains chegou ao Nintendo Switch vindo de uma licença que tem seu nicho e é levemente conhecida no ocidente por bons títulos… Na história, Leste e Oeste colidem num conto que tenta ser épico que nos leva da Arábia até o Reino Franco e a China Tang. Nessa empreitada entre nações, entramos na pele de Septem, um guerreiro franco que está atrás de artefatos que ninguém sabe exatamente o que faz e que não parece levar nada a lugar nenhum, mas tudo bem.
Junto a sua narrativa, Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains têm estilos de arquitetura, vestuário, culinária e costumes inspirados pela história e mitologia de vários lugares do mundo, e tudo isso é apresentado por meio de um RPG por turnos que conta com sprites em HD pintados à mão. Podemos derrotar o mal que se anuncia apenas ao unir os artefatos mágicos, ou seja: essa é uma proposta nada original.
Lutando por alguma coisa
O jogo é um RPG por turnos, muito semelhante a clássicos como Final Fantasy V e VI. Contudo, dada a intriga entre os sinos e os nipônicos, vou preferir chamar este título de um MRPG: um RPG mandarim, já que a sigla CRPG se refere aos jogos como Baldur’s Gate e Fallout II. Os sprites nas animações de combate não são horrorosos e existe uma certa versatilidade nas lutas, mas não nos inimigos, e as boas ideias do jogo vão pro ralo por conta de uma dificuldade quase inexistente.
O único aspecto original em Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains é seu sistema de fundir os inimigos capturados, para conseguir criar novas armas ou itens. Contudo, você não utiliza muito essa mecânica porque ela é simplesmente desnecessária, já que todos os inimigos morrem com um ou dois golpes. A única coisa que é ligeiramente original na obra é completamente inútil. Também como nos aclamados games do gênero é possível recrutar personagens para nos seguir na jornada.
Também precisamos falar sobre a tradução para o Inglês, visto que ela é inconsistente e certamente feita por IA. Os distribuidores sequer pagaram alguém para revisar essa tradução automatizada, feita com base em idiomas completamente diferentes.
Zero estrelas
Num ano de RPGs independentes como Sea Of Stars e Chained Echoes, Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains deve ser esquecido no tempo até que, ao menos, consertem a tradução do game. Para escrever essa análise, precisei usar meu mandarim mediano pra tentar entender melhor os diálogos apresentados pelo game, mas acredito que boa parte do pessoal não tenha como fazer isso. Xuan-Yuan é uma franquia que tem jogos bons disponíveis na Steam e no PS4. A recomendação é procurar por esses, pois essa empreitada no Switch deve ser evitada ao máximo.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro
Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
Prós
- Artes pintadas a mão em HD
Contras
- Falta de originalidade
- Facilidade absurda
- História tosca e confusa
- Tradução horrorosa
- Imersão inexistente
