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Revisitando Sonic the Hedgehog 2 – Voando baixo no Mega Drive 

Vamos voltar no tempo? No início da década de 90, os jogos eletrônicos eram pensados (ao menos nos consoles), em boa parte, para um público mais jovem. Nessa época, SEGA e Nintendo dividiam o palco e as atenções dos consumidores. Para fortalecerem suas respectivas marcas, era muito comum a criação de mascotes. Na era do Master System, a SEGA havia associado sua imagem ao “porradeiro” Alex Kidd. Mas, para o seu novo console, ela precisava de um novo personagem. 

O NES e o SNES tinham um apelo muito maior entre as crianças. Tendo isso em vista, a SEGA pensou em dialogar com um público ligeiramente mais velho: os adolescentes. O novo mascote deveria ser capaz de sintetizar a intensidade dos jovens dessa idade e ainda por cima demonstrar a velocidade e qualidade do seu hardware. Foi se debruçando nessa proposta que vimos nascer o ouriço azul Sonic, em 1991. Tendo em vista o sucesso do primeiro jogo, no final daquele ano uma continuação começou a ser produzida. Em novembro de 1992, Sonic The Hedgehog 2 chegou simultaneamente para Master System e Mega Drive.

Desenvolvimento: Sonic Team

Distribuição: SEGA

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Aventura, plataforma, Ação

Classificação: Livre

Português: Não

Plataforma: Mega Drive

Duração: 2.5 horas (completo)/3 horas (100%)

Uma nova aventura começou

Derrote o malvado Dr. Eggman.

Como boa parte dos clássicos jogos de plataforma 2D dos anos 80 e 90, a história não era muito o forte de Sonic the Hedgehog 2. Ainda sim, a lore de Sonic podia ser facilmente compreendida através do visual e dos belos cenários criados por Hirokazu Yasuhara. Nele é possível identificar questões relacionadas à preservação da vida e do meio ambiente, à medida que Sonic buscava impedir os planos malignos do Dr. Eggman Robotnik que estava transformando seus amigos animais em seres robóticos. Essa premissa é muito bem apresentada por todo o jogo. Ao derrotar seus inimigos, Sonic não os mata, mas sim os liberta de sua prisão mecânica. 

Dirigido por Masaharu Yoshii e produzido por Shinobu Toyoda, Sonic the Hedgehog foi muito elogiado pela imprensa na época e vendeu mais de 6 milhões de cópias, sendo o segundo título mais vendido da SEGA (só perdendo para a primeira aventura do ouriço). A edição da Ação Games, de dezembro de 1992, de forma bem entusiasmada a acalorada chamou o título de “fantástico, detonante, animal” (imprensa noventista, meus caros), atentando para os belos gráficos, músicas fortes e variadas e desafios crescentes, em suas mais de vinte fases. 

Expandindo a série

A continuação buscou se aproveitar de tudo que deu certo no primeiro. O game, na verdade, expandiu muitos dos conceitos apresentados no título de 91, além de trazer um novo personagem: a raposinha laranja Tails. A adição de um coadjuvante aprofundou a narrativa, deu ainda mais personalidade ao herói e atenuou a dificuldade elevada vista anteriormente. E isso se deu porque graças à possibilidade de um segundo jogador controlar Tails – que não possuía um contador de vida – ver a tela de game over ficou um pouco menos frequente. Sonic the Hedgehog  trazia também um inédito modo competitivo multiplayer para a franquia, com tela dividida, aumentando ainda mais o fator replay. No menu de opções, é bom esclarecer, podemos optar por jogar com Sonic tendo Tails como companhia; com Sonic sozinho; ou apenas com Tails.

As fases estão maiores e mais diversificadas (florestas, cassinos, oleodutos, fábricas), as melodias compostas por Masato Nakamura mantiveram a qualidade e impactam logo no início da aventura. A música tema da Emerald Hill Zone, por exemplo, é tão icônica quanto a popular melodia de Green Hill Zone. Sonic 2 trouxe também uma nova fase bônus, ao passar pelos postes de checkpoint carregando cinquenta anéis. Nela corremos num tipo de túnel, que simula um ambiente tridimensional, em busca das Esmeraldas do Chaos. A fase bônus é dividida em três partes e em cada uma um número específico de anéis são exigidos para continuarmos até a recompensa final. 

Juntando todas as Esmeraldas, um novo poder é liberado para Sonic ao coletarmos cinquenta anéis e pularmos. Nesse momento, nosso herói fica com um aspecto dourado, mais rápido e invencível. É o agora popular Super Sayajin, digo, Super Sonic. Nessa forma superior, os anéis coletados funcionavam como um cronômetro. Ao chegar a zero o ouriço azul volta para a sua forma original.

Gameplay cadenciado

O visual é muito bonito.

Um dos maiores feitos de Sonic 2 é a forma como a equipe de desenvolvimento conseguiu cadenciar os momentos de velocidade com os de plataforma. Em nenhum momento você sente que perdeu o controle do personagem. O level design foi muito bem construído. Não basta apenas colocar o d-pad para a direita e sair correndo loucamente pelo cenário. Você até pode fazer isso, mas perderá boa parte da beleza, diversão do jogo e algumas vidas pelo caminho. Apesar da linearidade das fases, a progressão – como poucos jogos de plataforma da época – é livre, sem bloqueio de tela conforme se avança. Isso quer dizer que você pode ir e voltar e explorar as fases sem maiores problemas. 

Sonic está mais rápido do que nunca e na nova aventura conta com um novo movimento: o Spin Dash carregado. O movimento se aproveita dos diversos loopings presentes nas mais diversas fases e acrescenta uma nova possibilidade de ataque, antes restrita apenas ao pulo ou ao ataque rasteiro simples. Sempre começamos o jogo com três vidas. Coletar cem moedas confere a Sonic uma vida extra. Seja um campo de força ou um sapatinho de aumento de velocidade, ao longo da jogatina power ups em forma de monitores também dão as caras e nos ajudam na luta contra Eggman. 

As fases possuem sempre duas partes e ao final da segunda enfrentamos Eggman em alguma de suas construções malignas. O esquema vai se repetindo até o final do jogo. A fase final, no entanto, muda ligeiramente essa dinâmica. A fase Sky Chase Zone, em que Tails pilota um avião com Sonic em cima e que antecede a batalha final, é particularmente incrível.

Por se tratar de um jogo curto e feito para se fechar em poucas horas com foco na pontuação acumulada, a repetição e a memorização dos perigos é essencial para a vitória. Perdendo suas vidas é game over! Volte para o início e comece tudo novamente. Para quem gosta de facilidades, o título possui um truque – botando para tocar algumas melodias específicas na soundtrack do menu de opções – que permite ao jogador manipular todo o código do jogo, desde inimigos, itens e por aí vai.

Um título atemporal

Aqui no Brasil, sob a batuta da Tec Toy, o Mega Drive 3 vinha acompanhado do cartucho de Sonic 2 em sua caixa. Isso ajudou a popularizar ainda mais o título junto aos donos do console de 16-bits da SEGA, dentre os quais eu me incluo. A continuação da aventura do ouriço azul ampliou boa parte do que foi apresentado anteriormente e já nasceu na época como um clássico. Isso graças ao belo trabalho no design, trilha sonora e precisão de seus controles. É seguro dizer que Sonic The Hedgehog 2 envelheceu super bem. Presente hoje em dia em todas as plataformas possíveis, é um título atemporal que quase trinta anos depois diverte e te prende do início ao fim.

Revisão: Jason Ming Hong