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Review Ghost of Tsushima Director’s Cut (PS5) – Contos na Ilha Iki

Lançado em 2020 e aclamado por público e crítica, Ghost of Tsushima chega em 2021 com uma nova versão intitulada Director’s Cut, com novos conteúdos e ajustes pontuais baseados no feedback do público em relação à versão original.

Desenvolvimento: Sucker Punch
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local) e 2-4 (online)
Gênero: Aventura, RPG
Classificação: 18 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS4, PS5
Duração: 35 horas (campanha)

Uma breve apresentação

Jin olhando o horizonte

Ghost of Tsushima, em seu jogo base, oferece uma jornada pessoal emotiva e de evolução para o protagonista, Jin Sakai, cuja missão é salvar o povo da ilha de Tsushima do exército mongol liderado pelo temido Khotun Khan. Para tal, o samurai deve recrutar aliados, forjar alianças e fortalecer suas técnicas e seu espírito para vencer essa batalha e impedir que os mongóis tomei Tsushima e partam para a ilha principal, onde reside o Xogum, líder do Japão.

Os combates são viscerais, com combates corpo a corpo, furtivos e à distância, disponíveis ao jogador. Há diversas técnicas para serem aprendidas conforme a lenda de Jin se fortalece e pontos de habilidade vão sendo adquiridos. A variedade dos combates se encontra nas quatro posturas samurais de Jin, efetivas contra tipos de inimigos diferentes, como lanceiros, espadachins e brutamontes. A dinâmica dos conflitos se dá por meio dessas características, que exigem adaptação rápida do jogador para que possa sobreviver aos embates.

Concluir missões principais, secundárias e atividades no mundo garantem novas armaduras para Sakai. Essas armaduras, em geral, são mais do que itens cosméticos, pois oferecem bônus passivos que fortalecem características específicas e potencializam o estilo de jogo preferido de quem joga. Todas elas podem ser melhoradas nas Armeiras que estão em locais seguros de Tsushima, desde que se tenha os materiais necessários para realizar tais melhorias. Esses materiais são coletados pelo mundo, e vão desde madeiras de teixo e bambu até ferro, ouro, linho, couro e seda. A Katana de Jin e seu arco também podem ser melhorados da mesma forma, aumentando assim suas capacidades de dano.

Os contos da Ilha Iki

Jin nos campos floridos

Ghost of Tsushima Director’s Cut traz como principal atrativo uma nova expansão, chamada Ilha Iki. Aqui, Jin Sakai deve voltar a um campo de batalha antigo e encarar traumas de seu passado para impedir que a ameaça da Tribo da Águia chegue ao seu lar, Tsushima.

A aventura de Jin na Ilha Iki é bastante pessoal, e um novo passo na evolução do protagonista como personagem. Ao encarar seus traumas, o herói de Tsushima vê-se entre a lâmina de seu clã e aqueles que foram mortos por ela em batalhas travadas anos atrás. A relação entre Jin, um Sakai, e os corsários habitantes da ilha é delicada e bem trabalhada, embora a condução por meio de elementos “místicos” seja deveras incômoda em certos momentos, mas plausível para a narrativa construída.

A nova facção inimiga é a Tribo da Águia, que é guiada por uma sacerdotisa de codinome Águia. A maior característica da vilã é ser misteriosa, mas para por aqui. Mesmo que ela esteja presente por toda jornada de Jin em Iki, é fácil entender que ela não é a principal antagonista ao samurai de Tsushima.

A jornada de Jin se torna ainda mais íntima por meio de algumas das novas atividades secundárias presente em Iki. Reviver memórias do passado o conecta com seu clã, permitindo que reflita sobre suas ações e as consequências trazidas pelas escolhas efetuadas.

Outro destaque está nos Santuários de Animais. Neles, o protagonista deve tocar sua flauta para se aproximar dos animais do santuário. São momentos reflexivos em que o Jin abre seu coração e a mente a respeito de sua mãe. São momentos singelos, calmos e poéticos como os poemas haiku e as reflexões nas Fontes Termais, apresentados em Tsushima, no jogo base, e presentes em Iki. É interessante ter momentos de paz e tranquilidade contrastando com combates brutais e sanguinolentos. É a dualidade de um samurai representada de forma brilhante; seu yin e yang, implícitos.

O cântico dos xamãs

Jin contra inimigo espadachim

A nova expansão traz não apenas uma nova história, mas também novos inimigos para Jin enfrentar. O principal deles é a classe xamã, que realiza cânticos em batalha que potencializam ataque, defesa e ímpeto dos outros inimigos em batalha. Sozinhos, os xamãs não impõem dificuldade, mas cercados por outros guerreiros a coisa se complica. Há também um brutamontes que carrega uma Naguinata de duas pontas, cujos ataques são imparáveis quando iniciados, bem como um guerreiro capaz de alternar entre lança, espada e escudo e espadas duplas.

Cada inimigo novo oferece um desafio único e dão um ar de novidade aos combates, bem como acentuam a dificuldade dos conflitos, especialmente o guerreiro de múltiplas armas, que exige do jogador constante troca entre posturas de combate a fim de ter maior eficiência para quebrar suas defesas e causar dano efetivo.

Embora a expansão não traga novas habilidades de espadachim para Sakai, o cavalo é beneficiado com um novo ataque de investida, que gasta a barra de determinação quando ativado. Esse ataque é capaz de derrubar inimigos e causá-los dano massivo, sendo útil especialmente contra grupos.

Para Jin, especificamente, novas armaduras e itens cosméticos para sua espada e seu arco estão presentes, bem como novos amuletos que concedem bônus passivos. O mais interessante é que os novos equipamentos disponibilizados com a expansão abordam ainda mais o aspecto de RPG de Ghost of Tsushima, trazendo não apenas benefícios para o jogador, mas também efeitos negativos. Há, portanto, um maior foco estratégico na criação de conjuntos de equipamentos, visto que tais efeitos podem estar presentes tanto em armaduras quanto nos amuletos.

Refinando o que já era excelente

Boas novidades técnicas agraciam Ghost of Tsushima Director’s Cut. Há uma nova opção de controles alternativa, que altera os botões de ataque para os botões R1 e R2 (sendo quadrado e triângulo originalmente). Essa alteração facilita muito dentro das batalhas, já que agora é possível usar o analógico direito e controlar a câmera livremente enquanto se combate os inimigos. Há também uma função de trava de mira, que pode ser alterada para trava única ou trava dinâmica, que seleciona um novo alvo automaticamente assim que o inimigo atual é derrotado.

No que concerne a sincronia labial com o áudio japonês, as cenas de corte agora são renderizadas em tempo real (ao menos no PS5), o que permite que a sincronia labial seja de acordo com o idioma japonês. É preciso dizer que a falta de sincronia com a dublagem japonesa foi um ponto de crítica recorrente no lançamento original.

No PlayStation 5, especificamente, o poderio do SSD interno do console faz com que os tempos de carregamento fiquem em torno de 1 a 3 segundos. Para um jogo de mundo aberto, é algo surpreendente. À essa altura do campeonato, com pelo menos nove meses desde o lançamento do novo console, já é de conhecimento do público como os tempos de carregamento podem ser reduzidos (vide exemplos como Demon’s Souls e Spider-Man Miles Morales), mas, ainda assim, é espantoso como essa característica é um benefício para o jogador.

O visual de Ghost of Tsushima sempre foi motivo de orgulho para quem joga. Paisagens incríveis, de campos floridos a florestas de bambus, fontes termais, vilas camponesas e pântanos selvagens; a beleza entregue por meio de riqueza de detalhes, cenários únicos e cores vibrantes é um marco do título. E na Ilha Iki não é diferente, pois os cenários variam ainda mais. A ambientação mistura um ar costeiro com uma ilha cuja natureza ainda predomina mesmo próxima às vilas, com animais de diversos tipos perambulando por Iki e convivendo de forma pacífica com seus habitantes.

Forjando lendas

Tocando flauta no Modo Lendas

Um adicional muito bacana de Ghost of Tsushima está em seu modo multijogador, chamado Lendas. Nele, um grupo de dois a quatro jogadores enfrenta hordas de guerreiros demoníacos chamados de Oni, que aterrorizam Tsushima e seus vilarejos.

O tom do modo Lendas é muito mais voltado para o misticismo e folclore japonês e, graças a isso, oferece combates contra inimigos com ataques mágicos que não caberiam no modo história principal de Ghost of Tsushima, que é focado em algo mais realista.

Há fases de história, que podem ser jogadas por até dois jogadores em uma campanha cooperativa com histórias individuais por fase. Por fim, há uma incursão dividida em três partes para até quatro jogadores. A outra modalidade disponível se chama Horda, que consiste em hordas de inimigos que tentam capturar três pontos defendidos por um grupo de até quatro jogadores. As ondas ficam progressivamente mais difíceis e, quanto mais ondas o grupo sobreviver, maiores serão suas recompensas.

Há quatro classes disponíveis: Samurai, cujas habilidades são voltadas para um combate mais direto; Caçador, com foco em combate à distância; Assassino, mestre em causar dano furtivo; e Ronin, que pode reviver aliados com sua habilidade suprema e chamar espectros de animais para auxiliar em batalha. Todas as classes possuem em comum habilidades de combate corpo a corpo, furtivas e à distância, mas se diferenciam em suas potencialidades. É interessante ter um grupo balanceado para obter sucesso na hora de encarar dificuldades mais altas.

Falando em dificuldade, esta é medida não apenas pela opção de dificuldade selecionada na hora de encontrar partidas, mas também vai de acordo com o nível de equipamento do jogador, que é medido a partir do conjunto de equipamentos que está usando. São cinco blocos separados: espada, arco, espaço de item utilitário 1 e 2 e item de bônus passivo. Cada equipamento tem um valor de poder único que, combinados, dão uma média geral de força para o personagem do jogador. Quanto maior o nível de equipamento, maiores são suas capacidades de causar e resistir dano.

Furtividade no modo cooperativo

Ao concluir partidas, pontos de experiência são concedidos e a classe utilizada sobe de nível, desbloqueando novas habilidades para serem adquiridas e permitindo um maior nível de personalização da classe. Além disso, desbloqueios cosméticos são obtidos conforme façanhas são concluídas durante a jogatina.

Lendas é um complemento muito bem-vindo a Ghost of Tsushima. É uma experiência cooperativa divertida, desafiadora e recompensadora, graças às inúmeras opções de customização cosméticas disponíveis para desbloqueio. Surpreendentemente, o sistema de combate corpo a corpo funciona muito bem em um ambiente online que, em minhas partidas, não apresentou problemas de conexão ou lag.

Especialmente nas fases de história, ver a coordenação entre jogadores é gratificante, com momentos de furtividade e combates diretos únicos em uma experiência que, ao mesmo tempo que é semelhante ao jogo original, também consegue ser única e revigorante.

A experiência definitiva

Ghost of Tsushima Director’s Cut é um título de qualidade imensurável. Seus combates são desafiadores e variados, graças ao leque de habilidades de Jin Sakai. Os ambientes são maravilhosos e ricos em detalhes, fazendo valer a pena cada segundo de exploração. As novidades de conteúdo trazidas por essa nova versão enriquecem muito o jogo, tornando-o ainda mais valioso na seleta galeria de títulos exclusivos dos consoles PlayStation.

Esta é a experiência definitiva de Ghost of Tsushima. É um prato cheio para quem quer retornar ao mundo de Jin Sakai, graças aos novos desafios e atividades extras oferecidos pela nova expansão. E é um prato ainda mais farto para quem vai vivenciar a lenda do Fantasma de Tsushima pela primeira vez.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Ghost of Tsushima Director's Cut

9.5

nota final

9.5/10

Prós

  • Muitas horas de conteúdos extras
  • Novos tipos de inimigos mantêm os combates interessantes
  • Novas localidades que reforçam a qualidade visual do jogo
  • Controles refinados

Contras

  • A antagonista da expansão Ilha Iki não chega aos pés de Khotun Khan